O Instituto Vinicius Jr. fica em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, na cidade onde o jogador nasceu. A entidade é voltada para a educação e, há quatro meses, também promove um programa antirracismo. A iniciativa trabalha temas relacionados à forma com que o racismo se mostra e como combatê-lo, e está sendo trabalhada pela equipe pedagógica de sua entidade, além do professor Allan de Souza.
O programa tem como público-alvo os professores da rede pública carioca que, após assimilarem o conteúdo, ficam aptos a trabalharem essas premissas com seus alunos em sala de aula. Além disso, também tornam-se capazes de identificar situações racistas, para um combate mais efetivo desses episódios.
“Fizemos duas oficinas para as professoras da rede municipal do Rio de Janeiro, em escolas que já são atendidas pelo Instituto Vinicius Jr. Estamos trabalhando agora no desenvolvimento de um manual de ‘Educação Antirracismo na Prática’ e montando um planejamento para difundir as oficinas para outras escolas da rede pública de todo o país”, declarou o instituto em suas redes sociais.
A ideia para o programa surgiu a partir do próprio Vinicius Jr., vítima de seguidos ataques racistas nos últimos anos. A iniciativa partiu da preocupação do atacante brasileiro em ajudar pessoas a serem mais conscientes no âmbito do preconceito étnico-racial.
Entenda o caso e veja o diálogo de Vinicius Junior, do Real Madrid, em outra situação de racismo em La Liga
O caso aconteceu no último domingo (21), no duelo entre Valência x Real Madrid, pelo Campeonato Espanhol. Por volta dos 30 minutos do 2º tempo, a torcida do Valência começou a proferir a palavra “mono” (macaco em espanhol), em referência ao jogador brasileiro. Atrás da meta do goleiro mandante, o atacante do Real Madrid viu um torcedor imitando um macaco em sua direção. A partir daí, ele tentou sinalizar o incidente para o árbitro da partida. O diálogo a seguir foi mencionado pelo dublador Gustavo Machado.
“Aí, vem cá que eu te mostro. Foi ele. Foi ele que começou. Eu vi. Ele me chamou de macaco, ficou fazendo gesto para mim“, disse Vini Jr.
Na sequência, o espanhol Lucas Vásquez, companheiro de equipe de Vini, foi até o torcedor referido e tentou defender o camisa 20 do Madrid: “Seu racista de m*. Some daqui”.
Em seguida, alguns jogadores do Valência tentaram “acalmar” Vinícius Junior, com algumas frases como “Calma, futebol é assim mesmo, não pode esquentar a cabeça com isso” e “Se acalma, faz parte, se acalma”. O brasileiro respondeu: “Como que fica tranquilo?!”.
Por fim, Ricardo De Burgos Bengoetxea, árbitro da partida, conversou com o jogador madrilenho: “Calma, Vinícius, o pessoal está avaliando a situação e vão avisar para a torcida parar. Vamos retomar o jogo”, disse. Nos últimos minutos do jogo, outra confusão envolvendo o jogador, desta vez, um empurra-empurra com o goleiro Mamardashvili, que partiu para cima de Vinicius Junior. Ambos levaram cartão amarelo.
Entretanto, no meio da confusão, o jogador brasileiro foi agarrado pelo pescoço por um jogador do Valência e, na tentativa de sair dos braços do adversário, acabou acertando Hugo Duro. Com isso, o VAR acabou chamando De Burgos para expulsar o camisa 20 do Real Madrid.
Depois da punição, o brasileiro contestou a arbitragem com as seguintes palavras: “Aí, ele me enforcou e tu não vai fazer nada? Você está de sacanagem? Seu problema é comigo, seu imbecil?”. Já na saída do gramado, após receber o cartão vermelho e sob muitas vaias no Estádio Mestalla, Vini disse: “Vocês vão todos para a segunda divisão”.