Mestre Ziza, um ser humano simples, mas um jogador extraordinário. Ser ídolo do Rei Pelé, substituir Leônidas da Silva no time do Flamengo, sucedido na idolatria por Zico, mentor de Gérson, não é para qualquer um.
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O COMEÇO
Tomás Soares da Silva, mais conhecido como Zizinho, nasceu no dia 14 de setembro de 1921. Nascido e criado em Niterói, o menino Tomás sempre foi apaixonado pelo futebol, foi reprovado em seu time de coração o América. Muitos 0 avaliavam como magro demais e que não tinha porte físico para aguentar jogar futebol, assim, foi jogar no time do seu bairro, o extinto time de futebol Byron.

SAI LEÔNIDAS, ENTRA ZIZINHO
Agora como Zizinho, o menino foi para o Flamengo jogar na base, em 1939, aos 18 anos, o jovem, assistia ao treino do time titular sentado na pista olímpica, quando o ídolo e melhor jogador do time, a lenda, Leônidas da Silva, sente uma lesão e sai mancando. O técnico Flávio Costa então chama o garoto que estava só assistindo. Era o ponta pé inicial de uma carreira de extremo sucesso regada a uma genialidade pouco vista até hoje. Zizinho entra no treino dribla vários marcadores e faz o primeiro gol, depois pega uma bola na ponta direita dribla mais 4 marcadores e faz mais um gol, ao final o técnico o chama e diz “Corte o cabelo e volte amanhã”.
ZIZINHO: A REFERÊNCIA
Zizinho agora no Flamengo, jogaria ao lado de grandes nomes do futebol mundial como Domingos da Guia e Leônidas da Silva, só com a ida do “Diamante Negro”, em 1942, para o São Paulo, é que Zizinho assumia de vez a titularidade no rubro negro. Aliás, foi justamente nesse período que Zizinho e cia conquistaram uma das grandes glórias do Flamengo, o tri campeonato carioca 1942, 1943 e 1944. O time até hoje é conhecido pela quantidade de gols que fazia na época. Ainda em 1942 Zizinho é convocado pela primeira vez para a seleção brasileira.

O PRIMEIRA MEIA DO BRASIL
Já na seleção em 1943 Zizinho jogava mais recuado, era o responsável por lançar, marcar e chegar a frente para fazer gols, aliás foi esse modelo de jogo que a seleção de 1958 usou muito na Copa e que foi campeã na Suécia. A missão de Zizinho sempre foi municiar os atacantes, mas era constante os gols do primeiro meia do Brasil.
DO FLAMENGO AO BANGU: O PRIMEIRO BAQUE
Antes da Mundial em 1950 ele se via envolvido em uma troca de clubes contra a sua vontade. O presidente do Flamengo a época teria dito ao presidente do Bangu que não existia jogador inegociável, então o presidente do Bangu perguntou quanto o Flamengo queria por Zizinho. A resposta foi um sonoro 800 mil cruzeiros (o que na época era uma fortuna), assim sendo Zizinho ainda em 1950, mas, após a copa era jogador do Bangu.

COPA DE 50: UM CRAQUE SEM O TÍTULO
Zizinho jogador de enorme sucesso no futebol brasileiro é convocado para jogar a Copa do Mundo de 1950. O time era incrível, com grandes jogadores no time como Barbosa, Friaça, Jair da Rosa Pinto, Ademir entre outros, mas a grande estrela do time era Zizinho. Com 28/29 anos estava no auge da forma e tinha a missão de ser o motor daquele grande time, curiosamente era o meia articulador, mas, no entanto, jogou com a 8 a copa enquanto a 10 ficava para um meia mais ponta que era Jair da Rosa Pinto. Começa a copa e Zizinho está machucado e não enfrenta o México e a Suíça, só na última rodada da fase de grupos Zizinho estreia e faz o primeiro gol naquele mundial. A Copa de 1950 como terminou todos sabemos, vitória no Maracanã do Uruguai por 2 a 1 e Zizinho perdeu a chance ali de ser coroado como um dos maiores, de consolo foi eleito o melhor jogador da copa.

PÓS COPA: PIOR MOMENTO DA VIDA
Zizinho sempre foi uma pessoa simples, mas muito correta, muito elogiavam o seu profissionalismo, ele sabia separar a hora do lazer onde costumava se divertir e muito da hora de trabalhar. Zizinho ao fim sem o título, volta ao Bangu e ao enfrentar o Flamengo, seu ex clube, não teve dó, vitória por 6 a 0 com um show do Mestre Ziza. A passagem pelo Bangu não teve títulos mas teve brilhantes apresentações, o meia era o principal jogador do país, em 1954 por divergência a CBD não disputou a Copa na Suíça, muitos acreditam que se Zizinho fosse a copa de 54 o Brasil teria o seu primeiro título.
SUPER TIME NO SÃO PAULO
Em 1957, já em fim de carreira, aos 35 anos de idade, Zizinho se transfere para o São Paulo e vem para ser o maestro do time que já contava com grande elenco com Gino, Canhoteiro, Poy, Mauro Ramos. Até hoje aquele time de 57 pode ser considerado pelos tricolores um dos maiores de todos os tempos, mas antes do campeonato foi difícil, a dúvida era gigante se aquele time com o veterano Zizinho daria certo. O time deu e muito certo e foi campeão paulista de 1957, aquele foi o último time do mestre Ziza. A Copa de 58 chegava e muitos queriam a experiência de Zizinho naquela seleção, mas era hora de deixar um jovem de 17 anos ser convocado e fazer história.

PÓS FUTEBOL E A MORTE
Zizinho se aposentou em 1962, treinou alguns times, foi fiscal de renda do estado do Rio de Janeiro e ficou sossegado, conseguiu a aposentadoria e viveu sempre no seu estado natal. No dia 8 de fevereiro de 2002, aos 80 anos, o nosso genial meia, habilidoso, rápido, não conseguiu driblar os problemas no coração e nos deixou para ser o camisa 10 no céu.
Zizinho foi gênio, um meia rápido, inteligente, com um físico invejável, ele era o que podemos chamar hoje do meia moderno, que marca, mas que sabe sair para o jogo muito bem, entra na área e faz gols. O futebol não era moderno em sua época mestre, mas você era e é até hoje. Que os Deuses do futebol cuidem bem de você, quem ama futebol tem que saber, Zizinho foi e é um dos grandes do futebol mundial.