O Passaporte Rússia é mais uma coluna do Futebol na Veia que apresentará curiosidades de todas as seleções que participarão da Copa do Mundo deste ano. Este é o segundo de sete textos sobre a Seleção Panamenha desta edição. Confira os cinco maiores ídolos da história da Seleção da Marea Roja.
Eleger os maiores ídolos Panamenhos, não é uma tarefa fácil, tendo em vista que a trajetória de cada um, no geral, é modesta. Acaba limitada a momentos de brilho em algumas das principais ligas nacionais das Américas, na Libertadores ou na Concachampions, mas nada além disso. O caminho da atual geração da seleção, de qualquer maneira, foi desbravado por uma série de pioneiros. Jogadores que não necessariamente conseguiram desequilibrar com a camisa da Marea Roja, mas elevaram o status do país além das fronteiras e que serviram de inspiração aos atuais atletas, muitos deles fãs dos antecessores, e que fizeram história após a insana classificação à Copa do Mundo de 2018. Se o histórico do Panamá é incipiente, estreando nas Eliminatórias em 1976 e se firmando entre as principais seleções da Concacaf apenas na última década, o papel destes caras é essencial para entender as etapas da evolução do futebol local.
Índice
PASSAPORTE RÚSSIA – OS CINCO MAIORES ÍDOLOS DA SELEÇÃO PANAMENHA
5 – CASCARITA TAPIA
Em tempos ancestrais do futebol panamenho, triunfar nas ligas dos países vizinhos na América Central, donos de clubes mais tradicionais e representativos, já era mais do que suficiente para se construir a imagem de um ídolo. E assim Luis Ernesto Tapia se eternizou. O Cascarita não teve a chance de cruzar o Atlântico para atuar em um clube da Europa, mas pavimentou sua reputação na própria Concacaf. Mais do que isso, liderou a seleção em tempos nos quais o Panamá engatinhava no cenário internacional. Teve a honra de marcar o primeiro gol da história do país em Eliminatórias. Uma trajetória que chegará ao seu ápice em 2018.
Artilheiro campeonato atrás de campeonato, Tapia chegou a ser chamado de “Pelé da América Central” pelos jornais locais. Eram anos áureos para o futebol salvadorenho, que se classificou à Copa do Mundo de 1970 e atraía alguns dos principais jogadores da região, arrebatando uma torcida sedenta por qualidade. E os amistosos contra clubes tradicionais de outros países se tornaram praxe ao Alianza. Nesta época, os Elefantes Blancos derrotaram o América do México e Flamengo, além de empatarem com o poderoso Peñarol. Os uruguaios chegaram mesmo a fazer uma oferta por Cascarita, mas a relutância do Alianza em liberar seu astro impediu o negócio.
4 – ROMMEL FERNÀNDEZ
Se o nome de Rommel Fernández parece familiar a você, há uma boa razão: ele foi citado várias vezes ao longo da classificação histórica do Panamá para a Copa do Mundo na Rússia em 2018. E não necessariamente fazendo referência ao jogador. O antigo Estádio de la Revolución, onde o Panamá conquistou a vitória histórica sobre a Costa Rica, homenageia o ex-atacante desde 1993. Naquele ano, o ídolo nacional faleceu em um trágico acidente automobilístico na Espanha.
Rommel Fernández foi o primeiro jogador do Panamá a se firmar em uma grande liga europeia. Descrito como um armador elegante, o meio-campista chegou à Suíça em 1979. Permaneceu por cinco anos no país, com destaque para a sua passagem pelo Urania, com o qual conquistou a terceira divisão local. Voltaria ao Panamá em 1985, encerrando a carreira no Tauro, principal clube do Panamá. Justamente o momento em que Rommel começava a despontar com a camisa do Alianza.
Fernández nasceu num bairro de classe baixa de El Chorrillo, cidade do Panamá. Em 1987, o jovem de 21 anos saiu do Alianza para assinar com o Tenerif da Espanha, aonde viveu o melhor momento de sua carreira quando emplacou 18 gols em sua segunda temporada levando o clube das Ilhas Canárias a ser promovido pela primeira vez em sua história à La Liga, além de se tornar o primeiro jogador panamenho a atuar na Europa. Nos anos seguintes, ele também marcou gols, enquanto o clube manteve-se na primeira divisão do futebol nacional. Na campanha da temporada de 1989-90, ele foi eleito o melhor jogador Sul-americano da Liga Espanhola e, no ano seguinte, foi eleito o melhor jogador ibero-americano da competição pela agência de notícias EFE, recebendo o Troféu EFE.
Apelidado de O Panzer, Fernández assinou pelo Valencia em 1991, mas fico a maior parte do tempo na reserva em uma única temporada, marcando apenas dois gols. Posteriormente, ele se mudou para o Albacete Balompié, por empréstimo, ajudando o time de Castela-Mancha a se manter na primeira divisão em sua segunda temporada. Enquanto atuava pelo Albacete, Fernández marcou o seu gol de número 50 na Espanha, contra o seu ex-clube Tenerife.
3 – DÉLY VALDÉS
Nascido na cidade de Colón, em 1967, começou a carreira no pequenino Técnica y Deportes. Conhecido pela precisão nas cabeçadas ao gol, Julio Dely Valdés começou nas categorias de base do Atlético Colón, e algum tempo depois foi à Argentina fazer testes no Argentinos Juniors, mas não foi aprovado e foi contratado pelo inexpressivo Deportivo Paraguayo. Mesmo atuando em uma agremiação sem expressão nenhuma no futebol argentino, despertou a atenção do Nacional, que o contratou após uma temporada no Paraguayo. Suas belas atuações com a camisa do Nacional levaram Dely a ser sondado por clubes europeus. A primeira equipe do atacante no Velho Continente foi o Cagliari, onde conseguiu destaque ao marcar 21 gols em 64 jogos. Já no PSG, teve um desempenho um pouco mais satisfatório: em 84 partidas, marcou 29 gols. Mas foi na Espanha que El Canalero alcançou o seu auge. Pelo Real Oviedo marcou 39 gols em 103 partidas, e no Málaga, foramdno uma dupla de ataque implacável com o uruguaio Darío Silva. Considerado um dos grandes ídolos da torcida do clube azul e branco, disputou 104 partidas e marcou 38 gols.
Dely é considerado o melhor jogador que o Panamá teve em sua história. A carreira internacional dele teve início em 1990, tendo participado de todas as Eliminatórias para a Copa do Mundo até 2005. Apesar de ter atuado durante tanto tempo com a camisa vermelha, El Canalero não conseguiu disputar uma Copa do Mundo, mas teve o consolo de disputar um torneio importante já no final de carreira: a Copa Ouro da CONCACAF 2005, já aos 38 anos, atuando ao lado do irmão Jorge.
2 – BLAS PÉREZ
Com uma longa carreira, iniciada em 1998 no Panamá Viejo, o artilheiro segue como titular absoluto e grande nome da seleção do Panamá. Nesses quase 20 anos, ele passou por diversas equipes do futebol sul-americano, mexicano, MLS e mundo árabe, vivendo sua melhor fase entre 2005 e 2007, quando arrebentou com as camisas de Deportivo Cali e Cúcuta, da Colômbia – ele conquistou o Campeonato Colombiano pelas duas equipes.
Pela seleção panamenha, Pérez é o 3º atleta que mais jogou na história (127 partidas desde sua primeira convocação, em 2003), e o 2º maior artilheiro, com 41 gols, atrás apenas de Luis Tejada, que hoje é seu reserva e possui exatamente um tento a mais. Neste ano, terá a oportunidade de disputar sua primeira Copa do Mundo com a equipe nacional, em um momento histórico e merecido para um atleta que tanto se dedicou ao time.
1- ROMAN TORRES
Roman Torres escreveu de vez seu nome na história do futebol panamenho ao ser o herói da primeira classificação do país para uma Copa do Mundo. O capitão da seleção, o zagueiro de 32 anos marcou o gol da vitória contra a Costa Rica em 2017, que carimbou o passaporte do Panamá para a Rússia em 2018. Uma olhada em Román Torres é suficiente para ganhar o respeito de qualquer atacante empreendedor; o centro é construído como um trem de carga. Torres fez seu nome no Panamá como um pseudo-aplicador nas costas, organizando seu banco de quatro e fornecendo um objeto inamovível na área de cobranças de falta.
Ele tem sido uma chave de engrenagem defensiva na máquina do Panamá há mais de uma década. Desde a sua estreia na Taça Ouro de 2005, Torres fez mais de 100 jogos pelo Panamá e, mais recentemente, capitaneou a equipa na Taça Ouro de 2015. Atualmente jogando pelo Seattle Sounders, Torres mira voos mais altos no Mundial, e não se dá por satisfeito apenas com a vaga para ir à Rússia.