Nascido na cidade paulista de Tambaú, Joelmir Beting foi uma grande figura do jornalismo brasileiro, até o ano de 2012, quando nos deixou aos 75 anos de idade. Acima de tudo, um profissional de grande contribuição jornalística, bem como para a economia e a comunicação, além de pioneiro na tradução de difíceis termos técnicos econômicos. Conheça a história na coluna .
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O INÍCIO
Pela infância, começou a trabalhar como boia-fria na propriedade rural de sua família. Posteriormente, na juventude, tornou-se devoto de Donizette Tavares de Lima, um sacerdote famoso por seus milagres. A princípio, o coroinha Joelmir era gago e foi um de seus curados. Durante uma reza do Pai Nosso, o reverendo lhe ofereceu uma sopa de quiabo e, após comê-la, a gagueira desapareceu. Contudo, folclórico ou não, isso é um fato contado pelo próprio jornalista.
O CRIADOR DA EXPRESSÃO “GOL DE PLACA”
Apaixonado por teorias, Beting saiu de sua cidade natal para morar na capital paulista, onde foi orientado por Donizette a estudar sociologia e jornalismo. Com todo o seu talento, não demorou muito para despontar na carreira de repórter esportivo nos jornais O Esporte e Diário Popular. Além desses, também integrou o quadro de funcionários da Jovem Pan.
Nesse ínterim, o jovem jornalista foi escalado para cobrir um duelo no Maracanã, entre Santos e Fluminense, pelo Torneio Rio-São Paulo, no ano de 1961. Simultaneamente, após Pelé dominar a bola em seu campo de defesa e, com uma linda arrancada driblar seis adversários e tocar levemente para o gol, Beting criou a expressão “gol de placa“. Dessa forma, com o sucesso de seu jargão, o foca chegou à redação e sugeriu aos seus chefes que fizessem uma placa de bronze para eternizar o feito do camisa 10 do Peixe. Logo, o molde foi inaugurado no Maraca.
“Eu não sou o autor da expressão ‘gol de placa’ no futebol, eu sou o autor da placa do gol e o Pelé o autor do gol que ganhou a placa. Fui eu que tive a ideia, eu que fiz a placa e paguei com o dinheiro do meu bolso e a instalei. A partir daquele dia, todo o pessoal dos jornais de rádio começou a utilizar a expressão e hoje é do vocabulário comum”, declarou Joelmir Beting.
A PAIXÃO PELO PALMEIRAS
Joelmir Beting nunca escondeu de ninguém sua grande paixão pelo Palmeiras. Inclusive, o afeto pelo clube acabou por atrapalhar sua sequência no mundo do esporte. Isso porque, durante a disputa de um Dérbi, o jornalista não se conteve em comemorar o gol do Verdão. Consequentemente, sua atitude causou bastante polêmica e, após represálias, decidiu rumar para outras vertentes.

ARRISCANDO-SE EM OUTRA PAIXÃO: A ECONOMIA
Logo, alçando novos voos, Beting resolveu se arriscar na economia, que também o fascinava. Desse modo, não demorou muito para redigir matérias sobre o tema. Posteriormente, como resultado, em 1968, assumiu o cargo de editor de Economia da Folha de S. Paulo e, mais tarde, em 1991, foi para o jornal Estado de S. Paulo. Em meados de 2004, escreveu colunas diárias reproduzidas em quase uma centena de jornais brasileiros. Assim como, durante muitos anos trabalhou na Rede Globo, onde ficou conhecido pela forma didática como passava ao público as informações econômicas.
TAL PAI, TAL FILHO
Referência na economia, na comunicação e eternamente lembrado em nossas memórias, o grande mago do jornalismo brasileiro se foi, mas deixou conosco seu filho, Mauro Beting, que segue seus passos com maestria. Formado em jornalismo no ano de 1988, na FIAM-FAAM, Beting filho iniciou a carreira antes mesmo do diploma, em 87. A partir disso, passou por diversos veículos, como Rádio Bandeirantes, Esporte Interativo, Lancenet!, TV Gazeta, TV Manchete e Record. Logo, tornou-se um dos maiores comunicadores do país. Em recente live com o time do 3, o veterano com mais de 30 anos de carreira, disse que sua iniciação no jornalismo se deu, obviamente, por conta da influência de seu pai.
“É algo que vem de berço. Meu pai era jornalista e locutor, minha mãe era produtora, filha do diretor. Eu sou filho do rádio. Então, eu nunca me imaginei fazendo outras coisas. É um conjunto, entre tradição de família, paixão pelo Palmeiras etc.”, disse Mauro Beting.
Por fim, no bate-papo, Mauro relembrou o falecimento de Joelmir, dizendo que anunciará a fatídica notícia durante uma cobertura de classificação do São Paulo para a Copa Sul-Americana.
“Naquele 29 de novembro de 2012, eu tive o meu maior e pior momento no jornalismo, que foi anunciar ao vivo a morte do meu próprio pai”, relembrou Mauro.
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Foto destaque: Reprodução/Jornal O Eco