Você já imaginou ser fã de futebol, mudar de país, de profissão, e por um grande acaso fazer parte da preparação da seleção do seu país natal para uma Copa do Mundo histórica?
Essa história, recheada de acasos – bem-vindos, diga-se de passagem -, é da brasileira Thaís Rafaini de Oliveira, jornalista de formação que trabalha como manicure em Gold Coast, na Austrália.
No dia 13 de julho, quinta-feira, Thaís foi contatada por um dos membros do estafe da CBF no país-sede da competição. Ele contou que sua mãe e esposa já haviam feito as unhas com a brasileira, e perguntou sobre a disponibilidade trabalhar com 30 mulheres na semana seguinte.
“Ele me perguntou ‘será que você consegue fazer a unha de 15 meninas na segunda-feira (17) e 15 meninas na terça (18)?'. Eu não sabia que era da seleção brasileira, ele disse que não poderia me contar antes. Respondi que sim, independente do que fosse, para mim era uma graninha boa. Na sexta-feira de manhã, ele me ligou de novo. Disse ‘Thais, muito obrigada. Tá tudo confirmado. Só para te avisar, você vai fazer a unha de toda a seleção brasileira da equipe técnica'. Pensei: ‘Puts!' e fui organizar tudo”, contou ao Futebol na Veia.
Empolgada, ela organizou esmaltes, alicates, e todo o seu material de trabalho para atender às jogadoras da seleção. No fim das contas, atendeu mais de 30 pessoas, entre atletas e estafes.
“Quando a gente chegou, a primeira pessoa que estava nos esperando foi a Marta. Logo de cara, um baque. Eu quase não conseguia falar! O alicate tremendo na mão. Tinha que manter a calma, fingir costume. Mas não tem como fingir costume com a Marta! Ela é um ser humano incrível”, relembra ela.
Para Thais e o marido, Gustavo, o encontro com a rainha do futebol foi a realização de um sonho. Eles, que se conheceram em São Paulo, na faculdade de jornalismo, sempre quiseram trabalhar com futebol.
“Ela começou a perguntar o que eu fazia no Brasil… Quase chorei de novo. Disse pra ela que sempre achei que ia encontrá-la, mas nunca pensei que seria fazendo a unha. Tantos anos no jornalismo. Nunca pensei que encontraria a Marta fazendo a unha dela. Foi muito forte”, diz.
Torcedora e atletas têm muito em comum
Graças ao tempo de cada trabalho – nas contas de Thais, de 45 minutos a 1 hora, ela pode conhecer um pouquinho de cada uma das jogadoras da equipe de Pia, conversando sobre a vida na Austrália e futebol.
Entre as conversas, a vida de uma mulher brasileira imigrante foi um dos tópicos do bate-papo entre Thais e as atletas.
“Algumas moram na Europa, outras em Orlando. Elas falaram muito sobre o que sabem, como é a vida das pessoas que deixam o Brasil e vem pra fora para tentar uma vida melhor. Foi um momento espetacular”.
Que mulher incrível!
Se eu sonhasse com este dia ele não seria tão perfeito 💙
Vou levar esse dia para minha vida inteira 🇧🇷 @BarbaraGoleira pic.twitter.com/cR2H4LJmwd— ThaïsdeAtenas (@TatadeAtenas) July 15, 2023
Brasileiros na Austrália se organizam para torcer
Com retorno marcado para o Brasil no próximo dia 8 de agosto, quando acaba o período de intercâmbio, Thaís e Gustavo estão se organizando para mais uma emoção antes do embarque para casa.
Nesta semana, eles vão viajar para Brisbane, a quase 80km de Gold Coast, para acompanhar a seleção brasileira no segundo compromisso na Copa do Mundo Feminina. Na estreia, o time venceu por 4 a 0 o Panamá, e agora, vai enfrentar a França, grande favorita do Grupo F.