Nesta terça-feira (19), o Cruzeiro foi comunicado pela FIFA que inciará a Serie B com seis pontos negativos. Tal medida se deve, ao não cumprimento da ordem de pagamento do volante Denilson, pelo empréstimo de seis meses junto ao Al Wahda em 2016. A Raposa recebeu no início de março a primeira ordem de pagamento, entretanto, como tal decreto não foi cumprido, a pena foram os pontos.
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ENTENDA O CASO
A dívida no caso Denilson, é uma das que mais chama atenção na toca da raposa. O jogador, que chegou para se recuperar de uma lesão, esteve apenas por seis meses defendo o rei de copas, entre o meio e o fim de 2016 e fez apenas cinco jogos, dois como titular. O clube não pagou os 850 mil euros acordados pelo empréstimo e passou a discutir a ação na FIFA. À época, o clube árabe aceitou pagar a totalidade dos salários do volante enquanto ele estivesse na toca.
O time tinha até esta segunda-feira para realizar o pagamento dos 850 mil euros ao time dos Emirados Árabes, em valor que beira os R$ 5 milhões na cotação atual. O clube tentou negociar, através do superintendente jurídico, Kris Brettas, o parcelamento e até um adiamento, mas não obteve êxito. A informação foi divulgada nesta terça à noite pela Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte. De acordo com a emissora, a FIFA comunicou a CBF sobre a punição, que não cabe recurso.
Agora, o clube mineiro terá um novo prazo para realizar o pagamento da dívida. Caso não cumpra, receberá uma nova pena da FIFA, ainda mais rigorosa, o rebaixamento de divisão é uma possibilidade.
O QUE DIZ O CRUZEIRO
A diretoria cruzeirense afirmou que ainda não foi notificado da decisão da perda dos pontos, mas estava ciente da possível punição. Os dois candidatos à presidência, inclusive, foram notificados da situação, Sandro González, CEO do Cruzeiro, explicou como estavam as negociações.
“Vínhamos tentando um adiamento para o segundo semestre, mas os dirigentes do Al-Whada foram taxativos. Eles disseram que o processo corre há mais de quatro anos na Fifa e ninguém do Cruzeiro, nenhum dirigente neste período todo, procurou o Al-Whada para buscar um acordo. Eles disseram que se sentiram frustrados e descrentes, e que por isso não poderiam facilitar nada para o Cruzeiro neste momento. Nós explicamos a eles que o clube também foi uma vítima de tudo o que aconteceu nos últimos anos, que agora são outras pessoas que estão à frente da instituição, e que temos a total intenção de resolver. Já tínhamos tratativas avançadas desde a semana passada, e vamos fazer de tudo para evitar qualquer tipo de punição ao Cruzeiro”, disse o dirigente.
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POSSÍVEIS PROBLEMAS FUTUROS COM A FIFA
A situação do gigante mineiro é muito complicada, apenas em contratações o Cabuloso deve mais de 80 milhões. O caso da contratação de com ordem de pagamento para o fim de maio deve trazer mais prejuízos desportivos. Grande parte do déficit ocorreu, na gestão do ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares. Apenas um caso discutido, até o momento, se refere à gestão de Wagner Pires de Sá, a do empréstimo do atacante Pedro Rocha. Há outros processos que não cabem mais recurso e que terão de ser pagos. É o caso de Arrascaeta (Defensor, do Uruguai), Riascos (Morelia) e Rafael Sobis (Tigres).
PREJUÍZO COM JOGADORES NA JUSTIÇA
Desde dezembro, vários atletas deixaram o clube desta maneira. Contudo, segundo cálculos da administração as saídas por vias judiciais geraram um prejuízo de cerca de R$ 60 milhões. O valor, foi baseado na valorização dos jogadores no marcado. David, Éderson, Fred, Rafael, Thiago Neves e Fabrício Bruno estão entre os exemplos citados.
As ações judiciais foram motivadas pelo atraso no pagamento de salários, que se tornou algo constante no segundo semestre do ano passado. Com a folha do futebol girando em torno de R$ 16 milhões, os atletas ficaram sem receber entre setembro de 2019 e janeiro deste ano, podendo assim, pedir a rescisão unilateral do contrato de trabalho.
Entretanto, na maioria dos casos o clube conseguiu negociar extrajudicialmente com os jogadores. Assim ocorreu com David, Éderson, Rafael e Fabrício Bruno, que retiraram as ações trabalhistas. O mesmo não ocorreu com Fred, que teve uma liminar favorável à rescisão, mas ainda não acertou com outro clube, por não se tratar de uma decisão definitiva. Thiago Neves ainda cobra as dívidas na Justiça do Trabalho, mas chegou a um acordo pela rescisão e, atualmente, defende o Grêmio.
Foto destaque: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro