A equipe do portal Futebol na Veia esteve presente no segundo dia da Conferência Nacional de Futebol (CONAFUT), nesta sexta-feira (22), e acompanhou de perto as diversas palestras realizadas sobre a insegurança causada pelas casas de apostas. Na parte final do evento, uma das programações de temas a serem abordados discorriam exatamente sobre o tema, que tem balançado as estruturas do futebol brasileiro desde o final dos estaduais e início do Campeonato Brasileiro.
Por meio da deflagração da Operação Penalidade Máxima, o Ministério Público de Goiás identificou um esquema fraudulento de manipulação de resultado por meio das casas de apostas, que são um dos maiores patrocinadores do futebol brasileiro na atualidade, investindo nada mais nada menos do que R$320 milhões, considerando apenas os investimentos diretos feitos no clube. Até 2026, os valores gerados pelas casas de apostas ao redor do mundo podem chegar a marca de 22 bilhões de dólares.
Aliar a paixão do torcedor ao ganho de uma renda extra pode causar um grande de impacto na integridade do esporte. O setor de apostas esportivas pode esconder práticas criminosas por meio de lavagem de dinheiro, e criar um ambiente próprio para fraudes dentro do jogo. Por isso, o Dr. José Francisco Manssur, Assessor do Ministério da Fazenda foi um dos convidados para falar sobre como está o processo de regulamentação das casas de aposta no Brasil, o que deve sair antes do recesso parlamentar, que acontece no próximo dia 17 de julho.
Manssur afirmou que a regulamentação das casas de apostas pode acontecer antes do recesso parlamentar, mas intercorrências podem ocorrer. O mais importante segundo o especialista é que todas as etapas para o processo de regulação seja feito com calma e respeitando o lado do torcedor que faz a utilização do serviço de aposta.
“Nós ouvimos os clubes, a CBF, nós ouvimos os operadores e ouvimos as associações de apostadores, mas acreditamos que é importante ouvir quem faz a utilização deste serviço para que possamos ter total controle e fiscalização daquilo que vamos regular. Um exemplo, se nós proibirmos de um usuário apostar em um escanteio aqui no Brasil, o mesmo fará isso apostando em algum campeonato internacional. Temos que ter um sistema operacional que possa nos avisar sobre possíveis apostas fradulentas dentro de algum scout do jogo e comparar com o comportamento do atleta, e assim que percebermos um certo nível de probabilidade de fraude, avisar a operadora para tirar esta aposta do ar”, disse José Francisco”.
Durante o @conafut, o assessor especial do Min. da Fazenda, J. Francisco Manssur informou que a regulação de atuação das casas de apostas está próxima de uma conclusão. Com isso, o governo visa coibir os crimes de manipulação de resultados, além de gerar empregos e benefícios pic.twitter.com/ynOPgTiJI7
— Arquibancada Tricolor (@arqtricolor) June 23, 2023
Manssur fala sobre prevenção de fraudes no futebol por meio das casas de apostas
Para José Francisco, o caminho viável para coibir o processo de fraude no futebol é a prevenção de um ato fraudulento em uma partida. Conforme o que relatou em sua palestra no CONAFUT, de nada vai adiantar proibir a prática de apostar, pois isso poderá acarretar uma crise sem precedentes no futebol brasileiro. As casas de apostas são uma das principais fontes de patrocínio do futebol brasileiro na atualidade e o que deve ser feito é prevenir que as manipulações aconteçam em um trabalho conjunto de inteligência humana e artificial.
“Precisamos trabalhar de forma preventiva, com tecnologia, com inteligência artificial, com pessoas preparadas. Proibir esta prática vai causar um colapso dentro do cenário do futebol atual, e isso nós não queremos. Sabemos que hoje as casas de aposta substituem a Caixa Econômica Federal como principal fonte de patrocínio do futebol brasileiro, e isso não é eficiente, sendo assim o Ministério da Fazenda não trabalha com a hipótese de proibir a atividade de apostas esportivas, e acreditamos que isso possa ser regulado nos próximos dias”, concluiu.