Definitivamente, a Operação Penalidade Máxima está movimentado o cenário do futebol brasileiro. Entretanto, o esquema, aparentemente, envolvia jogadores que atuam também em outras ligas, como a Major League Soccer, dos Estados Unidos. A investigação, movida pelo Ministério Público de Goiás, teve novos capítulos nesta quarta-feira (10) e novos jogadores aparecem como supostos envolvidos no esquema de manipulação de resultados. Além de Eduardo Bauermann, zagueiro do Santos, e outros tantos nomes que estiveram sendo analisados nas duas fases de apuração do MP, dois nomes como passagens por Flamengo e Santos.
Tratam-se de Max Alves, meio-campista do Colorado Rapids, que passou pelo Rubro-negro, e o lateral-esquerdo Zeca, do Houston Dynamo, que passou por Santos, Vasco da Gama, Internacional e Vitória-BA. Ambos os jogadores trocaram mensagens com Bruno Lopez, apontado como chefe da organização pelo MP, e trataram sobre receber um cartão amarelo, em jogos diferentes.
Veja os diálogos vazados de Bruno López com os jogadores envolvidos na manipulação de resultados
O primeiro contato foi com Max, que após cumprir sua parte no acordo, de acordo com a conversa vazada, indicou o também brasileiro Zeca. A troca de mensagens mostra a confirmação de que o pagamento de R$ 45 mil foi feito para o meia, para levar um cartão amarelo, em um jogo ocorrido em setembro de 2022. No contato com os outros envolvidos no esquema, o chefe da organização comunica aos outros envolvidos que confirmou a negociação com Max Alves.
“Acabei de fechar esse Max, da MLS, rapaziada, ele vem mesclando titular e banco. Mais joga todo jogo. Garantiu 200% que entra e já toma”, escreveu Bruno, no 15 de setembro.
A partida foi disputada no dia 17 de setembro de 2022, e o meia recebeu um cartão amarelo menos de um minuto após ingressar no gramado. As conversas mostram o momento em que a quadrilha comemora.
“Entrou e tomou, em 30 segundos“, escreve Guilherme Alpino, no grupo de mensagens da quadrilha.
Já no dia 4 de outubro, cerca de duas semanas depois do primeiro jogo, Lopez fala sobre um adiantamento, do mesmo valor, para o jogador em um suposto novo acordo. Além dele, cita também Nino Paraíba, lateral do América-MG.
“O que a gente tem que priorizar essa semana é mais o Max e o Nino, que eles falaram que adiantando aí, entrando o dinheiro, adiantando eles, é… eles já fazem esse final de semana. O Max principalmente porque é a última rodada da MLS“, conta no grupo de mensagens.
O nome de Max está presente na planilha de pagamentos da quadrilha para jogadores, que contem outros nomes, como jogadores da Série A do Brasileirão. Ainda conforme a lista, ele recebeu R$ 35 mil em um primeiro momento, e faltariam ainda outros R$ 25 mil a serem pagos.
Já Zeca, lateral-esquerdo, foi contactado por Bruno Lopez para receber a oferta de R$ 70 mil para tomar um cartão amarelo no último jogo da temporada. O jogador responde que não irá atuar na partida, e o chefe do esquema então pede uma indicação de um companheiro de elenco para participar do esquema. Prontamente, o jogador diz: “Vou ver e te falo já”. Entretanto, a participação do jogador no esquema não tem mais comprovações.
Entenda o caso da manipulação de resultados
O Ministério Público de Goiás fez duas denúncias sobre manipulação de resultados no futebol brasileiro. A investigação abrange partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022. Ademais, alguns confrontos dos estaduais de 2023. As informações iniciais foram publicadas pela Veja. São, pelo menos, 20 duelos sendo investigadas pelo MP. Os clubes e casas de apostas são tratados como vítimas.
Bruno Lopez de Moura, apostador que foi detido na Operação Penalidade Máxima, é considerado pelo Ministério Público de Goiás como líder da quadrilha no esquema de manipulação de resultados. Outras 16 pessoas podem virar réus no caso. As manipulações investigadas envolvem cartões amarelos, vermelhos e cometer pênaltis durante o decorrer das partidas.
Na primeira fase da operação, os jogadores alvos da operação foram os zagueiros Victor Ramos, da Chapecoense, Kevin Lomónaco, do RB Bragantino, Paulo Miranda, ex-Juventude, e Eduardo Bauermann, do Santos. Além deles, os laterais-esquerdos Igor Cariús, do Sport, e Moraes, do Atlético-GO, e o meia Gabriel Tota, do Ypiranga-RS. Já no segundo momento da investigação, foram adicionados os nomes dos volantes Fernando Neto, que defende o São Bernardo-SP, Nikolas, do Novo Hamburgo-RS e o atacante Jarro Pedroso, do Inter-SM, do Rio Grande do Sul.
Por fim, o MP-GO solicitou a condenação de todos os envolvidos na manipulação. Além disso, pede o ressarcimento de R$ 2 milhões aos cofres públicos por danos morais coletivos, de acordo com a reportagem da Veja.