CBF encaminhará súmula para STJD por cânticos homofóbicos da torcida do Corinthians

A partida entre Corinthians e São Paulo, na Neo Química Arena, ficou marcada negativamente pelos cânticos homofóbicos da torcida corintiana, que forçou o árbitro Bruno Arleu de Araújo a paralisar o jogo por dois minutos no segundo tempo. Apesar da paralisação e um aviso no telão do estádio, os mais de 40 mil torcedores cantaram ainda mais alto. A partida reiniciou quando o canto trocou para outro que também fez insultos homofóbicos.

Bruno Arleu relatou na súmula da partida os gritos vindo da torcida dos donos da casa.

Informo que paralisei a partida por 2 minutos devido gritos homofóbicos da torcida: ‘Vamos Corinthians, dessas bich*s, teremos que ganhar’. Sendo informado no som e no telão para que os gritos cessassem, mesmo assim a torcida continuou gritando efusivamente, e após os gritos cessarem a partida foi reiniciada”.

Procurada pela reportagem do Futebol na Veia, a Conferação Brasileira de Futebol (CBF) informou em nota que encaminhará a súmula e também o relatório do delegado do jogo ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), e também à Comissão e à Diretoria de Conformidade e Compliance, ambos setores da própria entidade.

Ronaldo Piacente, procurador-geral do STJD, afirmou nesta segunda-feira (15) que o Corinthians será denunciado por conta da música preconceituosa.

A CBF reforçou o trabalho no combate ao preconceito, como a criação do Grupo de Trabalho de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol, mas não citou nenhuma atividade em especifíco em relação à homofobia, problema presente no futebol brasileiro.

Veja na íntegra a nota enviada pela CBF:

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) encaminhará a súmula da partida e o relatório do delegado do jogo ao STJD, à Comissão de Ética e também à Diretoria de Conformidade e Compliance da CBF, além de quaisquer outros dados colhidos sobre o assunto para as devidas providências. Inclusive na esfera pública, se for cabível.

Com relação ao trabalho que vem sendo desenvolvido pela CBF no combate à homofobia, racismo e a todo o tipo de preconceito e violência, vale destacar que este é um dos pilares da atual gestão da entidade, trazida pelo presidente Ednaldo Rodrigues. São diversas ações com foco no combate de forma veemente, que passam pela defesa de penas mais rígidas que vão desde punições financeiras e técnicas, até a denúncia de casos aos órgãos competentes. No ano passado, a CBF realizou o I Seminário de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol, dando o ponto de partida para uma série de iniciativas , entre elas a criação do Grupo de Trabalho de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol, que reúne representações de diferentes esferas, tanto da sociedade civil quanto do poder público, entidades, clubes e federações. Deste grupo sairá um documento único, com todas as demandas, necessidades e propostas para um ambiente mais inclusivo no futebol e sem violência, dentro e fora dos campos“.

Corinthians pode sofrer multas e até perder pontos

Previsto no artigo 134 do Regulamento Geral de Competições (RGC) da CBF, o Timão pode perder pontos e sofrer multa, que pode ser dobrada por reincidência, caso do Corinthians que no ano passado sofreu R$ 40 mil de penalização pela mesma atitude da torcida em jogo contra o São Paulo.

O clube pode ter advertência, multa pecuniária administrativa, em valores que podem chegar até R$ 500 mil e serem destinadas em prol de causas sociais. O valor pode ser deduzido em cotas a receber. A punição ainda pode vetar registrou ou transferências de atletas, além da penalização em pontos.

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Carlos Vinícius Amorim

Carlos Vinícius Amorim

Carlos Vinicius é nascido e criado em São Paulo e jornalista formado pela Universidade Paulista (UNIP). Na comunicação, escreveu sobre futebol nacional e internacional no Yahoo e na Premier League Brasil, além de esports no The Clutch. Como assessor de imprensa, atuou no setor público e privado.