“Cometeu uma agressão”, imprensa reage após atitude de Abel Ferreira

O Palmeiras empatou no último domingo (28) com o Atlético-MG, por 1 x 1, fora de casa. Entretanto, o extra-campo, especialmente por Abel Ferreira, chamou mais atenção que a partida. Na zona destinada à imprensa, o jornalista Pedro Spinelli, da TV Globo, teve seu celular retirado pelo técnico português, enquanto gravava uma conversa de integrantes do Verdão com a arbitragem.

Na entrevista coletiva, o técnico pediu desculpas caso tenha se excedido e reclamou “hoje todos têm câmeras”.

Vou fazer um esclarecimento, uma vez que todo mundo aqui gosta de transformar um copo d'água em uma tempestade. Passou-se aqui uma discussão, uma confusão no túnel, entre nosso diretor-esportivo e um dos assistentes da arbitragem. E tinha ali, não sei se repórteres, a filmarem tudo. Eu peço desculpas se me excedi. São coisas do futebol, isso é muito nosso, mas infelizmente hoje todos têm câmeras. Peço desculpas se me excedi. Há coisas que a imprensa não tem que saber. Mas antes que vire uma tempestade, são coisas que se passam“, falou.

Abel justificou sua atitude extrema com “invasão de privacidade”, apesar de o local onde o jornalista estava ser destinado realmente à imprensa.

Sabe o que é invadir a privacidade? Eu senti invadirem a minha privacidade. Eu não posso estar aqui falando com ele, e você vem aqui (gesticula como se estivesse filmando). O que eu senti foi invasão de privacidade“, completou.

A ação de Abel Ferreira contra o jornalista gerou uma onda de solidariedade ao jornalista atingido e também sobre os limites ultrapassados pelo técnico. Alguns colegas afirmaram que a atitude foi censura e até uma agressão, impedindo a liberdade de imprensa.

Não consegui entender ainda o tom ameno e conciliador de muitos jornalistas com a aberração cometida por Abel Ferreira. O treinador, acompanhado por um brutamonte, cometeu uma agressão, impediu o livre exercício da atividade jornalística e violou garantias de liberdade de imprensa e informação. E piorou na coletiva, já passado algum tempo, em um pedido capenga e cínico de desculpas que, cheio de condicionais, não foi um pedido de desculpas“, escreveu o repórter investigativo Lúcio de Castro, da Agência Spotlight.

Injustificável o que fez o Abel Ferreira. Não tem clubismo ou título que passe pano pra isso. O produtor estava em uma zona destinada aos jornalistas. E não é o treinador quem decide o que deve ou não ser publicado. Arrancar o celular da mão de alguém é bizarro“, comentou Bruno Forminga, da TNT Sports.

Tirar celular de jornalista não é destempero, se exceder, é censura. Não é o Abel Ferreira que decide o que vai para o público ou não, se tá em lugar público, é permitido filmar. E ele não pediu desculpas coisa nenhuma, tanto que achou tampar a cena justificável. No suposto pedido de desculpas de Abel, ele diz: “Há coisas que a imprensa não precisa saber” e tem um monte de jornalista aí aplaudindo ‘olha, ele pediu desculpas'. Ou falta um mínimo de interpretação ou os caras não entenderam a natureza da própria profissão“, disse Rodrigo Mattos, do UOL.

Confira outras reações:

Carlos Vinícius Amorim

Carlos Vinícius Amorim

Carlos Vinicius é nascido e criado em São Paulo e jornalista formado pela Universidade Paulista (UNIP). Na comunicação, escreveu sobre futebol nacional e internacional no Yahoo e na Premier League Brasil, além de esports no The Clutch. Como assessor de imprensa, atuou no setor público e privado.