2021 foi um marco negativo para o futebol pernambucano. Sport e Santa Cruz terminaram rebaixados enquanto o Náutico deixou o acesso para a Série A escapar. Esse ciclo de enfraquecimento tem como consequência principal a perda do protagonismo regional. Hoje, Fortaleza e Ceará dominam o futebol nordestino e tentam consolidar uma hegemonia no médio a longo prazo. Especialmente no que se refere ao cenário nacional. Afinal, os rivais cearenses são atualmente os dois únicos representantes do Nordeste na Primeira Divisão.
Campeão Brasileiro (1987) e Campeão da Copa do Brasil (2008), o Sport até iniciou bem a Primeira Divisão. Porém, ficou vários jogos sem marcar um gol sequer e atolou na zona de rebaixamento. Por outro lado, o Náutico liderou boa parte da Série B durante o 1º turno. Era um forte candidato ao acesso, mas perdeu muito rendimento do meio para o final. Acabou longe do seu objetivo e enfrentará o Leão da Ilha na Série B. Já o Santa Cruz teve uma temporada terrível e segurou a lanterna do seu grupo na Série C. O que deu errado para os três?
A queda do Leão pernambucano
O Sport surpreendeu em 2021. Começou a Série A nas primeiras posições e o discurso era que a equipe buscaria uma vaga nas fases iniciais da Libertadores. O sonho não durou muito e logo a realidade bateu na porta. O Leão ficou oito partidas em jejum de gols. Até ganhou um fôlego quando venceu três jogos consecutivos, mas logo voltou a perder e não conseguiu mais sair da zona de rebaixamento. O time pernambucano fechou a competição em 19º lugar, com 38 pontos. Só ficou na frente da Chapecoense, que fez a pior campanha da história dos pontos corridos.
Em síntese, os desafios para 2022 são maiores. O nível técnico da Série B aumentou – inclusive devido a adição do Sport aos seus quadros – e subir será uma tarefa complicada. Desse modo, o Leão da Ilha aposta em um retrospecto positivo na competição para atingir suas pretensões. O Sport Recife quer utilizar a Copa do Nordeste como um laboratório para a Série B. É o momento de testar peças e formações táticas. O time precisa ter ritmo de jogo. Isso vale para os reforços e para quem ficou. Em 2022, o calendário apertou de novo e o Leão vai correr uma maratona.
Náutico: a decepção da Série B
Companheiro do Sport no segundo escalão, o Timbu queria mesmo é ter trocado de divisão com o arquirrival. Uma arrancada avassaladora animou a torcida alvirrubra. A briga pela liderança com o Coritiba nas primeiras rodadas da Série B parecia ser a tônica do campeonato. Todavia, o Náutico desmoronou no final do 1º turno ao passo que o Coxa foi capaz de manter a regularidade até o final. Nesse sentido, foi premiado com o acesso para a Série A. Já os alvirrubros ficaram a ver navios. O clube pernambucano terminou em 8º lugar, com 53 pontos.
Não sei como o grupo do Náutico vai reagir a essa Série B de 2022. Os traumas da campanha derradeira ainda não foram completamente cicatrizados. É improvável que o clube consiga esse acesso. Perdeu uma oportunidade de ouro. Afinal, com tantos elencos qualificados, a cada ano fica ainda mais difícil subir. Enfim, não é terra arrasada. Prefiro dizer que a Série B é terra sem lei. Todo mundo se matando para entrar no G4. Se dá bem o melhor pistoleiro.
A pulverização do Santa Cruz
Pulverização. Não encontro uma terminologia mais adequada do que essa para descrever o atual cenário no Arruda. O Santa Cruz foi reduzido a pó. 10 anos depois, o clube pernambucano voltou para a Quarta Divisão. O pior dos mundos. Aliás, não é a primeira vez que a Cobra-Coral encerra um ciclo de década. Em 2016, o Santa Cruz jogou a Série A 10 anos após seu rebaixamento. Acabaria caindo novamente naquela ocasião. Desta vez em penúltimo, com míseros 28 pontos. O acompanharam no descenso Internacional, Figueirense e América Mineiro.
6 anos depois, a situação é ainda mais caótica. A campanha na Série C de 2021 beirou o ridículo. Ainda mais se nós considerarmos que o Santa Cruz era um dos times cotados ao acesso. Em contrapartida, o Santinha perdeu mais da metade (10) e venceu somente duas vezes. Muito pouco para quem almejava subir de divisão. O clube volta à estaca zero e precisa se reinventar. É hora de fazer diferente e voltar a encher de orgulho a apaixonada torcida coral. Não é uma questão de status, é uma questão de respeito às 60 mil pessoas que lotam o Arruda num domingo de Série D.
Foto destaque: Divulgação/JC – UOL