O torcedor do São Paulo que ficou mais cauteloso em relação à possibilidade de reforma e ampliação do estádio do Morumbi tem razão para a desconfiança. Nas últimas décadas, a gestão do Tricolor esboçou diversos projetos de ampliação, obras estruturais, cobertura no estádio, dentre outros, mas nenhum deles foi para frente.
O Futebol na Veia realizou uma pesquisa e listou três projetos de modernização do Morumbi que não aconteceram para relembrar a torcida tricolor.
Índice
Morumbi Século 21 (1995)
Em novembro de 1995, dois anos depois do São Paulo conquistar o bi da América e do mundo, o clube lançou uma campanha intitulada “Morumbi Século 21”, visando reformas e a construção de uma cobertura no estádio para serem entregues após a virada do milênio.
Além da cobertura, as obras previam a colocação de cadeiras no setor chamado “geral”, o rebaixamento do gramado e a construção de dois teatros (junto da estrutura do estádio) e de lojas e bares no anel inferior, como se fosse um shopping. A ação aconteceu após o estádio ser interditado no início daquele ano por problemas estruturais.
Naquele momento, o projeto contou com o apoio do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, por meio do Ministro das Comunicações, Sérgio Motta.
A iniciativa contou com o apoio de empresas privadas para a arrecadação, principalmente do Pão de Açúcar, que em seus supermercados comercializava adesivos da campanha, bola de futebol, bonés e camisa personalizadas. Também era possível adquirir um kit com todos esses itens por ligação telefônica. À época, um comercial foi exibido na televisão com o elenco são-paulino, dando destaque para o craque Muller e o goleiro Zetti, além do técnico naquele momento, Carlos Alberto Parreira.
“Vamos modernizar o estádio do tamanho do nosso amor pelo São Paulo”, afirmou Zetti, na produção. Assista ao comercial.
À Folha de São Paulo, em abril de 1997, Jaime Franco, à época diretor de Marketing do São Paulo, revelou que o projeto arrecadou R$ 8 milhões (o objetivo era R$ 15 milhões). Com essa quantia, foram feitas obras estruturais no Morumbi. O executivo ainda projetou ao jornal que a cobertura estaria pronta em 2003, fato que nunca aconteceu.
O clube tentou seguir com a campanha por meio de aluguel de camarotes por empresas privadas, mas o projeto foi deixado de lado.
Projeto para a Copa do Mundo de 2014 (2007)
Desde que o Brasil soube que receberia a Copa do Mundo de 2014, o estádio do Morumbi apareceu como o favorito para receber a abertura do principal torneio do futebol pela importância da cidade de São Paulo. A situação era mais simples do que construir uma arena e menos custosa aos cofres públicos, precisando apenas de uma reforma para modernização da casa do Tricolor.
Em 25 de maio de 2007, Juvenal Juvêncio, o presidente do São Paulo naquele momento, recebeu representantes do governo federal (à época, presidido por Luiz Inácio Lula da Silva), estadual (José Serra) e municipal (Gilberto Kassab) para apresentar o projeto “Copa do Mundo Morumbi 2014”, buscando atender as exigências da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da Fifa.
Após idas e vindas do envio do projeto, principalmente com o temor da diretoria são-paulino de um custo muito grande ao clube, a CBF decidiu tirar o Morumbi da Copa.
“Não foram entregues ao Comitê Organizador Local da Copa do Mundo 2014 (COL), por parte do Comitê da Cidade de São Paulo, as garantias financeiras referentes ao projeto do Estádio do Morumbi aprovado pelo COL/FIFA no dia 14 de maio de 2010. O Comitê da Cidade de São Paulo enviou ao COL um sexto projeto, que não será examinado. Sendo assim, fica excluído do projeto da Copa do Mundo de 2014 o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi.”, justificou, em nota, a CBF, em junho de 2010.
Especulava-se a construção de um estádio 100% público em Pirituba, zona norte da capital paulista. Porém, o Corinthians foi quem foi agraciado com um estádio, construído em Itaquera, que recebeu a abertura do mundial, além de uma das semifinais e outras partidas durante a competição.
Novo projeto de cobertura do estádio, hotel, arena multiuso e mais (2011)
Um ano e seis meses após ser recusado para a Copa do Mundo, em dezembro de 2011, o São Paulo anunciou uma parceria com a construtura Andrade Gutierrez para o projeto de modernização do Morumbi. A reforma incluía (de novo) a construção de uma cobertura no estádio, além de uma arena multiuso para shows e eventos com 25 mil lugares, um hotel com centro de convenções, um novo memorial, ampliação do estacionamento e mudança nos acessos do público.
Novamente a apresentação do projeto contou com a presença do poder público, como do prefeito Gilberto Kassab e do governador Geraldo Alckimin, ambos apoiando as obras, além de membros da gestão tricolor do então presidente Juvenal Juvêncio.
Pouco mais de dois anos depois, em janeiro de 2014, a construtura decidiu deixar o projeto por questões políticas dentro do São Paulo, onde a oposição se recusava a receber informações do projeto e ofendia a empresa, segundo nota publicada pelo clube à época. Naquele momento a gestão afirmou que procuraria uma nova construtura para tocar a obra, já em mão com os projetos de arquitetura e engenharia. Mas isso nunca aconteceu.
Vale salientar que em 2016 a Andrade Gutierrez, naquele momento a segunda maior construtora do Brasil, foi condenada por corrupção em obras públicas investigadas pela Operação Lava Jato.