No último sábado, 02, o São Paulo voltou a jogar no Morumbi, após o estádio ficar fechado desde dezembro do ano passado, por causa das reformas para deixá-lo dentro das normas da FPF e da FIFA. Durante o tempo que ficou fechada, a casa do Tricolor ganhou novas traves e um novo campo, com um gramado melhor – com um sistema de drenagem e adubação mais eficientes –, medindo 105m por 68m, dentro do padrão internacional.
No entanto, durante o jogo de reinauguração, contra o Oeste, pelo Campeonato Paulista, notou-se que havia algo faltando dentro das novas dimensões do campo; um vazio só notado e sentido por aqueles que estavam nas arquibancadas.
Quem chega ao estádio Cícero Pompeu de Toledo, conhecido popularmente como Morumbi, não é capaz de notar muita diferença. A cor das arquibancadas é mesma, o escudo do clube ocupa ainda o mesmo lugar, tudo muito parecido com que era anteriormente. Diferente, apenas o campo, menor do que antes, por exigência da FIFA, algo que talvez só seja percebido pelos jogadores na hora de fazer correr a bola.
Mas o que os poucos mais de 10.000 torcedores que foram ao jogo no último sábado percebiam, na verdade, era um vazio existente, como se o estádio estivesse sido reinaugurado com um elemento faltando. A ligação entre o sistema defensivo e o ataque não tinha a mesma energia, as defesas não eram mais como antes e, principalmente, as faltas na boca da área não rendiam a mesma expectativa.
Depois de um pênalti marcado contra a equipe de Itápolis, no segundo tempo da partida, ouviu-se da arquibancada o nome do goleiro Denis, como uma forma de reviver algo do passado. Pedido que nem chegou perto de ser atendido. E a penalidade, que desempataria a partida, até então com o placar de 1 a 1, acabou sendo desperdiçada pelo zagueiro Maicon.
Após a frustração do pênalti perdido, foi visto que o nome que os torcedores queriam gritar na realidade não era o de Denis, e sim o de outro goleiro, ou melhor, como os são-paulinos gostam de dizer, de um mito: Rogério Ceni.
Com 132 gols marcados, 1.237 partidas jogadas com a camisa tricolor (o atleta que mais defendeu o mesmo clube na história do futebol), três títulos da Libertadores, três Mundiais e vários recordes batidos ao longo da carreira, Rogério Ceni – ou a sua ausência – foi o motivo do grande vazio sentido no novo Morumbi. Apesar de ter se aposentado um pouco antes das reformas do estádio começarem, Ceni ainda é lembrado pela torcida do São Paulo, que carece de um jogador que a represente nos gramados, mesmo diante da crise, como o goleiro conseguia fazer.
No final, Maicon ainda conseguiu se redimir da cobrança mal batida e fazer o gol da vitória sobre o Oeste (2 a 1). Porém, o espaço vazio deixado pelo goleiro, artilheiro, líbero e capitão Rogério Ceni continua lá no mesmo lugar e, ao que tudo indica, ficará sem ser preenchido por um longo tempo.




