Perdemos mais uma batalha para o racismo

Antes de mais nada, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu na última quinta-feira (18), por 6 votos a 2, acatar o recurso do Brusque F.C e devolver os três pontos que o time perdeu após o caso de racismo contra o jogador Celsinho, do Londrina, ter sido julgado pela CBF. 

Do mesmo modo, o episódio aconteceu em jogo válido pela 21ª rodada da Série B 2021. Assim como, o meia do Londrina acusou o presidente do Conselho Deliberativo do Brusque, Júlio Antônio Petermann, de ofensas raciais. Segundo o relato do jogador, o dirigente do Brusque teria dito a frase “vai cortar esse cabelo, seu cachopa de abelha“.  Sob o mesmo ponto de vista, a denúncia foi feita ao árbitro da partida e, ainda em meio à repercussão do caso, o clube paranaense divulgou um vídeo em suas redes sociais no qual é possível ouvir o dirigente proferir a palavra “macaco”.

Assim sendo, a CBF puniu o Brusque com a perda de três pontos, além de afastar Petermann por 360 dias e multá-lo, foi convertida em perda de mando de campo em uma partida, no julgamento agora realizado pelo STJD. Ao mesmo tempo, a punição contra o dirigente foi mantida. Dessa forma, o caso colocou mais foco sobre o debate do combate ao racismo no Brasil.

  • DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

E o STJD perdeu a chance de seguir sua própria jurisprudência: em 2014, o Grêmio foi excluído da Copa do Brasil, após torcedores do clube gaúcho serem flagrados proferindo injúrias raciais contra o goleiro do Santos, Aranha.

Perdemos mais uma batalha para o racismo
Foto: Diego Guichard/GE

Opinião sobre os casos de racismo

O caso do Brusque me parece mais grave ainda, uma vez que partiu de um dirigente. O Grêmio, na ocasião, foi punido por atitudes de torcedores, que não representam o clube. Portanto, muito mais rigor deveria ser aplicado no caso de ofensa racial proferida pelo presidente do Conselho de qualquer clube. Fosse o Brusque FC um país,  o Sr. Petermann seria o chefe do Legislativo. 

Podemos entender que o melhor desfecho para o caso deveria seguir a jurisprudência do STJD e com o Brusque sendo rebaixado para a Série C do Campeonato Brasileiro, com suas duas partidas restantes perdidas por W.O.

Do mesmo modo, é inadmissível que o futebol brasileiro ainda seja conivente com qualquer tipo de preconceito, sobretudo quando parte dos clubes. O Brusque agora tem 44 pontos na Série B e vê seu risco de cair cada vez menor.

Sob o mesmo ponto de vista, na luta contra o racismo estamos perdendo de goleada. Ou tomamos atitudes severas ou o Celsinho de hoje terá outro nome amanhã, depois de amanhã e depois e depois…

Foto destaque: Isaac Fontana/Gazeta Press

Paulo Henrique Araújo

Paulo Henrique Araújo

Apaixonado por futebol desde antes do que possa lembrar. Comentarista esportivo por amor e constante aprendiz do maior esporte do mundo.