Saúdam o Brasil de Pelotas! 109 anos do primeiro campeão gaúcho, o Xavante!

Nesta segunda-feira (7), o Brasil comemora sua independência política-administrativa da Coroa Portuguesa pelas mãos de D. Pedro I. No entanto, outro Brasil também surgiria alguns anos depois. Isso porque, em um mesmo 7 de setembro como este, mas de 1911, o Grêmio Sportivo Brasil foi fundado. Assim, a coluna Parabéns ao Craque homenageia os 109 anos do popular Xavante, primeiro campeão gaúcho e um dos quatro maiores clubes do Rio Grande do Sul. Além disso, suas vitórias são à base de muita suor e garra de seus guerreiros jogadores.

DE UMA CONTROVÉRSIA, NASCEU O BRASIL DE PELOTAS

Logo, como toda boa história, começou antes da data oficial de sua fundação. Assim, no início do Século XX, durante um dia normal na sede do Sport Club Cruzeiro do Sul, enquanto estava sendo erguida uma cerca ao redor do campo, o grupo de jogadores chegaram para treinar. No entanto, naquela dia, alguém teve a ideia de adiar o treinamento e aproveitar a ida dos atletas para que eles ajudassem na atividade.

Acontece que dois deles ficaram insatisfeitos com a ordem e foram embora. Assim, caminhando, os jogadores chegaram ao centro da cidade de Pelotas e lá decidiram criar um novo clube. Logo, tratava-se de Breno Correa da Silva e Salustiano Brito. Onde chegaram foi erguido o atual Estádio Bento Freitas, onde o Brasil manda seus jogos, na Baixada Gaúcha. Após várias reuniões e a adesão de outros pioneiros, foi criado o Clube do Povo: o Grêmio Sportivo Brasil.

NOS PRIMEIROS ANOS, AS GLÓRIAS

Assim, com uma criação singular e inusitada, o Brasil de Pelotas já nasceria campeão. Isso porque, oito anos depois, em 1919, o Xavante já era tricampeão citadino, mas, neste ano, houve a criação do primeiro Campeonato Gaúcho de Futebol. Logo, o Rubro-Negro atravessaria 16 horas em navio a vapor até chegar a capital para enfrentar, na final, o Grêmio.

Dessa forma, superando o favoritismo do Tricolor, o o Clube do Povo escreveu sua primeira página gloriosa ao aplicar uma sonora goleada de 5 x 1 e se sagrar o primeiro campeão gaúcho da história. Na volta à Pelotas, o Brasil foi recepcionado por milhares de torcedores com uma queima de fogos e passeata até a Praça Coronel Pedro Osório, no centro da cidade. Assim, tal conquista, hoje, está estampada no escudo Xavante.

Além de ser o primeiro campeão gaúcho, o Brasil de Pelotas ainda foi o primeiro a ter um estádio próprio. Pois, em 1916, o clube inaugurou a Praça dos Esportes, que se tornaria Campo do Bancário até virar CT Rubro-Negro. Já década depois, em 1943, o Clube do Povo levantou o Estádio Bento Mendes de Freitas, também conhecido como Baixada. A partir de então, sempre lotada com uma torcida numerosa e apaixonada, a arena virou palco para as mais memoráveis partidas do Xavante.

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JOGO-TREINO COM O URUGUAI CAMPEÃO MUNDIAL

Após a construção do Bento Freitas, o Brasil de Pelotas recebeu o convite da Seleção Uruguaia para realizar um jogo de preparação para a Copa do Mundo, em 1950. Assim, a delegação embarcou à Montevidéu e, em pleno Estádio Centenário, no dia 19 de março, surpreendeu o selecionado sul-americano ao vencer por 2 x 1 com gols de Darci e Mortosa. Além disso, o posterior título do Uruguai no episódio do Maracanazzo só aumentou a façanha da excursão xavante.

Anos depois, o Brasil de Pelotas continuou recebendo convites para excursões e realizou uma jornada de 104 dias pela América. Assim, enfrentando grandes e tradicionais equipes da América do Sul e Central, o Xavante conquistou, em 28 jogos, 16 vitórias, seis empates e apenas seis derrotas. Além disso, nas décadas seguintes ainda conquistaria o título de hexacampeão do interior gaúcho.

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AMIZADE FELIPÃO-MURTOZA E A MAIOR CAMPANHA DO INTERIOR GAÚCHO

Tamanho crescimento nos anos anteriores, com títulos de campeão do interior, deram ao Brasil de Pelotas a primeira participação na elite nacional. Assim, a equipe chegou na Série A em 1984, mas não foi muito bem e acabou a competição na 72ª posição. Já no ano seguinte, novamente na elite, teve desempenho melhor e finalizou a participação na 35ª colocação.

No entanto, o ponto de maior destaque é o início da amizade entre Luiz Felipe Scolari e o auxiliar Murtoza, que rendeu anos depois no Penta brasileiro. Assim, Felipão foi treinar o Brasil de Pelotas em 1983, e lá conheceu um de seus maiores amigos e parceiros de trabalho. E a união não ficou meramente no campo pessoal. Pois, com os dois, o Xavante foi campeão gaúcho do interior mais uma vez, sendo vice-campeão, perdendo a final para o Internacional. Além disso, fez campanhas honrosas na Série A.

Já em 1985, o Clube do Povo realizou a maior campanha dos clubes do interior do Rio Grande do Sul em Campeonatos Brasileiros. No entanto, ao chegar na semifinal, foi impedido de atuar no Bento de Freitas e mandou seu jogo contra o Bangu no Estádio Olímpico. Todavia, com duas derrotas na série ficaram com o terceiro lugar naquela edição.

DA TRAGÉDIA À RECONSTRUÇÃO PARA O FUTEBOL

No entanto, em sua história, o Grêmio Sportivo Brasil vivenciou a maior tragédia do futebol gaúcho. Isso porque, na noite do dia 15 de janeiro de 2009, o ônibus com a delegação xavante caiu de um barranco em Canguçu, interior gaúcho. Assim, na comitiva de 31 pessoas, uma das vítimas fatais foi o atacante uruguaio Claudio Milar, maior ídolo xavante com 111 gols marcados. Além dele, o zagueiro Régis Gouveia Alves e o preparador de goleiros Giovane Guimarães perderam a vida.

Assim, com o clube arrasado, o Brasil de Pelotas experimentou rebaixamentos à níveis estadual e nacional. Aos poucos, foi se reconstruindo e a partir de 2013, renasceu para o futebol brasileiro. Isso porque, quatro anos depois, retornou para a elite gaúcha e teve sua primeira participação na Copa do Brasil. Atualmente, como um dos exemplos de organização, o clube colecionou acessos seguidos nas divisões inferiores e é um dos atuais participantes da Série B.

Um clubes que nasceu do povo, foi campeão com o povo e se reconstruiu com o povo. Parabéns, Brasil de Pelotas! Como nos dizeres ditosos em seu site oficial: “”