Em quatro anos, Wellington Rato foi da Série D ao título da Copa do Brasil

Atacante passou por perrengues na carreira até chegar ao São Paulo

“Espero poder construir uma boa trajetória”. Essas foram as palavras utilizadas por Wellington Rato sobre o que esperava de sua passagem pelo São Paulo ao ser apresentado em janeiro desse ano. Passados oito meses, o torcedor são-paulino tem certeza que esse período foi mais do que bom, e o atacante tem papel essencial no que foi o título da Copa do Brasil conquistado no último domingo (24). Para quem vê o jogador, campeão e decisivo nos duelos contra Ituano e Corinthians, não imagina que há pouco mais de quatro anos, ele estava na Série D, ficou seis meses sem jogar e pensou em desistir do futebol.

O ano era 2019. Rato, disputando a Série D pelo Joinville, conviveu com atrasos no salário e teve uma lesão na coxa. Não podendo sustentar a família, mandou esposa e filho de volta ao Rio de Janeiro, seu estado natal, e morou no alojamento do clube. Naquele momento, passou pela cabeça do jogador abandonar o esporte que o levou até ali.

– Pensei em parar. O pior momento foi em 2019. Tive uma lesão na coxa e outros fatores pesaram. Estava com atraso de salário e sem moradia. Aquilo bateu um desânimo, porque tive que colocar minha esposa e meu filho de volta para o Rio de Janeiro e passei a morar no alojamento do clube, sem nada – disse Wellington Rato, em fevereiro, ao site GE.

Em junho daquele ano, o jogador saiu do Joinville e seguiu sem clube até janeiro de 2020, passando seis meses sem disputar um jogo oficial. Até que recebeu a oportunidade de defender o Ferroviário-CE, na terceira divisão e no Campeonato Cearense. Com um bom desempenho no primeiro semestre, foi negociado ao Atlético-GO, onde permaneceu até abril de 2021, antes de ser emprestado ao V-Varen Nagasaki, do Japão.

Em oito meses no futebol japonês, Wellington Rato marcou sete gols e distribuiu duas assistências em 23 partidas, mas o V-Varen não exerceu o direito de compra do atleta, retornando para o Dragão Goiano no ano seguinte, temporada essencial para sua carreira.

Foram 70 partidas em 2022 pelo Atlético, com 15 gols e sete assistências, levando o clube à semifinal da Copa Sul-Americana (sendo eliminado justamente pelo São Paulo) e às quartas de final da Copa do Brasil (dessa vez, caindo para o Corinthians). O clube goiano, porém, foi rebaixado no Brasileirão e o caminho para o Rato no time do Morumbi foi construído.

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Rato jogou contra São Paulo na semifinal da Copa Sul-Americana (Foto: Icon Sport)

Wellington Rato foi um dos mais decisivos no título do São Paulo

O camisa 27 chegou ao São Paulo com 30 anos, sendo seu primeiro desafio em um dos 12 times grandes do Brasil. Apesar da desconfiança inicial na torcida, o atacante iniciou o ano como o “homem da bola parada”, responsável por boa parte das assistências do clube no primeiro trimestre.

Mas Wellington Rato não era apenas o garçom. Seu primeiro gol na Copa do Brasil (e o primeiro do São Paulo) aconteceu em um momento chave. Ainda com Rogério Ceni, o clube do Morumbi ficou no zero com o Ituano, em casa. Na volta, já sob comando de Dorival Júnior, o atacante saiu do banco aos 17 minutos do segundo tempo para, 60 segundos depois, colocar a bola na rede e dar a classificação ao Tricolor.

Apesar de não participar diretamente na eliminatória difícil contra o Sport, foi o responsável por abrir as cobranças de pênaltis com bola na rede, pavimentando a vitória por 5 x 3 nas penalidades. Nas quartas de final, deu a assistência para Rafinha marcar o gol da vitória no Morumbi em cima do rival Palmeiras – novamente derrotado no Allianz Parque, 2 x 1.

Contra o maior rival do São Paulo, o Corinthians, Rato precisou de 13 minutos na partida de volta para igualar a vantagem corintiana da ida, ao cortar para o meio e marcar o mais lindo gol são-paulino na campanha. Ainda deu o passe que resultou no gol de Lucas Moura e garantiu a passagem à final. O atacante vingou a eliminação sofrida com o Atlético-GO um ano antes.

Na decisão, a bola parada de Wellington Rato, sempre um perigo cobrado na perna canhota, resultou no gol de Rodrigo Nestor, após o goleiro Rossi dar um soco na bola e deixar nos pés do jogador são-paulino.

Aos 31 anos, Rato – chamado assim desde que era da base do Audax porque seu irmão tinha esse apelido – entrou na história de um dos maiores clubes do Brasil, tendo uma trajetória digna de filme.

Carlos Vinícius Amorim

Carlos Vinícius Amorim

Carlos Vinicius é nascido e criado em São Paulo e jornalista formado pela Universidade Paulista (UNIP). Na comunicação, escreveu sobre futebol nacional e internacional no Yahoo e na Premier League Brasil, além de esports no The Clutch. Como assessor de imprensa, atuou no setor público e privado.