Operação Penalidade Máxima: tudo que você precisa saber sobre o escândalo de manipulação de resultados do futebol brasileiro

A Operação Penalidade Máxima veio à tona nas últimas semanas e chocou o futebol brasileiro. Mais de 30 jogadores (entre investigados e citados) foram apontados como participantes de um esquema de manipulação de jogos através de apostas esportivas. O Ministério Público de Goiás é o órgão que está à frente da investigação do escândalo e a cada dia revela informações cruciais visando o desmonte do grupo criminoso.

Diante da repercussão gigantesca do caso, o Futebol na Veia destrinchou o mundo das apostas esportivas e listou alguns questionamentos chaves para você, leitor, se inteirar e ficar por dentro de tudo sobre o tema.

Operação Penalidade Máxima: tudo que você precisa saber sobre o escândalo de manipulação de resultados do futebol brasileiro
O Ministério Público de Goiás é o órgão à frente das investigações da Operação Penalidade Máxima (MP-GO)

Como se dá o funcionamento das apostas esportivas?

De maneira geral, os sites de apostas esportivas funcionam do seguinte modo: o apostador aposta que algum fato acontecerá na respectiva partida, seja vitória de certo time, número de gols feitos, escanteios, autor do tento, entre outros.

Caso o evento apostado aconteça, o apostador recebe o valor aplicado e mais um montante extra. O total é calculado com base na cotação da aposta (as chamadas “odds”), multiplicada pela quantia investida.

Como é possível manipular resultados?

Assim como ocorreu na Operação Penalidade Máxima, é ‘possível’ escolher um evento esportivo e combinar de maneira antecipada com um jogador. O atleta então realiza o resultado da aposta depois de receber um valor acordado com o apostador antes do jogo. O montante é calculado levando em conta o lucro a ser recebido com a aposta.

Um exemplo foi o que ocorreu com Eduardo Bauermann, zagueiro do Santos envolvido no esquema de apostas. O jogador combinou de maneira antecipada com apostadores e embolsou uma quantia em dinheiro para receber um cartão amarelo durante o jogo contra o Avaí, pelo Campeonato Brasileiro de 2022.

Como funcionava o esquema denunciado pelo Ministério Público de Goiás?

Chefe do esquema de apostas, Bruno Lopez entrava em contato com os jogadores e fazia a proposta em dinheiro para que os atletas cometesses infrações durante os jogos. Pênaltis, cartões amarelos e vermelhos eram algumas das combinações que o criminoso solicitava.

Camila Silva da Motta, esposa de Bruno Lopez, era a responsável por fazer a transferência do dinheiro para os jogadores, em duas parcelas. Primeiramente, um adiantamento era depositado na conta dos atletas. O restante da quantia, por sua vez, era transferido caso o resultado acordado entre as partes ocorresse no evento esportivo em questão.

Operação Penalidade Máxima: tudo que você precisa saber sobre o escândalo de manipulação de resultados do futebol brasileiro
Bruno Lopez, chefe da máfia de manipulação de jogos no futebol brasileiro (Instagram)

Quem descobriu o esquema de manipulação de resultados?

Hugo Jorge Bravo, presidente do Vila Nova, foi quem descobriu o esquema de manipulação de resultados e iniciou a investigação. Em novembro de 2022, o mandatário ficou sabendo que Romário, volante da equipe goiana, havia sido contactado por um grupo de apostadores para que cometesse um pênalti no jogo contra o Sport, válido pela última rodada da Série B.

Após ficar ciente do esquema, Hugo iniciou uma investigação e chegou até Bruno Lopez, chefe da máfia de manipulação de jogos. O mandatário denunciou o caso para o Ministério Público de Goiás, que instaurou a primeira fase da Operação Penalidade Máxima. Inicialmente, foi apontado que quatro jogos da Série B sofreram manipulação. Oito jogadores e seis integrantes da quadrilha acabaram denunciados.

Na segunda fase da operação foi descoberto que o esquema se estendeu até a jogos da MLS, liga de futebol dos Estados Unidos, além de manipular resultados de Campeonatos Estaduais e das Séries A e B do Brasileirão. Dezenas de jogadores foram denunciados ou citados na investigação. Quatro deles fizeram acordo com o Ministério Público para colaborar com a apuração da justiça.

Quem são os jogadores envolvidos no esquema de apostas?

Denunciados na Operação Penalidade Máxima

Fase 1

Ygor Catatau (ex-Sampaio Corrêa)
Allan Godói (ex-Sampaio Corrêa, atualmente no Operário Ferroviário)
André Luiz (Ituano)
Mateusinho (Cuiabá)
Paulo Sergio (ex-Sampaio Corrêa, atualmente no Operário-PR)
Gabriel Domingos (ex- Vila Nova)
Joseph (Tombense)
Romário (ex-Vila Nova)

Fase 2

Eduardo Bauermann (Santos)
Gabriel Tota (ex-Juventude e Ypiranga)
Paulo Miranda (ex-Juventude)
Victor Ramos (ex-Portuguesa, atualmente na Chapecoense)
Igor Cariús (ex-Cuiabá, atualmente no Sport)
Fernando Neto (ex-Operário-PR, atualmente no São Bernardo)
Matheus Gomes (ex-Sergipe)

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Eduardo Bauermann foi apontado pelo MP-GO como um dos jogadores envolvidos no esquema de apostas (Raul Baretta/Santos FC)

Jogadores que fizeram acordo com a justiça

  • Moraes (Juventude)
  • Kevin Lomónaco (Red Bull Bragantino)
  • Nikolas Farias (Novo Hamburgo)
  • Jarro Pedroso (ex-São Luiz, atualmente no Inter de Santa Maria)

Jogadores afastados pelos clubes

Os atletas citados abaixo não foram denunciados, mas aparecem em provas (prints de conversas) da Operação Penalidade Máxima. Após os clubes tomarem ciência, os seguintes jogadores acabaram afastados.

  • Richard (Cruzeiro)
  • Vitor Mendes (Fluminense)
  • Alef Manga (Coritiba)
  • Jesús Trindade (Coritiba)
  • Raphael Rodrigues (Avaí)
  • Max Alves (Colorado Rapids, dos EUA)
  • Eduardo Bauermann (Santos)

Jogadores desligados pelos clubes (rescindiram contrato)

  • Romarinho (ex-Vila Nova)
  • Gabriel Domingos (ex-Vila Nova)
  • Pedrinho (ex-Athletico)
  • Bryan García (ex-Athletico)
  • Nino Paraíba (América-MG)

*A lista de jogadores pode aumentar, visto que a operação está em andamento. Até esta quarta-feira (17/05/2023), data do fechamento desta matéria, todos os atletas citados nas investigações foram elencados acima.

Guilherme Calvano

Guilherme Calvano

Carioca, 23 anos. Cobri o Flamengo no Coluna do Fla e o Chelsea no Blues of Stamford. Repórter de futebol nacional e sul-americano no Futebol na Veia.