“Vai logo, macaco”: jogador relata racismo sofrido em partida da Série C

Mais um caso de racismo no futebol brasileiro. O meio-campista, Tomas Bastos, do CSA, revelou ter sido chamado de “macaco” por uma torcedora durante a partida entre a equipe alagoana e o Ypiranga, em Erechim, no último domingo (7), pela Série C do Brasileirão.

O árbitro Luiz Augusto Silveira Tisne, de Santa Catarina, relatou o ocorrido na súmula da partida e a mulher foi encaminhada para a delegacia. Ele paralisou o duelo, o delegado do jogo, Paulo Ricardo Machado Santos comunicou a polícia e a torcedora foi identificada na arquibancada.

Confira o relato do árbitro na súmula

“Aos 37 minutos do primeiro tempo, fui informado pelo atleta de nº 08, o sr. Tomas Almino Bastos da Silva, da equipe do csa, que ele havia sido chamado de macaco por uma torcedora do Ypiranga localizada na arquibancada próxima à torcida organizada. De acordo com o atleta, a torcedora proferiu a seguinte frase: “vai logo, macaco”, quando este estava buscando a bola perto da arquibancada para cobrar o escanteio. O jogo ficou paralisado por 02 minutos para identificação da torcedora pela brigada militar e pelo atleta do CSA. Foi realizado boletim de ocorrência policial, sob número 4935 / 2023 / 151306. Relato que nenhum integrante da equipe de arbitragem ouviu o insulto e que o jogo foi paralisado, em função da reclamação do atleta. Nada mais a relatar”.

Reação de Tomas Bastos

De acordo com o jogador do CSA, ele ouviu a frase “vai logo macaco” da mulher, identificada como Gabriela, no momento em que se dirigia para cobrar um escanteio. Imediatamente, Tomas Bastos contou para o juiz, que seguiu o protocolo determinado pela FIFA nesses tipos de caso: paralisar o jogo e tentar identificar o suspeito que cometeu o ato. Após a partida, o CSA repudiou o ocorrido.

Confira a nota do CSA

“O Centro Sportivo Alagoano lamenta profundamente mais um caso de racismo no futebol. Durante a partida deste último domingo, diante do Ypiranga, pela segunda rodada da Série C do Campeonato Brasileiro, o atleta Tomas Bastos foi vítima de injúria racial por parte de torcedores adversários. Repudiamos veementemente qualquer tipo de discriminação, que precisa ser combatido em qualquer situação. É inadmissível que ainda ocorram fatos desse tipo em 2023, não há espaço para racismo. 

O clube reforça que sempre luta contra o racismo, com campanhas e lançamentos de camisas. Em 2021, por exemplo, o CSA entregou uma camisa com a frase “Diga não ao racismo” para o atleta Celsinho, do Londrina, que na época também havia sofrido injúria racial. 

Reiteramos todo o nosso apoio ao atleta Tomas Bastos neste momento e informamos que um Boletim de Ocorrência (BO) foi feito logo após o fim do jogo. O Azulão repudia todo e qualquer ato de preconceito e espera que os responsáveis respondam pelos seus atos”.

Guilherme Calvano

Guilherme Calvano

Carioca, 23 anos. Cobri o Flamengo no Coluna do Fla e o Chelsea no Blues of Stamford. Repórter de futebol nacional e sul-americano no Futebol na Veia.