Protestos contra a Copa do Catar 2022 ganham força

Os protestos contra a Copa do Catar 2022 ganharam força. Mas eles não começaram agora. Em dezembro de 2010, a FIFA anunciou o país sede da Copa do Mundo de futebol deste ano. Decerto, a histórica decisão chamou a atenção do planeta. Aquele que já foi considerado um dos países mais pobres do Golfo Pérsico ganhou o direito de recepcionar o evento esportivo mais popular entre os homens.

Certamente, o forte desenvolvimento do país ao longo das últimas décadas influenciou na escolha. Hoje um dos emirados mais ricos da região, muito por causa das suas reservas de petróleo e gás, parece ter sido a decisão correta quando se avalia o seu poder de infraestrutura. Contudo, a uma semana do início da competição, o que se vê é uma série de críticas, insatisfação e protestos contra a decisão da principal entidade de futebol do mundo.

Denúncias contra o Catar 2022

As contestações do Catar como país sede da Copa do Mundo 2022 já existem há tempos. Em fevereiro de 2021, por exemplo, o jornal britânico The Guardian publicou que pelo menos 6,5 mil pessoas morreram. As vítimas eram trabalhadores imigrantes que atuavam no início das obras para sediar a competição.

Protesto Catar 2022
Foto: Divulgação/Trivela

Ainda de acordo com o veículo, cerca de dois milhões de pessoas se mudaram para o país. O processo tomou grande proporção logo após o anunciou do anfitrião da Copa do Mundo 2022. Muitos dos novos imigrantes que chegaram ao Catar estavam em busca de oportunidades de emprego.

Contudo, a situação não parou por aí. No início de novembro de 2022, poucos dias antes do ponta pé oficial do torneio, o New York Times informou que já chega a cerca de 15 mil o total de mortes de pessoas envolvidas com as obras. Um número muito maior, quando comparado com edições anteriores como a da África do Sul, com dois óbitos, e do Brasil, com dez.

Mortes envolvendo o Catar 2022 causam protestos na Europa

A princípio, os protesto contra a realização da Copa do Mundo 2022 no Catar já possuem anos. Mas, conforme a data marcada para o começo do campeonato se aproxima, mais se intensificam as manifestações. É possível ver uma série de posicionamentos, até mesmo incentivando uma espécie de boicote à competição.

A Europa, com as sua ligas nacionais, tem encabeçado o movimento. As declarações atacando questões negativas do Catar, e em defesa dos direitos humanos, podem ser vistas principalmente na Alemanha. Além de indagações ao número de mortos, também são estendidas faixas sobre a liberdade de expressão, a falta de direitos das mulheres, descaso com a condição climática, dentre outras.

As torcidas organizadas de alguns do mais conhecidos clubes endossam o coro de protesto. Assim, os fãs de Borussia Dortmund, Hertha Berlin, Werder Bremen e Bayern de Munique estão juntos lutando pela causa.

A Copa do preconceito?

Outro ponto importante em que os protestos tocam é a perseguição de opções sexuais e falta de respeito com os direitos das pessoas LGBTQIAP+. Afinal, o Catar é conhecido como um dos países em que ser homossexual é ilegal.

Um conceito que não parece que vai mudar tão cedo, uma vez que o próprio embaixador no Catar condena a situação. Em entrevista à televisão alemã, Khalid Salman afirmou que a homossexualidade seria haram – um pecado, proibido pelo islã. “É um dano mental”, afirmou o embaixador.

Como resposta à declaração, importantes agentes ao redor do mundo tomaram posição crítica. Nancy Faeser, ministra do Interior da Alemanha, exigiu do país sede garantias de que os membros da comunidade e LGBTQIAP+ estarão segurança durante o Mundial. No entanto, o governo do Catar reagiu ao pedido com irritação, dizendo que todos são bem-vindos no país e ninguém é discriminado.

Resposta da FIFA

Com toda a certeza, os protestos contra o Catar 2022 ganharam corpo após a resposta da FIFA. Para contrapor os ataques, o presidente Gianni Infantino enviou uma carta para as federações dos países classificados à Copa.

No documento, o mandatário solicitou a todos que foquem apenas no futebol. Porém, não parece que o pedido está sendo atendido, já que muitos questionam como um evento que celebra a vida e a diversidade pode ser realizado em um lugar onde isso não é respeitado.

Foto destaque: Divulgação/BBC

Carlos Soares

Carlos Soares

Carlos Soares, 23 anos, jornalista e eterno estudante. Mora em São Paulo capital e luta para que todos tenham os seus direitos garantidos. Apaixonado por cinema, livros, política e esportes, é produtor e diretor do documentário Futebol do Espetáculo, além de outras obras.