O Passaporte Rússia é mais uma coluna do Futebol na Veia que apresentará curiosidades de todas as seleções que participarão da Copa do Mundo deste ano. Este é o primeiro de sete textos sobre a Seleção Argentina desta edição. Confira como é a história dos Hermanos.
A Argentina possui, no total, 16 participações em Copas do Mundo, ficando apenas atrás de Itália, Alemanha e Brasil. A seleção ficou de fora em apenas quatro ocasiões: em 1938, desistiu de competir por não concordar que aquela edição deveria ser novamente na Europa, pois em 1934 havia sido na Itália e, principalmente, por ter perdido para a França como sede de 38 (assim como a Alemanha). Nos anos 1950 e 1954, não participou por conta de questões políticas da AFA (Associação de Futebol Argentino); já em 1970, não conseguiu a classificação para o mundial. Ao todo foram dois títulos conquistados, em 1978 e 1986. Sempre temida, a seleção raramente decepcionou em suas participações, colecionando boas campanhas ao longo dos anos. Seu principal artilheiro em Copas até aqui é Batistuta, com 10 gols.
PASSAPORTE RÚSSIA – A HISTÓRIA DA SELEÇÃO ARGENTINA EM COPAS DO MUNDO
Índice
1930
Logo na primeira edição da Copa do Mundo, a seleção ficou com o vice, perdendo na final para o Uruguai. Sua campanha, no entanto, foi perfeita durante todo o caminho. Os Hermanos ficaram no grupo A, junto com França, Chile e México. Na primeira partida, vitória contra a França por 1 x 0, gol de Monti. Já na segunda, um show de gols: 6 x 3 contra o México. O jogo marcou o primeiro hat-trick em Copas do Mundo, anotado por Stábile. A seleção, ainda fechou a fase de grupos com uma vitória contra o Chile por 3 x 1. Nas semifinais, goleada para cima dos Estados Unidos, 6 x 1 – Stábile (2), Peucelle (2), Monti e Scopelli fizeram para a Argentina, e Brown descontou para os norte americanos. Foi na final, apenas, que os argentinos foram perder o 100% na competição. 4 x 2 para o Uruguai. Peucelle e Stábile marcaram para a seleção argentina.
1934
Nessa edição, a fase de grupos foi descartada para uma competição com um formato mais direto. A Argentina caiu logo nas oitavas para a Suécia. A derrota por 3 x 2 marcou uma eliminação precoce dos vices de 1930. Belis e Galateo fizeram os únicos gols dos hermanos naquela edição.
1958
A primeira Copa do Mundo conquistado pelo Brasil, a sexta edição no geral, e a que marcou a volta da Argentina para a competição. A fase de grupos, a esse ponto, já havia voltado a fazer parte do formato do mundial novamente. Os hermanos, no entanto, voltaram a decepcionar, e foram eliminados ainda na fase de grupos. A seleção argentina, teve má sorte, e caiu no grupo 1, junto das potências Alemanha Ocidental e Tchecoslováquia. Logo na estréia, derrota por 3 x 1 para os alemães – Corbatta anotou o tento. Na segunda rodada, enfrentou a surpresa do grupo, Irlanda do Norte, e não teve dificuldades: 3 x 1 (Corbatta, Menendez e Avio). Chegou para a última rodada precisando de uma vitória. No entanto, foi atropelada pela Tchecoslováquia, por 6 x 1 (Corbatta), e deu adeus a Copa do Mundo.
1962
Mais uma participação em Copas, e mais um fiasco. Novamente a seleção argentina ficou na fase de grupos, e se despediu da competição precocemente. No grupo 2, junto com Inglaterra, Bulgária e Hungria, os hermanos conquistaram apenas uma vitória, diante dos búlgaros, por 1 x 0 (gol de Facundo). Com os resultados – uma vitória e duas derrotas – a seleção ficou com o terceiro lugar, e foi eliminada.
1966
Disputada na Inglaterra, a seleção argentina chegou forte para a competição. No grupo 2 ao lado da Alemanha Ocidental, ambos passaram com tranquilidade para as quartas, empatados com 5 pontos. Na estréia, vitória sobre a Espanha, por 2 x 1 (dois gols de Artime). Após um empate sem gols contra a Alemanha na segunda rodada, enfrentou a Suíça no último jogo da fase de grupos, e venceu por 2 x 0 (gols de Artime e Onega). A seleção argentina, no entanto, pegou os donos da casa nas quartas de final, e saiu derrotada por 1 x 0. A Inglaterra continuaria para ser campeã da Copa do Mundo.
1974
A Argentina começava a montar a seleção que se consagraria campeã na edição seguinte, mas ainda se mostrava extremamente inconstante. A Copa de 74 mostrou um formato diferente, com duas fases de grupos. Quatro grupos na primeira fase – os quatro melhores avançam para a segunda fase -, dois grupos na segunda – os dois melhores se enfrentam na final, enquanto os segundo colocados disputam o terceiro lugar.
Na primeira fase, a seleção argentina caiu em um grupo complicado, com Itália, Polônia e o azarado, Haiti. Sua campanha foi longe de ser perfeita, mas foi o suficiente para avançar de fase. Derrota para a Polônia por 3 x 2 (Heredia e Babington marcaram para os hermanos), empate por 1 x 1 contra Itália (Houseman fez) e goleada sobre Haiti por 4 x 1 (Yazalde 2x, Houseman e Ayala anotaram os gols argentinos).
Na segunda fase, ficou em um grupo mais complicado ainda. Junto de Alemanha Oriental, Países Baixos (um dos favoritos ao título), além de Brasil, a Argentina não teve chances e foi eliminada da competição. A goleada para os holandeses por 4 x 0, derrota para o Brasil por 2 x 1 (Brindisi fez o único gol) e o empate contra a Alemanha Oriental por 1 x 1 (gol de Houseman), marcaram uma campanha sem vitórias na segunda fase. A Argentina estava eliminada da Copa de 74.
1978
Nessa edição a Copa do Mundo foi disputada na Argentina, e os donos da casa não decepcionaram. A Copa também foi marcada pela primeira vez que a seleção usou o escuda da AFA na competição, além de ser a última edição em que 16 seleções participariam – a partir de 1982, 24 seleções passaram a competir pelo mundial.
No grupo A, ao lado de Itália, França e Hungria, a Argentina teve trabalho, mas avançou de fase. A seleção estreou em Buenos Aires, no Monumental de Núnez, frente a Hingria, e não decepcionou os mais de 70 mil torcedores presentes – vitória por 2 x 1, com gols de Luque e Bertoni. Em seguida, mais uma vitória, dessa vez sobre os franceses, também por 2 x 1 (gols de Passarela e Luque). Por fim, derrota por 1 x 0 para a Itália, mas com a vaga assegurada para a fase final.
Na segunda fase, ficou no grupo de Brasil, Peru e Polônia. Os hermanos venceram os poloneses com 2 x 0, com dois gols de Kempes e empataram com o Brasil por 0 x 0. Chegaram para a última rodada precisando de uma incrível vantagem de, pelo menos, 4 gols sobre o Peru. Isso, porque a seleção argentina, com a vitória empataria em pontos com o Brasil, mas precisava de um saldo de gol maior para chegar na decisão. O placar final contra os peruanos marcou 6 x 0 para os argentinos, gols de Kempes (2), Tarantini, Luque (2) e Houseman. Os brasileiros reclamaram muito sobre o goleiro do Peru, Quiroga, ter facilitado a partida contra a seleção argentina. Quiroga, por sua vez, nasceu na Argentina, e se naturalizou peruano.
Assim sendo, os donos da casa avançaram até a grande final, contra os Países Baixos. Em um jogo difícil, a Argentina superou os holandeses apenas na prorrogação, por 3 x 1. Bertoni e Kempes (2), marcaram para a seleção, trazendo o primeiro título de Copa do Mundo para a Argentina.
1982
A Argentina chegava como a mais recente campeã. Maradona fazia sua estréia em Copas do Mundo, e a seleção queria a todo custo o bicampeonato. Os hermanos ficaram no grupo C, ao lado de Bélgica, Hungria e El Salvador. A derrota para os belgas na estréia por 1 x 0, não os abalou. Logo em seguida, golearam a Hungria por 4 x 1, com gols de Bertoni, Maradona (2) e Ardiles, e venceram El Salvador por 2 x 0. Passarela e Bertoni anotaram.
Segunda fase com quatro grupos de três. Argentina ficou junto com Brasil e Itália. Com as derrotas para os italianos e brasileiros por 2 x 1 e 3 x 1, respectivamente, a seleção argentina terminou como lanterna do grupo, e foi eliminada da competição.
1986
A Argentina chegou como uma das grandes favoritas para essa edição. Com um elenco recheado de craques, a seleção não perdeu sequer um jogo durante toda competição. Na fase de grupos: vitórias por 3 x 1 sobre Coréia do Sul, gols de Valdano (2) e Ruggeri, e 2 x 0 contra a Bulgária (Valdano e Burruchaga), além do empate por 1 x 1 frente a Itália, com gol de Maradona. Foi na fase final, no entanto, que consagrou a Argentina, e eternizou Maradona como um dos maiores jogadores da história do futebol.
Nas oitavas, os hermanos superaram o Uruguai por 1 x 0, gol de Pasculli, e nas quartas, fizeram um jogo espetacular contra a Inglaterra. Maradona anotou os dois tentos, na vitória por 2 x 1 sobre os ingleses. No primeiro, fez com um toque de mão, o qual o argentino mais tarde nomeou de “La mano de Dios”, mas foi no segundo que o craque mostrou toda sua genialidade. Fez uma arrancada incrível, driblando seis ingleses e depois o goleiro para marcar o gol da classificação. Na semifinal, mais uma vez o brilho de Maradona. Marcou os dois gols na vitória por 2 x 0 sobre a Bélgica. Contra a Alemanha Ocidental, na decisão: vitória por 3 x 2, com gols de Brown, Valdano e Burruchaga. A Argentina, assim, se sagrava bicampeã da Copa do Mundo.
1990
Na edição seguinte ao título, a seleção manteve sua forte geração e chegou como grande favorita ao tricampeonato. Teve trabalhos na fase grupos, se classificando apenas na terceira colocação. Derrota para Camarões, na estréia, por 1 x 0, vitória por 2 x 0 sobre a União Soviética (Troglio e Burruchaga anotaram) e empate com a Romênia por 1 x 1 (gol de Monzón).
Nas oitavas, eliminou o Brasil pelo placar mínimo, 1 x 0, golaço de Caniggia. Avançou, assim, para enfrentar a Iugoslávia, e se classificou apenas nos pênaltis (3 x 2), após empate no tempo normal, em 0 x 0. Na semifinal, mais uma vez, classificação nos pênaltis, dessa vez contra a Itália. Após empatar por 1 x 1 (Caniggia fez para os argentinos), a seleção venceu por 4 x 3 nas penalidades. Em sua quarta final de Copa do Mundo, a Argentina esperava conseguir mais um título para sua prateleira, no entanto, foi derrotada pela Alemanha Ocidental por 1 x 0, e ficou mais uma vez com o vice.
1994
A seleção caiu em um grupo relativamente fácil, ao lado de Grécia, Nigéria e Bulgária, mas se classificou apenas com o terceiro lugar. Batistuta (3) e Maradona, fizeram na goleada por 4 x 0 frente a Grécia, na estréia. Logo depois, 2 x 1 sobre a Nigéria, com dois de Caniggia, e derrota para a Bulgária por 2 x 0. Nas oitavas, a seleção acabou ficando pelo caminho ao ser derrotada pela Romênia por 3 x 2, gols de Batistuta e Balbo. Uma campanha decepcionante para uma geração tão forte.
1998
Tentando compensar a fraca campanha em 94, a seleção argentina veio para a França determinada a fazer bonito. Na fase de grupos, não teve dificuldades e avançou com 100%. 1 x 0 sobre Japão (gol de Batistuta), 5 x 0 sobre a Jamaica (2 de Ortega e 3 de Batistuta) e 1 x 0 contra a Croácia (gol de Pineda). Nas oitavas, reencontro com a Inglaterra, e após um empate por 2 x 2 no tempo normal (gols de Batistuta e Zanetti), vitória nas penalidades por 4 x 3. A seleção argentina, no entanto, cairia na fase seguinte para a Holanda, com derrota por 2 x 1 (gol marcado por López).
2002
A Argentina já não vinha mais tão forte para a Copa do Mundo, e mostrou isso na competição. No grupo F, com Inglaterra, Suécia e Nigéria, os hermanos colecionaram resultados ruins, e ficaram com a terceira colocação, sendo eliminados do mundial na fase de grupos. A única vitória veio contra os nigerianos por 1 x 0 (gol de Batistuta, seu último em Copas do Mundo). Em sequência, uma derrota por 1 x 0 para a Inglaterra e um empate contra a Suécia por 1 x 1 (gol de Crespo), foram o suficiente para sacramentar a eliminação argentina.
2006
Com uma geração nova, a Argentina chegava para a Copa na Alemanha buscando surpreender. À época, Messi era apenas um menino, e fazia sua estréia em Copas do Mundo. Na fase de grupos avançou como líder para as oitavas. Vitórias sobre Costa do Marfim, 2 x 1 (gols de Saviola e Crespo), e Sérvia e Montenegro, por 6 x 0. Maxi Rodríguez (2), Cambiasso, Saviola, Crespo, Messi e Tevez fizeram. O resultado foi a maior goleada daquela edição, e o jogo, além disso, marcou a estréia de ambos (Messi e Tevez). A seleção fechou sua campanha na fase de grupo com um empate por 0 x 0 frente a Holanda.
Nas oitavas, um jogo complicado contra o México. No final, vitória apenas na prorrogação, por 2 x 1, com gols de Crespo e Maxi Rodríguez. Em seguida, os donos da casa. A Argentina enfrentou a Alemanha nas quartas, e após sair na frente, com gol de Ayala, sofreu o empate aos 40 do segundo tempo. Nos pênaltis, vitória por 4 x 2 para os alemães, e eliminação da Copa do Mundo.
2010
A Argentina, mais uma vez, formava uma grande geração, e chegava forte para a disputa do mundial na África do Sul. Na estréia, vitória apertada sobre a Nigéria por 1 x 0, gol de Heinze. Logo em seguida, 4 x 1 sobre a Coréia do Sul. Park Chu-Young (contra) e Higuaín (3) fizeram. Na última partida da fase de grupos, outra vitória tranquila, dessa vez sobre a Grécia. 2 x 0, com gols de Demichelis e Palermo. Com 100% na fase de grupos, a seleção avançou para enfrentar o México. Os mexicanos não foram páreos, e ao final, vitória argentina por 3 x 1, com gols de Tévez (2) e Higuaín. Nas quartas, mais uma vez foi colocada frente a frente com a Alemanha, e assim como em 2006, foi eliminada novamente. Dessa vez, no entanto, sofreu uma goleada vergonhosa por 4 x 0.
2014
Em 2014, a Argentina chegou com sua geração no ápice. Grandes nomes já consagrados no futebol mundial entre o elenco argentino, o que os tornava em grandes favoritos. Assim sendo, não decepcionou em um grupo fácil e avançou tranquilamente. 2 x 1 contra a Bósnia, Kolasinac (contra) e Messi fizeram, 1 x 0 contra o Irã, Messi, novamente marcou, e 3 x 2 sobra a Nigéria, com Messi (2) e Rojo marcando. Já nas oitavas, os hermanos sofreram para passar da Suíça. 1 x 0 na prorrogação, com gol de di Maria. Avançando para as quartas, enfrentou a Bélgica, e, novamente o placar mínimo foi o suficiente: 1 x 0 com gol de Higuaín.
Na semifinal, o adversário foi a Holanda. Em um jogo tenso, nenhuma equipe foi capaz de marcar, levando a decisão para os pênaltis. No final, os argentinos levaram a melhor por 4 x 2. Chegada a decisão, era Argentina x Alemanha. Pelo fato da Copa ser no Brasil, havia um grande medo dos argentinos levarem a taça em solo brasileiro. Já os hermanos queriam acabar com o histórico ruim frente os alemães em Copas do Mundo. Mesmo assim, vitória da Alemanha, por 1 x 0 a prorrogação, e mais um vice pra conta da Argentina.