Taça Independência: história, campeões e outras curiosidades

São Bernardo e Mirassol se enfrentam neste domingo (26), pela final da Taça Independência, torneio que premia os times do interior que não conseguiram chegar às finais do Campeonato Paulista.

Mas você sabe porque este torneio foi criado e qual a sua importância para os times menores no cenário do futebol de São Paulo? Acompanhe a leitura desta reportagem produzida pelo Futebol na Veia e saiba mais sobre a origem e as mudanças do regulamento da Taça Independência, o antigo Troféu do Interior do futebol paulista.

Breve panorama da representatividade do futebol em São Paulo

O estado de São Paulo é o mais populoso do Brasil e o maior polo industrial do país. Consequentemente, o futebol paulista é um dos mais competitivos e o que tem mais representantes nas quatro principais divisões do  futebol nacional.

Na Série A do Brasileirão deste ano, por exemplo, temos cinco representantes do futebol paulista disputando a competição, são eles, Corinthians, São Paulo, Santos, Palmeiras e Red Bull Bragantino.

Já na Série B, seis times de São Paulo participam da competição: Ituano, Guarani, Ponte Preta, Novorizontino, Botafogo-SP, Mirassol. Na 3ª divisão nacional, o único representante paulista é o São Bernardo, e na Série D temos Santo André, Ferroviária, Inter de Limeira e XV de Piracicaba, totalizando 16 times do mesmo estado espalhados pelas quatro principais divisões do futebol brasileiro.

Por isso, muitos consideram que o Campeonato Paulista é o mais disputado de todos os estaduais. Não só pela presença dos quatro grandes, mas também, pela competitividade dos times menores, que tem aumentado ano após ano.

Basta lembrarmos que recentemente, o Ituano conquistou o título paulista em 2014 e que o São Caetano, em um passado não muito distante, também foi vencedor da competição, comprovando o alto nível de disputa no cenário futebolístico de São Paulo.

Nasce o Troféu do Interior

Tamanho equilíbrio e representatividade dos times do interior de São Paulo, fez com que a Federação Paulista criasse uma competição que premiasse os times que não conseguissem avançar para as fases decisivas do estadual. E assim nasceu o Troféu do Interior.

Em 2007, o Campeonato Paulista foi disputado em formato de pontos corridos na primeira fase, e os quatro mais bem colocados avançavam para às semifinais do torneio. Porém, a novidade naquele ano foi a criação do Troféu do Interior, uma competição entre 5º ao 8º colocado que premiaria o melhor time do interior no campeonato estadual.

Excluindo sempre os três grandes da capital, mais o Santos, a disputa do Troféu do Interior seguia da seguinte forma: os quatro times do interior que não avançassem para às semifinais do Paulistão, disputavam uma eliminatória entre eles, também em sistema mata-mata, e o vencedor ganhava o título do Troféu do Interior.

Caso um dos times considerados grandes (Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos ou Portuguesa) estivesse entre o 5° e o 8º colocado, a equipe a vaga seria dada ao time subsequente na tabela.

Foi o que aconteceu com o Corinthians e Santos em 2008, por exemplo. O Alvinegro de Parque São Jorge e o Peixe terminaram a primeira fase da competição naquele ano na 5ª e 7ª colocação respectivamente, sendo assim, as vagas remanescentes no Troféu do Interior foram dadas ao 9º e ao 11º colocado, que naquele ano foram Noroeste e Ituano.

Mudanças no regulamento do Paulistão afetaram o formato do Troféu do Interior

A primeira versão do Troféu do Interior seguiu este modelo até o ano de 2013, tendo como campeões a Ponte Preta, em duas oportunidades (2009 e 2013), o Guaratinguetá em 2007, o Grêmio Barueri em 2008, o Botafogo de Ribeirão Preto em 2010, o Oeste em 2011, e o Mogi Mirim em 2012.

A partir de 2014, a Federação Paulista implementou uma mudança no Campeonato Paulista que mudaria por completo o sistema de disputa do Troféu do Interior.

Com a implementação da divisão dos times em grupos, sendo que as equipes não poderiam jogar contra os times do mesmo grupo, a divisão do restante dos clubes para a disputa do torneio dos times do interior precisou ser revista, o que impediu a sua disputa até 2016.

Neste meio tempo, os melhores times classificados do interior ao final da competição eram considerados os “campeões” do Troféu do Interior, no caso, a Penapolense em 2014 e a Ponte Preta em 2015.

Taça Independência
Ponte Preta é a maior campeã da Taça Independência, antigo Troféu do Interior, com quatro conquistas. Foto: Folha Press

Federação Paulista retoma o Troféu do Interior e com um bônus muito interessante

Com o fracasso da mudança do regulamento do Campeonato Paulista, os times do interior de São Paulo cobravam mudanças da FPF para que o Troféu do Interior fosse retomado.

Após a diminuição no número de participantes do Paulistão para 16 clubes em 2017, a entidade máxima do futebol paulista decidiu pela retomada da competição, e mais do que isso, implementou a possibilidade do campeão disputar a Copa do Brasil.

A vaga para a competição nacional, que dá uma bela premiação em dinheiro aos times participantes, acendeu a chama da disputa das equipes do interior, que até poderiam não avançar para o mata-mata do estadual, mas poderiam conquistar um título relevante, e ainda por cima, se  classificar para um torneio importante no cenário nacional.

Sendo assim, após a primeira fase do Campeonato Paulista, os times do interior classificados entre o 5 e o 8º colocado, e que não conseguiram se classificar para as quartas de final do estadual, avançavam para a disputa do Troféu do Interior.

Este modelo de disputa seguiu entre 2017 e 2021. O Ituano foi o primeiro time a vencer após a retomada da competição, que ainda teve os seguintes campeões: Ponte Preta em 2018, Red Bull Brasil em 2019, Red Bull Bragantino em 2020 e o Novorizontino em 2021.

Surge a Taça Independência

O sucesso do novo formato do Troféu do Interior foi tão grande que a Federação Paulista decidiu fazer mais uma mudança em 2022. Dessa vez, todos os times que não se classificassem para às quartas de final do Paulistão e que evidentemente não fossem rebaixados no estadual também disputariam o torneio, que passou de quatro, para seis participantes.

Além disso, a competição também mudou de nome e passou a se chamar Taça Independência, em homenagem aos duzentos anos do Grito do Ipiranga, episódio que marcou a Independência brasileira de Portugal em 1822.

Em 2023, a FPF fez mais uma alteração no torneio. Por conta da CBF não mais utilizar seu Ranking de Clubes para dar as vagas para a Copa do Brasil, a Taça Independência a partir deste ano dará uma premiação maior ao vencedor. Ao invés de R$250 mil reais, como foi em 2022, o ganhador torneio embolsará R$400 mil, e o vice, que antes ganhava R$150 mil, ganhará R$200 mil reais.

Este ano, além dos finalistas São Bernardo e Mirassol, Guarani, Portuguesa, Mirassol, Inter de Limeira e Santo André disputaram a competição. No próximo domingo (26), ela se encerrará com o confronto entre Bernô e Leão, que vão se enfrentar no Estádio Primeiro de Maio, em São Bernardo do Campo às 16h (horário de Brasília).

Lucas de Souza

Lucas de Souza

Repórter na equipe do Futebol na Veia e redator na Trivela, Lucas Souza é narrador do canal Futebol Interior e da Federação Paulista de Futebol.