Os Estaduais são uma tradição no futebol brasileiro. Embora alguns acreditem que deveriam ser extintos – por conta do calendário apertado que temos no Brasil -, eles têm uma grande importância. É aquela opinião de torcedor, “se vencer, é mais do que obrigação”. Mas se o time faz uma campanha aos trancos e barrancos, “que time sem vergonha, não ganha nem estadual”. Por isso, é tão significativo começar a temporada com uma boa campanha nesse campeonato.
A princípio, falando sobre tal competição, você, leitor, já deve ter se lembrado de algum lance do seu time de coração. Seja um golaço do clube na época, o título que marcou uma reviravolta na história da equipe. Daquele jovem da base que acabou sendo lançado pelo treinador ou da equipe que dava indícios que faria uma grande temporada. Logo, hoje na coluna “Rasgando o Verbo”, viemos discutir sobre como os Estaduais podem ser um bom momento para os técnicos conhecerem seus elencos?
Menos de um mês no comando, Ariel Holan já recebe elogios dos jogadores dos Santos.
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— Jovem Pan Esportes (@JovemPanEsporte) March 27, 2021
Estaduais: momento importante para os técnicos
O primeiro campeonato oficial depois da pré-temporada são os Estaduais. E são neles que os treinadores têm mais liberdade para testar diferentes opções táticas para a equipe e outras variações de jogadas. Bem como, muitas vezes o trabalho desse treinador está apenas começando no time. O clube pode não ter feito uma boa campanha na última temporada. Assim, acaba trazendo um novo técnico. Logo, com um comandante recém-chegado, a melhor maneira dele conhecer o grupo é na prática.
Por isso, em minha opinião, existe tal importância para os treinadores nos estaduais. Por ser um campeonato que não tem o mesmo “peso” de antigamente, é o momento certo para estudar e colocar em prática algumas variações de jogo. Com isso, o técnico pode conhecer as características de seus jogadores e utilizar disso para treinar diferentes formas de jogar. Seja na parte defensiva, ofensiva ou na criação de jogadas. Pois, durante a temporada, é necessário ter o elenco em mãos e saber buscar alternativas para o sucesso nos campeonatos com um peso maior.
Treinadores precisam de mais tempo
Antes de tudo, no Brasil, é muito discutido sobre o tempo que é dado para os treinadores colocarem em prática sua filosofia de jogo. No ano de 2020, por exemplo, o técnico Thiago Larghi foi demitido com apenas seis jogos no comando do Goiás. Larghi assumiu a equipe no decorrer do Campeonato Brasileiro e não teve tempo hábil para conhecer o grupo e colocar suas ideias em prática. O que poderia ser diferente, se Larghi assumisse o clube no início da temporada. Poderia, assim, estudar e conhecer a equipe de uma maneira adequada.
Por outro lado, em contramão disso tudo, vamos analisar um exemplo recente de muito sucesso no Brasil. Jorge Jesus no Flamengo. Logo, vem na cabeça os vários títulos conquistados, as vitórias expressivas e o desempenho incontestável em campo. Entretanto, o início da campanha do treinador à frente da equipe rubro-negra foi um pouco desanimadora.
Nos primeiros cinco jogos de Jesus no comando do Flamengo, a equipe venceu apenas uma. Inclusive com direito a eliminação nos pênaltis pela Copa do Brasil para o Athletico-PR e derrota para o Emelec na primeira fase de mata mata da Libertadores. Dado a isso, a importância de dar mais tempo para os treinadores colocarem suas ideias em prática. Já imaginou se o Flamengo demitisse o Jorge Jesus logo no inicio de sua campanha?
Carioca é amistoso? Jorge Jesus respeita, mas não vê tanta importância no Estadual. pic.twitter.com/2tGsFxNTyh
— SportsCenter Brasil (@SportsCenterBR) February 4, 2020
Assim, encontrar um equilíbrio no tempo cedido ao treinador, é importante. Algumas vezes, as ideias do comandante são mal absorvidas pelos jogadores. O que acaba resultando no insucesso da equipe. Contudo, em outros casos, o técnico precisa de mais tempo para que os jogadores entendam sua forma de pensar, assim encontrando o melhor caminho.
Foto destaque: Reprodução/Rodrigo Coca/Ag. Corinthians