“Oi, sumido”: Boca Juniors é campeão da Superliga Argentina 2019/2020

“Oi, sumido”.

Muito por conta dessa frase, em 9 de dezembro do ano passado, o presidente do Boca Juniors Daniel Angelici e seu grupo político que, de acordo com a maioria dos torcedores, não partilhavam dos princípios do “Xeneizismo” a ponto de pôr em xeque La Bombonera, a terra prometida daquela religião, saíram do poder após 24 anos no poder

Em seu lugar, assumiu o sumido Jorge Amor Ameal, que era presidente do Boca em 2007, ano em que o clube conquistou a Copa Libertadores pela última vez. Naquela ocasião, Juan Román Riquelme liderou de maneira sublime dentro das quatro linha a equipe comandada pelo técnico Miguel Angel Russo.

https://twitter.com/LibertadoresBR/status/1213247364527513600

Por entreveros com Angelici, desde sua saída em 2014, esteve sumido do cotidiano do clube. No entanto, no ano passado, Riquelme voltou a dar o ar da graça no bairro de La Rivera. Em ano eleitoral, Ameal juntou-se com Riquelme, um de seus vice-presidentes. Uma vez eleitos, tinham como dever imediato preencher a lacuna aberta pela saída de Gustavo Alfaro. Então, Román telefonou para Angel Russo, um sumido que queria muito ser aparecer.

“Sempre tive o sonho de voltar ao Boca. Os treinadores anteriores que ganharam a Libertadores voltaram. Havia algo dentro de mim que dizia que ia voltar. Talvez esse fosse o momento”, disse o técnico, em sua apresentação.

CARLITOS TEVEZ

A partir de então, o Triunvirato dos Sumidos passou a angariar seguidores, sobretudo dentro das quatro linhas. Durante a janela de transferências, apenas dois atletas foram contratados: o zagueiro peruano Carlos Zambrano, que estava livre no mercado, e o meia Pol Fernández, mais um sumido, visto suas origens na canteras Xeneizes.

Mas, cá entre nós, por mais “oi sumidos (as)” que possamos receber, sempre existirá aquele daquele(a) pessoa hors concours. Nesse caso, ele tem nome e sobrenomes, tanto o dos pais biológicos quanto o dos adotivos: Carlos Alberto Martínez Tevez.

 

Por toda a história que construiu no Boca Juniors, “El Apache” é um capítulo a parte. Sob a batuta de Guillermo Barros Schelotto, com quem entrou em rota de colisão, assistiu do banco de reservas do Santiago Bernabeú o River Plate vencer a Libertadores, pela qual Carlitos “trocaria todos os títulos”. Com Alfaro, mesmo tendo papel relevante na reconstrução da equipe em um primeiro momento, aos poucos os novos velhos problemas foram (re)aparecendo. Sendo assim, com mais uma queda frente ao maior rival, desta vez na semifinal da Copa, Tevez foi sumindo, sumindo, sumindo… Ao ponto de cogitar se aposentar ao final de seu contrato.

Até que Miguel Angel Russo lhe disse:

OI, SUMIDO

https://twitter.com/BocaJrsOficial/status/1236508990168870912

A partir de então, fomos brindados com o Tevez dos velhos tempos. Beirando a perfeição, marcou 6 gols em 7 partidas, período no qual o Boca venceu 6 jogos e empatou 1. Além disso, o camisa 10 balançou as redes de forma consecutiva em 4 duelos, algo que não fazia desde a época de Manchester City.

Dessa maneira, o reencontro com o bom futebol foi o seu “oi, sumido”, não à toa comemorou tão efusivamente o gol do 69º título argentino da história do Boca, seu 28º como atleta profissional, mas que, segundo o próprio, “foi igual ao primeiro”.

“Voltei a ter fome de glórias”, disse Tevez.

Ele também personificou a frase. Ora, pombas, o que foi aquele beijo na boca de Maradona se não um ensurdecedor “OI, SUMIDO!”?

Cabe a nós agora duas coisas. Primeiro, saudar o Boca Juniors, de Riquelme, Russo, Tevez e companhia, com um caloroso “oi, sumido”; segundo, questioná-lo se, após 13 anos, ele chegará na América da mesma forma.

Imagem destacada: BocaJuniors/reprodução FNV

Pedro Ferri

Pedro Ferri

Pedro Rodrigues Nigro Ferri, 19, nascido em Assis-SP. Jornalista em formação pela Faculdade da Cásper Líbero e um fiel devoto. Católico? Protestante? Não, corinthiano. Sou mais um integrante do bando de loucos e nunca me conheci sem essa doença. Frequentador de arquibancada, sou apaixonado por torcidas. Sabe aquela música do seu time? É, eu canto ela no chuveiro. Supersticioso ao extremo e disseminador da política "NÃO GRITA GOL ANTES DA BOLA ENTRAR!".