A crise que o Cruzeiro enfrenta parece não ter um fim. Após ser condenado pela FIFA, o time da toca está em mais um apuro. Agora a raposa enfrente mais uma dura batalha não nos campos, mas sim na justiça. Caso não pague o clube ucraniano pela contratação do atacante Willian Bigode, o time corre o risco de perder mais seis pontos ou no pior dos casos, ser rebaixado a série C.
ENTENDA O CASO
Depois da punição da Fifa que retirou seis pontos do clube na Série B, o rei de copas tem problema futuro de mesma natureza. O clube precisará pagar R$ 11,2 milhões (1,8 milhão de euros) ao Zorya FC, da Ucrânia até o próximo dia 29 de maio. Esse valor é referente à contratação do atacante Willian, no ano de 2014. Caso contrário, serão menos seis pontos na segunda divisão 2020.
Bigode, como é conhecido, veio ao zeiro em 2013, em negociação com o Metalist Kharkiv (UCR), envolvendo a ida de Diego Souza à Ucrânia. O jogador chegou com contrato de empréstimo de um ano, sendo adquirido de forma definitiva em 2014. Em março do mesmo ano, a Ucrânia eclodiu em conflito interno envolvendo a região da Crimeia. O presidente ucraniano caiu e, com ele, seus aliados. Então, o Metalist ficou sem presidente. O jovem bilionário do mercado de gás natural, Sergey Kurchenko ficou foragido.
Ademais, o clube desamparado de comando, transferiu a sede para a cidade de Luhansk, onde fica o Zorya. A dívida pelo atleta então, acabou transferida entre os clubes, além de outros créditos e propriedades. Hoje, o Metalist responde a um processo de falência na Ucrânia. Entretanto, em 2016, o clube chegou a ser dissolvido pela Federação Ucraniana, tanto que a entidade “ressurgiu” sob novo nome: FC Metalist 1925 Kharkiv.
Em 2017, o centroavante foi negociado pelo clube mineiro junto ao Palmeiras numa troca por três temporadas com o meia-atacante Robinho. Na época, Gilvan, então presidente celeste, havia dito que Willian era 100% do cabuloso.
Cruzeiro perderá mais 6 pontos se não pagar R$ 11,2 milhões em 9 dias. O valor é referente a contratação de Willian Bigode, em 2014, jogador veio do time Zorya FC, da Ucrânia. pic.twitter.com/MhWPKo0chM
— Futraiz_fc (@futraiz_fc) May 22, 2020
SIMILARIDADE COM O CASO DENILSON
Na última terça-feira, a Fifa decretou imediata punição ao Cruzeiro (perda de seis pontos) por não cumprir prazo de 90 dias para sanar dívida com o Al Wahda (850 mil euros, equivalentes aos R$ 5,3 milhões na cotação atual pelo empréstimo do volante Denilson). A condenação não extingue o problema e haverá nova data para o time de minas quitar o débito (prazo de cinco meses aproximadamente), sob risco de ser rebaixada para a Série C. O quadro com o Zorya é bastante similar, com dívida ainda mais antiga do que a que envolve o volante.
COMO ANDAM AS NEGOCIAÇÕES
Há um contato direto entre as partes para solucionar o problema. A princípio uma proposta de parcelamento do 1,8 milhão de euros proposta pelos dirigentes cruzeirense não foi aceita pelos ucranianos. Além disso, a tendência é que o clube brasileiro tenha que pagar integralmente a situação na Fifa, sem novos descontos ou repactuação.
Fazer um acordo extrajudicial em dívidas na Fifa, significa excluir a ação no órgão máximo do futebol. Na visão do Zorya, qualquer pacto ofertado pelo Cruzeiro, por mais vantajoso que possa parecer no papel, teria o risco de não ser cumprido posteriormente e, com isso, o clube ucraniano teria de começar do zero uma nova reclamação na Suíça – “tendo de esperar mais cinco anos”, disse uma fonte. O Cruzeiro está ciente dessa situação.
Em suma, a dívida com o Zorya será o primeiro grande obstáculo que o novo presidente do Cruzeiro, Sérgio Rodrigues. Entretanto isso, segundo Saulo Fróes (presidente do conselho), o novo mandatário está ciente da questão e afirma ter condições de sanar o débito. Mas o conselho gestor, segundo ele, ainda busca soluções para a dívida.
Foto destaque: Guerreiro dos gramados


