A derrocada do Timbu na Série B

Há dois meses, escrevi nesta mesma coluna sobre o trabalho de resgate feito por Hélio dos Anjos. Por outro lado, o futebol é extremamente dinâmico e a cada dia fica mais difícil jogá-lo – dado o nível técnico de competividade. O Timbu parecia encaminhar com tranquilidade uma subida de divisão. Agora não é tão plausível. Enfim, a proposta do texto é pontuar o que caracteriza a queda de produção do Náutico na Série B 2021. Afinal, a equipe já acumula cinco derrotas consecutivas (Coritiba, Confiança, Sampaio Corrêa, Avaí e Cruzeiro). O que aconteceu?

A lesão do centroavante Kieza

Me parece o principal motivo do enfraquecimento do Náutico. O jogador vinha se destacando na Série B, como o organizador das ações ofensivas do time de Hélio dos Anjos. Era um lampejo de criatividade e ousadia na equipe. Nesse sentido, é compreensível que a perda do referencial avançado afete o desempenho do Timbu. Além disso, a torcida do Náutico cobra muito Caio Dantas. Uma tremenda injustiça colocar nas costas dele o peso de manter a performance em alta. Lhe falta a experiência e o poder de fogo do contundido.

Fim do jogo coletivo do Náutico

Consequência direta do último parágrafo. O Náutico travou. Sem Kieza, o jogo coletivo morre e o Timbu se torna uma equipe defensiva. Perde o recurso que fazia o time ganhar. Em síntese, vemos o futebol da campanha sofrida de 2020 na Série B. Pode-se dizer que a saída de Erick também afetou o rendimento dos pernambucanos no torneio. Futebol reativo não funciona sem a peça do desafogo. Apesar da sequência negativa, o Náutico não pode desanimar. Tem o compromisso de lutar pelo acesso. Dar uma resposta ao torcedor. Hélio pediu o boné. O tempo urge.

O 4-2-3-1 do Náutico se exauriu?

Penso que sim. Esse esquema não dá certo se a bola não chega no ponta de lança. Aquela galinha que fica bicando na área, atrás de uma bola vadia. É verdade que o Náutico perdeu sua referência de artilharia. Sem contar que antes da lesão de Kieza, o Náutico já tinha problemas na circulação de bola. Afinal, não é possível subir as linhas para impor um estilo de jogo se falta o potencial de construção. A dedicação de Kieza na marcação também era um diferencial. Em suma, a entrega é outra e as características também. Cabe ao novo treinador encontrar um caminho.

Foto destaque: Divulgação / Marlon Costa – Pernambuco Press

André Filipe

André Filipe

Apaixonado pela dimensão histórica do futebol e pela ciência da bola. Gremista desde a Batalha dos Aflitos para o que der e vier. Sinto na escrita o calor latente das minhas paixões profissionais. Historiador, jornalista esportivo e jogador de pôquer nas horas vagas.