A Operação Penalidade Máxima, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) em fevereiro desse ano, mexeu com as estruturas do esporte brasileiro ao acusar jogadores de manipulação de ações dentro das partidas de futebol. Inicialmente apontada em jogos da Série B do Campeonato Brasileiro, a investigação atingiu estaduais e também a elite do Brasileirão.
Agora, a Câmara dos Deputados acabou de instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar.
Um dos apontados como envolvido na segunda fase da Operação é o atleta Nikolas Santos de Farias, do Novo Hamburgo, que em uma partida contra o Esportivo no Campeonato Gaúcho de 2023 cometeu um pênalti em troca de R$ 80 mil, segundo a investigação.
Nesse cenário, o Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul (TJD-RS) puniu o jogador com 720 dias (dois anos) fora dos gramados e multa de R$ 80 mil, mesmo valor que teria recebido dos criminosos. Nikolas é o primeiro atleta envolvido que teve punição esportiva.
Foram flagradas mensagens do jogador com um dos apostadores em que ele se compromete a fazer a penalidade.
“Aqui é papo de home (sic). Se eu falei que eu vou fazer, eu vou fazer, entendeu? Eu sabia que ia entrar no jogo, então não tinha erro“, escreveu Nikolas.
Nem o atleta, sua defesa ou representantes do Novo Hamburgo compareceram durante a apresentação da decisão do TJD.
Nikolas é o primeiro jogador condenado após a Operação Penalidade Máxima. Ele foi suspenso do futebol por dois anos e multado em R$ 80 mil. Por omissão, Novo Hamburgo também é responsável pela multa @EsportesGZH pic.twitter.com/KxJpdkbfR5
— Pedro Petrucci (@pedropetrucci_) May 22, 2023
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O que é a Operação Penalidade Máxima?
Iniciada a partir da denúncia do presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, que descobriu que seu jogador Romário estava envolvido em um esquema de apostas. O MPGO revelou a existência desse grupo criminoso que atua oferecendo dinheiro a jogadores de futebol para manipular ações em partidas, como cometer penalidades, sofrer cartões amarelos, dentre outros. Conseguindo, através dessas iniciativas dentro dos jogos, ganhos financeiros em casas de apostas, como Bet365 e Betano – consideradas vítimas do esquema pelo órgão.
Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o esquema era organizado em quatro núcleos: Financiadores (responsáveis pela verba nas apostas), Apostadores (responsáveis por contatar e aliciar jogadores para participação no esquema), Intermediários (com função de indicar contatos e facilitar a aproximação entre apostadores e jogadores) e Administrativo (responsável pelas transferências financeiras a integrantes da organização criminosa e de jogadores participantes).