Para sempre Zé Paulo Andrade: o canhão do radiojornalismo

Nesse sexta-feira (17), o jornalismo brasileiro amanheceu triste com a notícia do falecimento de José Paulo de Andrade. O âncora da Grupo Bandeirantes de rádio, nos deixou nessa madrugada, devido a complicações do Covid. Posteriormente, Zé Paulo, estava internado no Hospital Albert Einstein, desde o dia sete de julho, quando testou positivo. Há dois anos, tratava de enfisema pulmonar e o vírus da morte veio para arruinar o tratamento.

Com uma voz marcante, foram mais de 50 anos de pura competência e dedicação, e com sua partida, deixa um imenso vão no radiojornalismo brasileiro. Desde 1973, tomava a frente do tradicional jornalístico, O Pulo do Gato, exibido todos ás manhãs, trazendo as principais manchetes do Brasil e do mundo. O Futebol na Veia, por meio deste, homenageia, Zé Paulo de Andrade, o canhão do rádio.

“Com uma voz firme, amplo conhecimento político-econômico, são-paulino fanático e um dos maiores formadores de opinião do Brasil, José Paulo tinha um coração gigante e um caráter ímpar. Com 57 anos de Bandeirantes, José Paulo de Andrade deixará um legado indiscutível, um vazio enorme e muitas saudades” – Nota da Rede Bandeirantes.

O INICIO DE UM LEGADO

Nascido na cidade de São Paulo, em maio de 1942, José Paulo de Andrade, iniciou a carreira na década de 60, aos 18 anos de idade. A principio, como radioescuta, o jovem rapaz fazia plantões esportivos pela Rádio América. São-paulino fanático, sua paixão por futebol foi um dos principais motivos que o fizeram seguir na área.

Conforme os anos passavam, Zé Paulo almejava sempre mais. Desse modo então que em 1962, interessado em uma carreira acadêmica, prestou vestibular em Direito pela USP. Contudo, acabou por interromper o curso, uma vez que sua carreira no jornalismo decolava. Posteriormente, persistente em seus objetivos, 11 anos mais tarde, terminaria o que começou e se formaria em direito pela FMU.

Em 1963, transferiu-se para a Rádio Bandeirantes, onde passou a atuar como locutor esportivo, função essa, exercida durante 14 anos. Simultaneamente, atuou no jornalismo em geral como apresentador e comentarista. Entre os jornalísticos que esteve à frente, destacam-se, Titulares da NoticiaJornal de São PauloRede CidadeBand Cidade e Entrevista Coletiva. Eventualmente, também fez aparições na Rede Bandeirantes de Televisão, principalmente atuando em debates políticos, uma outra paixão.

Zé Paulo
Band Uol/Reprodução

CONFIANÇA DEPOSITADA (O TRABUCO)

Durante a década de 60, um dos programas mais populares do Brasil era “O Trabuco”. O jornalístico ancorado pelo  radialista Vicente Leporace,  era um informativo matinal, que consistia na leitura diária das notícias veiculadas nos principais periódicos do país, seguidas de comentários e críticas sobre elas. A vinheta da atração soou por 16 anos nos lares brasileiros e dizia: “Seu Leporace agora com o Trabuco (bang!), vai comentar as notícias dos jornais. Seu Leporace agora com o Trabuco (bang!), vai dar um tiro nos assuntos nacionais”.

Em um domingo de abril do ano de 1978, Leporace nos deixou e Zé Paulo foi o escolhido a dedo para ser o sucessor do grande maestro. Entretanto, no mesmo ano, o diário foi substituído pelo Jornal Gente. O novo integrado, permaneceu por 35 anos no ar com o mesmo trio que lhe deu início, Salomão ÉsperJoelmir Beting e o próprio Zé Paulo. Com a morte de Beting em novembro de 2012, o jornalista Rafael Colombo, assumiu o seu lugar.

O PULO DO GATO

Considerado o mais importante trabalho de sua carreira, o programa, O Pulo do Gato estreou em 1973 e foi apresentado ininterruptamente pelo radialista até seus últimos dias de vida. Nesse ínterim, o noticiário é o recordista no rádio brasileiro, como tendo o mesmo apresentador e sendo apresentado no mesmo horário.

Em 2009, Zé foi eleito pela revista Veja SP, como uma das pessoas que são “A cara de São Paulo“. Na época, estava completando 36 anos de O Pulo. Mais tarde, em fevereiro de 2013, completou cinquenta anos na Rádio Bandeirantes e em abril, o matinal completou 40 anos no ar.

PAIXÃO TRICOLOR

Apaixonado por futebol, Zé Paulo nunca escondeu sua paixão pelo São Paulo. Com o intuito de fortalecer suas raízes com o Tricolor, se tornou associado. Foram mais de 50 anos como sócio e ainda chegou a ser conselheiro por dois mandatos. Além de ter liderado o departamento de comunicação nos anos 1990.

DESCOBRINDO OUTROS TALENTOS

Em 1969, procurando usufruir seu talento em outras possibilidades, Zé Paulo se arriscou no mundo da ficção. Posteriormente, interpretou Don Diego, em As Aventuras do Zorro. A atração da Band, adaptou a obra do escritor norte-americano Johnston McCulley  para a TV.

A história contava a vida de um astuto justiceiro que tinha por objetivo, vingar a morte de inocentes. Sobretudo, entre suas  principais características, estava suas habilidades de acrobata e especialidades em armas. Em suma, Zorro é tipicamente retratado como um vigilante mascarado que defende os plebeus e os povos indígenas da Califórnia contra funcionários corruptos e tiranos.

Seu visual era marcado por um traje todo preto, que incluía uma capa, um sombrero cordobés, e uma máscara cobrindo a metade superior de seu rosto. Além da inicial Z que usava como uma assinatura em seus inimigos derrotados.

PARA SEMPRE O CANHÃO DO RADIOJORNALISMO

O Brasil chora a perda de um dos maiores símbolos de competência e dedicação do jornalismo. Com sua partida, nos resta apenas a referência em chegar ao menos a 1% de toda sua postura no rádio. A quem teve a oportunidade de trabalhar ou conviver com veterano, fica o aprendizado de todo um conhecimento absolvido.

O cafézinho oferecido todas as manhãs aos ouvintes que o acompanhavam no matinal da Rádio Bandeirantes, não será mais o mesmo, pois não terá o seu marcante tom de voz. Desse modo, o que nos resta agora, é eternizar todas as suas locuções em nossas memórias. De toda equipe do Futebol na Veia, valeu Zé.

FOTO DESTAQUE: REDE BANDEIRANTES/REPRODUÇÃO

Karine Gommes

Karine Gommes

Se o céu é o limite, então voe, irmão! Sou jornalista em formação do 7° semestre pela Universidade Cruzeiro do Sul. O jornalismo surgiu em minha vida, quase que simultaneamente, com a minha paixão por esportes. Necessitava viver aquilo. Assim, fui atrás. Conforme conhecia o profissão, pude visualizar quão ampla é. Apesar de ser apaixonada por esportes, eu quero vivenciar todas as vertentes que o jornalismo me proporcionar. Estou aqui para fazer jus ao meu grande sonho.

Prazer, sou Karine Gommes ;)