O Passaporte Rússia é mais uma coluna do Futebol na Veia que apresentará curiosidades de todas as seleções que participarão da Copa do Mundo deste ano. Este é o segundo de sete textos sobre a Seleção Croata desta edição. Confira os maiores ídolos dos Vatreni.
Antes de mais nada, vale ressaltar que a Croácia era parte da antiga Iugoslávia (que deu origem a Croácia, Bósnia e Herzegovina, Eslovênia, Macedônia, Montenegro, Sérvia e Kosovo) até 1991, quando se tornou um país independente. Ou seja, nem todos os ídolos das fortes seleções que a Iugoslávia já apresentou são necessariamente croatas.
Nesta lista temos quatro jogadores da Croácia de 1998, que conquistaram um histórico terceiro lugar na Copa do Mundo e, em 1987, conquistaram o Mundial sub-20 pela Iugoslávia. O quinto, porém, não menos importante, é o atual camisa 10 do Real Madrid.
PASSAPORTE RÚSSIA – OS CINCO MAIORES ÍDOLOS DA SELEÇÃO CROATA
5 – Robert Prosinečki
O primeiro atleta da lista é simplesmente autor de uma das maiores curiosidades do futebol. O meia Robert Prosinečki é, oficialmente, o primeiro e único jogador a marcar gols por duas seleções diferentes em Copas do Mundo (Iugoslávia em 1990 e Croácia em 1998). Com a bola nos pés, o croata tinha muita habilidade, velocidade e força, e mostrava um controle e domínio de bola incrível. Todo este talento era aliado a um bom drible, porém, era muitas vezes utilizado “sem necessidade”, retardando a jogada mas deixando a torcida em êxtase. O ano de 1991 foi um dos melhores anos da carreira de Prosinečki. Atuando pelo Estrela Vermelha, clube da Sérvia, o jogador faturou a Liga dos Campeões. Além do troféu inédito, apareceu em 4º na lista dos Melhores Jogadores do Mundo da FIFA e transferiu-se para o Real Madrid. Permaneceu na capital espanhola até 1994, e depois teve passagem por Barcelona e Sevilla. Retornou à Croácia para defender o Dínamo de Zagreb, clube que o revelou, onde desempenhou pela última vez um bom nível. Desde janeiro deste ano é o treinador da seleção da Bósnia e Herzegovina, tendo antes sido assistente técnico da Croácia e comandante do Estrela Vermelha.
Confira lances da carreira de Prosinečki
https://www.youtube.com/watch?v=3D0MfKj7YVQ
4 – Robert Jarni
O segundo nome desta lista é o lateral-esquerdo (que também atuava como meia) Robert Jarni. O atleta se destacou por ser muito veloz, ter um bom drible e possuir um perigoso chute de canhota. Revelado pelo Hajduk Split (Croácia), o jogador deixou sua terra natal em 1991 para ir à Itália, passando por Bari, Torino e Juventus. Da Velha Senhora trocou de ares transferindo-se para o Betis, onde teve seu melhor desempenho atuando em clubes. Pela equipe alviverde, marcou um belo gol de falta diante do Barcelona. Ainda na Espanha, foi para o Real Madrid em 1998 após a boa Copa, e posteriormente defendeu o Las Palmas. Em junho deste ano, Jarni completa um ano com técnico da Croácia sub-19.
Confira lances da carreira de Jarni
https://www.youtube.com/watch?v=9xyaNK2LPgY&t=207s
3 – Zvonimir Boban
O terceiro nome desta lista é um dos meias mais habilidosos da história da Croácia. Com 17 anos, Zvonimir Boban iniciou sua carreira no Dínamo de Zagreb, em sua terra natal. Desde cedo já demonstrava uma visão de jogo acima da média aliada a um bom passe. Entretanto, o fato que mais marcou sua passagem por Zagreb (e talvez sua carreira toda) aconteceu no dia 13 de maio de 1990, em um confronto entre Dínamo (da Croácia) e Estrela Vermelha (da Sérvia). Vale lembrar que nesta época, os movimentos de independência das repúblicas que formavam a Iugoslávia já estavam em ação.
Em poucas semanas os croatas iriam votar, em um plebiscito, a independência, algo que os sérvios não queriam. Um confronto generalizado nas arquibancadas logo foi aos gramados, deixando mais de 60 feridos. A polícia reagiu com violência, e, assim como os demais torcedores em campo, Boban revidou e atingiu uma “voadora” em um policial (clique aqui para ver), tornando-se um dos símbolos da independência croata. O jogador já chegou a comparar o momento vivido com a Democracia Corintiana, nos anos 80, mas salientando que os brasileiros agiram de forma mais “verbal”. Em 1991, a turbulência política na Iugoslávia alcançou seu ápice, e Boban se transferiu para o Milan. Foi diretamente emprestado ao Bari, também da Itália, onde atuou por uma temporada. No seu retorno a capital, o croata teve destaque e permaneceu até 2001, tendo conquistado quatro Campeonatos Italianos, três Supercopas da Itália e a Liga dos Campeões 1993/1994.
Confira lances de Boban pelo Milan
2 – Luka Modric
O único atleta da atual geração croata na lista é o camisa 10 do Real Madrid. O jogador é considerado por muitos o melhor jogador da história da Croácia. Entre os que compartilham desta opinião encontra-se Prosinečki. “Não há parâmetros segundo os quais Luka não mereça o título de melhor da história (croata). Mesmo se deixarmos de lado os troféus, a forma como ele joga, como domina o meio-campo em um time como o Real Madrid, é realmente impressionante”, declarou o ex-jogador, em 2017. Com apenas 16 anos, Modric assinou seu primeiro contrato profissional, com o Dínamo de Zagreb. Entretanto, suas duas primeiras temporadas foram atuando por empréstimo em outros clubes. O primeiro foi o Zrinjski, da Bósnia, faturando o prêmio de melhor jogador do ano no país em 2004. Na temporada seguinte defendeu o Inter Zaprešić, da Croácia, ajudando a equipe a terminar o Campeonato Croata em segundo lugar. O destaque do volante fez com que o Dínamo chamasse-o de volta, onde foi titular até 2008, faturando o Campeonato Croata 2007/2008. Depois da conquista, Modric se transferiu para o Tottenham. Na Inglaterra o jogador seguiu evoluindo e mostrando seu talento em campo, com bons passes e noções de jogo diferenciadas. Em Londres atuou ao lado de Gareth Bale, companheiros no Real Madrid.
Em 2012, afirmando desejar “novos desafios na carreira”, o croata partiu para a capital espanhola, equipe que defende até hoje. Sua primeira temporada passou longe de ser a melhor recordada por ele e a torcida merengue, mas Modric se adaptou ao clube e evoluiu muito ao longo das temporadas. Hoje, tricampeão da Liga dos Campeões (podendo faturar o tetra no dia 26, em Kiev) e do Mundial de Clubes, o volante é peça chave na equipe de Zinédine Zidane, responsável pela armação do meio de campo ao lado do alemão Toni Kroos. O croata é o verdadeiro “motor” do Real Madrid, mostrando muita disposição, habilidade e passes precisos. Pela seleção ainda não conseguiu grandes feitos, visto que nas Copas de 2006 e 2014 a Croácia não passou da fase de grupos e em 2010 sequer se classificou para o torneio. Entretanto, aos 32 anos, Modric vai para a Rússia motivado, sabendo que pode ser a última Copa em alto nível (levando em conta a idade avançada) e também podendo chegar à competição com o status de campeão continental.
1 – Davor Šuker
O último nome da “geração de ouro” croata e maior ídolo de seu país é Davor Šuker. Modric pode até ser o jogador mais técnico ou habilidoso, mas ainda perde para o maior artilheiro da seleção da Croácia, com 45 gols em 69 partidas. O atacante começou com apenas 16 anos no modesto NK Osijek, clube de sua cidade natal, e posteriormente ganhou o apelido de “Sukerman”. Desde o início de sua carreira se destacou por seus dribles curtos e uma frieza incrível diante do gol, chutando bem com as duas pernas. Em 1989 foi para o Dínamo de Zagreb, onde foi vice-campeão iugoslavo por dois anos consecutivos. Em 1991, em meio aos conflitos de independência e pouca qualidade técnica do campeonato nacional, Šuker transferiu-se para o Sevilla.
O atleta só começou a mostrar seu verdadeiro faro de gol em sua terceira temporada na Espanha, sendo o vice-artilheiro da La Liga 1993/1994 com 24 gols anotados, seis a menos que Romário (Barcelona). Após um período conturbado da diretoria do Sevilla, e uma boa atuação na Eurocopa de 1996, o jogador transferiu-se para o Real Madrid. Em sua temporada de estreia, Šuker foi crucial para a conquista do Campeonato Espanhol 1996/1997 anotando 24 gols, superando a disputa acirrada contra o Barcelona, de Ronaldo Fenômeno, artilheiro da competição com 34 gols. Mesmo fazendo uma grande Copa em 1998, sendo o maior goleador com seis gols e conduzindo a Croácia ao 3º lugar, o atacante foi perdendo espaço com o técnico Jupp Heynckes, e no ano seguinte transferiu-se para o Arsenal. Šuker deixou a Espanha após oito temporadas, somando 283 partidas e 139 gols. Na Inglaterra já passa a demonstrar traços de aposentadoria, e não consegue grandes atuações pelos Gunners e depois West Ham. O atleta se aposentou em 2003, vestindo a camisa do 1860 Munique (Alemanha). Desde julho de 2012, o ex-jogador é presidente da Federação Croata de Futebol.
Confira lances da carreira de Šuker
https://www.youtube.com/watch?v=4zE9U63v2f8