O Passaporte Rússia é mais uma coluna do Futebol na Veia que apresentará curiosidades de todas as seleções que participarão da Copa do Mundo deste ano. Este é o primeiro de sete textos sobre a Seleção Uruguaia desta edição. Confira como é a história da Seleção Celeste.
A história da Seleção Uruguaia vem de muito, muito tempo atrás e se confunde até com a criação da própria Copa do Mundo. Na década de 20, ainda não havia o maior torneio de seleções do mundo, que acabou sendo criado em 1930. Mas, antes disso, a Celeste foi bicampeã dos Jogo Olímpicos (Olimpíadas) de 1924 e 1928 que, à época, era considerada a “Copa do Mundo”. Os sul-americanos já tinham vencido algumas edições de Copa América e era um time, relativamente, forte. Para entender melhor a história, vamos contar todos os detalhes e edições dos Charruas.
Índice
Passaporte Rússia – A história da Seleção Uruguaia em Copas do Mundo
1924
A Seleção Uruguaia começou a brilhar no cenário internacional nos Jogos Olímpicos de 1924, realizado em Paris, do qual sagrou-se campeão. O torneio de futebol foi disputado entre 25 de maio e 9 de junho. A competição contou com a participação de 22 equipes disputando um mata-mata a partir das 16 avos de final.

A equipe uruguaia venceu a Iugoslávia por 7 x 0 no primeiro jogo, com gols de Vidal, Scarone, Petrone (2), Cea (2) e Romano, no Stade Olympique Yves-du-Manoir. Nas oitavas de final, venceram os Estados Unidos por 3 x 0, no Estádio Bergeyre, em Paris, com gols de Petrone (2) e Scarone. Nas quartas, bateu a dona da casa, França, e meteu um 5 x 1, com gols de Scarone (2), Petrone (2) e Romano. Nas semifinais, a vítima foi a Holanda, por 2 x 1. Depois de ficar em desvantagem, Cea e Scarone deram a vitória a Charrua. Na final disputada no Estádio Olímpico, o Uruguai foi campeão em cima da Suíça por 3 x 0. Petrone, Cea e Romano marcaram. Petrone, inclusive, foi artilheiro do torneio com sete gols.

1928
Ainda sem a criação da Copa do Mundo, que aconteceu em 1930, os Jogos Olímpicos eram considerados a Copa do Mundo da época. Ainda com sua fortíssima seleção, o Uruguai sagrou-se bicampeão olímpico, consequentemente, mundial. O time estreou nas oitavas de final e, de cara, enfrentaram as donas da casa e a eliminaram. O feito já havia sido feito em 1924, quando eliminaram a França. Frente a Holanda, bateu por 2 x 0, gols de Scarone e Santos Urdinarán. Nas quartas de final, bateram a Alemanha por 4 x 1, gols de Petrone (2) e Castro (2). O desconto foi de R. Hoffman.

Avançando às semis, enfrentaram a Itália e ganharam por 3 x 2. Cea, Campolo e Scarone marcaram os da Celeste e Baloncieri e Levratto os da Azzurra. Na finalíssima, empate em 1 x 1 com a Argentina, Petrone para os uruguaios e Ferreyra para os argentinos. Naquela época, não havia disputa de pênaltis para decidir. Teve prorrogação, mas não adiantou. Então, houve um segundo jogo para desempate, três dias depois. Os uruguaios venceram por 2 x 1. Figueroa e Scarone marcaram para os celestes e Monti descontou, mas a medalha de ouro ficou mesmo com os uruguaios.

1930
Na primeira Copa do Mundo o Uruguai, como bicampeão olímpico, foi escolhido para sediar o primeiro Mundial de Futebol. A celeste caiu no grupo 3, junto a Peru e Romênia. No primeiro jogo, 1 x 0 nos peruanos, gol de Héctor Castro. Já na segunda partida aplicou uma goleada de 4 x 0 contra a Romênia, com gols de Dorado, Scarone, Peregrino Anselmo e Cea. Nas semifinais enfrentou a Iugoslávia e aplicou uma goleada avassaladora, 6 x 1; com três gols de Cea, dois de Anselmo e um de Iriarte. Na final, enfrentou a Argentina, para 93 mil pessoas verem e venceu seus vizinhos por 4 x 2, com gols de Dorado, Cea, Iriarte e Castro tornando-se a primeira campeã mundial de futebol, de forma oficial.


1934 e 1938
Na Copa do Mundo de 1930, muitas seleções europeias não foram a Copa pela questão financeira. O custo de viagem era muito elevado naquela época e, como a Copa havia sido no Uruguai, vários países não foram. Por conta disso, na Copa da Itália de 1934, a Celeste boicotou e não foi a Copa.
Em 1938, Jules Rimet, criador da competição, convenceu a FIFA a sediar a competição na França, sua terra natal. Por isso, muitos países das Américas se recusaram a participar do evento, casos de Argentina, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, México, Guiana Holandesa, Uruguai e os Estados Unidos. Apenas Brasil e Cuba, das Américas, foram a Copa. O restante todo era europeu.
1950
Um tema que alegra qualquer uruguaio é falar da Copa do Mundo de 1950. Por outro lado, os brasileiros querem esquecer este eterno pesadelo. Sediada pela primeira vez no Brasil, o time local era considerado favorito a vencer a competição e foi assim até a final. Quando foram vítimas do eterno Ghiggia. Vale ressaltar que as Copas de 1942 e 1946 não aconteceram por conta da 2ª Guerra Mundial.
A Celeste caiu no grupo 4, que só tinha ela e a Bolívia, na qual atropelou por 8 x 0, gols de Míguez (3), Vidal, Schiaffino (2), Pérez e Ghiggia. As primeiras colocadas de cada grupo avançavam a um quadrangular final, da qual chegaram Brasil, do grupo 1, Espanha, do grupo 2, Suécia, do grupo 3, e Uruguai, do grupo 4. Nesta fase, todos se enfrentavam e o vencedor sagraria-se campeão. Os uruguaios empataram o primeiro jogo com a Espanha por 2 x 2. Basora fez os da Fúria e Ghiggia e Obdulio Varela os da Celeste. No jogo seguinte enfrentou a Suécia e venceu por 3 x 2. Ghiggia e Míguez (2) fizeram os tentos. Do lado sueco, Palmer e Sundqvist marcaram.

Na última partida do quadrangular, o destino colocou os uruguaios para enfrentar, pela terceira vez, os donos da casa. A partida valia o título, pois quem vencesse era campeão e o Brasil ainda jogava pelo empate, pois tinha quatro pontos, iria a cinco e não seria alcançado por Espanha, com um ponto, e Suécia, com dois. O Uruguai tinha dois pontos também e tinha de vencer a qualquer custo. Como a grande maioria já sabe da história, o Brasil saiu na frente com Friaça, deixando o Maracanã, com quase 200 mil pessoas, numa só euforia.
Mas a Celeste empatou com Schiaffino e virou com Ghiggia, sendo considerado o grande carrasco dos brasileiros ao calar o Brasil inteiro e condenando o goleiro Barbosa como um dos culpados daquele fracasso, que acabou ficando conhecido como Maracanazzo. A vitória com o maior número de desolados da história. Nesta Copa o Uruguai tornou-se bicampeão mundial, ou tetra, segundo a chancela da FIFA que credita as Olimpíadas de 1924 e 1928 como título mundial.

1954
Atual campeã mundial, a Celeste caiu no Grupo 3, de Áustria, Tchecoslováquia e Escócia. Venceu a Tchecoslováquia por 2 x 0, gols de Míguez e Schiaffino. Meteu uma goleada na Escócia por 7 x 0, com Borges (3), Míguez (2) e Abbadie (2). Nas quartas enfrentou a Inglaterra e goleou por 4 x 2, com Borges, Varela, Schiaffino e Ambrois. Nas semifinais, enfrentaram a Hungria e acabaram sendo goleados pelo mesmo placar que havia feito no jogo com a Inglaterra, 4 x 2. A partida ficou empatada em 2 x 2 no tempo normal com gols de Hohberg (2) para os uruguaios e Czibor e Hidegkuti para os húngaros. Na prorrogação, Kocsis marcou duas vezes e eliminou os atuais campeões da competição. Na disputa de terceiro lugar, perderam para a Áustria por 3 x 1. Stojaspar, Cruz (contra) e Ocwirk marcaram os gols austríacos e Hohberg descontou, fechando a participação Charrua nesta edição.

1962
Não classificado para a Copa do Mundo de 1958, o Uruguai voltou a disputar uma Copa oito anos depois da conquista do bicampeonato. Na edição de 1962, os uruguaios caíram no grupo 1, com União Soviética, Iugoslávia e Colômbia. Na primeira partida, duelo sul-americano entre Uruguai e Colômbia, vencido pela Celeste por 2 x 1, gols de Sacía e Cubilla, com Zuluaga marcando o gol de honra. No jogo seguinte perderam para a Iugoslávia por 3 x 1. Skoblar, Galić e Jerković fizeram os gols iugoslavos e Cabrera descontou. No último jogo da primeira fase, que culminaria na eliminação Charrua, a União Soviética fez dois com Mamykin e Ivanov. Os uruguaios se despediram com o gol de Sacía.
1966
A Copa de 1966, sediada na Inglaterra, colocou mais um vez o carrasco dos anfitriões frente a frente com os donos da casa. O Uruguai caiu no grupo 1, com Inglaterra, México e França. Contra os mandantes, ficaram no empate sem gols. No segundo jogo, Pedro Rocha e Cortés deram a vitória para os sul-americanos em cima dos franceses por 2 x 1 e no último jogo mais um empate sem gols. Com isso, avançaram em segundo do grupo. Nas quartas de final, caíram para a Alemanha. Haller (2), Beckenbauer e Seeler fizeram os gols da goleada por 4 x 0.
1970
No México, os uruguaios caíram no grupo 2, o mesmo de Itália, Suécia e Israel. Maneiro e Mujica fizeram os gols da vitória sobre Israel na primeira partida. Na peleja seguinte, empate sem gols com a Itália. E perderam no terceiro duelo para a Suécia, Grahn marcou o único gol do jogo. Na fase seguinte, venceram a União Soviética nas quartas de final com gol de Espárrago. Nas semis, perderam para o futuro campeão Brasil, por 3 x 1. Cubilla abriu o placar para os uruguaios no primeiro tempo, mas a seleção canarinha virou no segundo tempo com Clodoaldo, Jairzinho e Rivellino. Na disputa de terceiro lugar, perderam para a Alemanha Ocidental por 1 x 0, gol de Overath.

1974, 1978 e 1982
Em 1974 os uruguaios fizeram fraca campanha, caindo na primeira fase num grupo que tinha Suécia, Holanda e Bulgária, saindo derrotado em duas oportunidades e empatando uma, ficando em último e sendo desclassificado. O único gol marcado da seleção nesta Copa foi de Pavoni, no empate de 1 x 1 com a Bulgária. Em 1978 e 1982, não se classificaram.
1986
Na expectativa de voltar a Copa após 12 anos e duas vezes fora dela, perderam para a Dinamarca, apelidada “Dinamáquina”, por 6 x 1, Elkjær Larsen (3), Søren Lerby, Michael Laudrup e Jesper Olsen fizeram os tentos dinamarqueses. Os uruguaios descontaram com Francescoli. Os uruguaios ainda empatara os outros dois jogos contra Escócia e com a Alemanha em 1 x 1. Com o resultado, ficaram com a terceira vaga, mesmo sem vencer. Nas oitavas foram eliminados pela Argentina por 1 x 0, gol de Pasculli.
1990
Mais uma Copa em que os Charruas ficaram nas oitavas. Fizeram uma primeira fase regular, um empate sem gols com a Espanha, depois perderam para a Bélgica por 3 x 1, Clijsters, Scifo e Ceulemans marcaram os gols belgas, e Bengoechea descontou. A única vitória, e que deu a classificação em terceiro para a Celeste foi a vitória por 1 x 0 sobre a Coreia do Sul, gol de Fonseca. Fecharam a participação nas oitavas ao perder para a Itália por 2 x 0, gols de Schillaci e Serena.
2002
Após mais duas Copas de hiato, caíram na primeira fase, num grupo com Dinamarca, Senegal e França. Perderam a primeira para Dinamarca por 2 x 1, Dario Rodríguez fez o gol dos uruguaios. Tomasson fez os gols do rival. Empate sem gols com os franceses e empate de 3 x 3 com Senegal, gols de Fadiga e Diop (2) fizeram os gols africanos. Forlán, Morales e Recoba marcaram os tentos celestes.
2010
Após novamente ficar de fora da Copa (2006), a Celeste voltou a dar orgulho ao seu país em 2010. Após 60 anos do último título mundial, o Uruguai tinha novamente uma seleção competitiva. Foi também a primeira vez que uma Copa aconteceu no continente africano, especificamente na África do Sul. Na estreia, empate sem gols com a França, finalista do último mundial. No segundo jogo, contra a anfitriã África do Sul, fizeram 0 x 3, gols de Forlán (2) e Álvaro Pereira. Fechando a primeira fase, bateram o México por 1 x 0, gol de Luis Suárez.

Nas oitavas de final, 2 x 1 na Coreia do Sul, duas vezes Suárez e Lee Chung-Yong descontou. Nas quartas, pegaram a seleção ganesa. Muntari abriu o placar para os africanos e Forlán empatou. Este jogo teve o lance mais polêmico de toda a Copa. A partida já estava nos minutos finais do segundo tempo, quando o ataque ganês fazia pressão e o gol estava por sair, já sem goleiro, quando Luis Suárez por a mão na bola e tira em cima da linha. O camisa 9 foi expulso e o pênalti estava decretado. Suárez estava indo de herói a vilão. Mas quando Gyan perdeu o pênalti, o atacante uruguaio voltou a ser herói, mesmo estando fora do jogo. Nos pênaltis, avançaram por 4 x 2.

Nas semifinais, um jogaço. 3 x 2 para a Holanda, frustrando as chances de título Celeste, mas a campanha já era notória. Forlán e Maxi Pereira marcaram para os gols uruguaios, enquanto Van Bronckhorst, Sneijder e Robben fizeram os dos holandeses. Na disputa de terceiro lugar com a Alemanha, outro jogaço, mais um 3 x 2, mas para os germânicos. Cavani e Forlán marcar os tentos celestes e Müller, Jansen e Khedira os alemães. A boa campanha na África do Sul rendeu a artilharia a Diego Forlán, além do prêmio de melhor jogador da Copa. Tudo isso culminou na volta do respeito perdido ao longo dos anos.
2014
A Celeste teve muita dificuldade para se classificar para a Copa do Mundo do Brasil. Ficando em quinto nas Eliminatórias Sul-americanas, a equipe teve de disputar uma vaga com a seleção da Jordânia, vencida pelos uruguaios por 5 x 0 o primeiro jogo, em casa, gols de Maxi Pereira, Stuani, Cavani, Lodeiro e Cristian Rodríguez. Jogo de volta empate sem gols. Na fase de grupos, caiu no grupo D, com Costa Rica, Itália e Inglaterra, o grupo da morte, provavelmente. Perdeu a primeira por 3 x 1 para os costarriquenhos, gols de Campbell e Duarte (2). Cavani marcou o Celeste. No jogo dois, venceram por 2 x 1 a Inglaterra, Suárez marcou duas vezes e Rooney fez o tento inglês. No último jogo da fase de grupos, bateu a Itália por 1 x 0, com gol de Godín. Nas oitavas caíram para a Colômbia de James Rodríguez, autor dos dois gols da partida que eliminaram os uruguaios.
