Durante os anos que antecederam a realização da Copa do Mundo 2022 no Catar, algumas reportagens foram divulgadas denunciando todas as irregularidades ocorridas com os trabalhadores. De morte na construção civil até estupro, não faltou nada para a imprensa estrangeira mostrar o outro lado nada amistoso do país-sede. Por conta disso, equipes jornalísticas de várias nacionalidades já tiveram que prestar depoimento e à polícia e até chegaram à prisão.
Então, para evitar que esse tipo de denúncia volte a ocorrer, o comitê organizador do evento vai impor restrições ao trabalho da mídia, segundo o jornal britânico The Guardian. Entre essas imposições, classificadas como “arrepiantes” aos olhos dos jornalistas ingleses, está a proibição de entrevistas às pessoas que estejam em ambientes internos como, por exemplo, abrigos de trabalhadores imigrantes, prédios do governo local e outras repartições públicas, locais de culto, empresas privadas, escolas e universidade, hospitais e propriedades residenciais.
A medida praticamente obriga os profissionais de rádios, jornais, emissoras de TV e outros veículos de comunicação a trabalharem no próprio hub de imprensa ou no local chamado The Flag Plaza (foto), que será uma espécie de espaço comunitário, onde haverá permissão de fotos, filmagens, reportagens e festivais . Junte-se a tudo isso um pedido de autorização às autoridades do Catar para filmar ou fotografar em locais considerados populares naquele país. O comitê chegou a negar, mas os órgãos atingidos sustentam que há colocações de vários obstáculos para o exercício da liberdade de expressão.
Tais regras complementam as que já existem normalmente naquele território, que diz respeito à “não capturar filmes/fotografias em locais excluídos” e ainda não infringir a privacidade dos cidadãos sem autorização prévia. A Fifa, por sua vez, tentou acalmar os ânimos e por nota informou que está em conversa com o comitê para que o ambiente de trabalho seja o melhor possível aos jornalistas credenciados. Mas as leis cataris são ambíguas no que se refere à disseminação de notícias falsas. Uma denúncia pode ser considerada fake news, por exemplo.
Fundo de Compensação para Trabalhadores da Copa
A Fifa estuda criar um fundo de compensação aos trabalhadores que estão atuando nos preparativos, durante também no pós-evento no país árabe. Esse fundo seria uma forma de compensar os danos e abusos que os colaboradores estrangeiros ou locais estão recebendo. A iniciativa acontece após muitas pressões de vários órgãos ligados aos direitos humanos, que investigam inúmeras denúncias de maus tratos, trabalho análogo à escravidão, abusos de diversas naturezas e outras situações humilhantes.
Segundo a ONG Human Rights Watch, o fundo já pagou o equivalente a 865 milhões de reais a 36 mil trabalhadores, de 17 diferentes nações, em verbas indenizatórias. Porém, segundo eles, ainda não a transparência necessária para saber o quanto esse fundo tem de aporte e nem para quem é distribuído.
Foto Destaque: Divulgação/The Peninsula Qatar





