O maior jornalista esportivo do Brasil é o Maracanã. Ou pelo menos quem o nomeia: Mário Filho. Teve seu nome dado ao maior estádio do mundo devido ao reconhecimento pelo seu apoio à construção do palco máximo do futebol.
Também nomeou o “Fla-Flu”, clássico entre Flamengo e Fluminense. Por outro lado, também foi responsável por organizar o primeiro desfile competitivo de escolas de samba do Carnaval do Rio de Janeiro através do seu jornal, Mundo Sportivo.
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Revolucionário
Mudou o modo como a imprensa mostrava os jogadores e descrevia as partidas. Assim, adotou uma linguagem mais direta e livre de rebuscamentos, próxima do torcedor. Fundou aquele que é considerado o primeiro jornal totalmente esportivo do Brasil: o Mundo Sportivo. No jornal “O Globo” manteve a linguagem popular. Dessa forma, ajudou a transformar o futebol em popular. O esporte da elite virou das massas.
Em 1936, comprou, de Roberto Marinho, o Jornal dos Sports. Lá criou diversos jogos locais e o Torneio Rio-São Paulo, que cresceu e se tornou o atual Campeonato Brasileiro. Os outros esportes, como as regatas e o turfe, também tinha, sob sua ótica, uma cobertura apaixonada.
No final da década de 1940, lutou pela imprensa esportiva contra o então vereador Carlos Lacerda. Este que desejava criar um estádio para a Copa do Mundo de 1950 em Jacarepaguá. Porém, Mário convenceu a opinião pública carioca de que o melhor lugar era no bairro do Maracanã. Mas não só isso, como também deveria ser o maior do mundo, com capacidade para mais de 150 mil pessoas. Não podia estar mais certo.
#HF11 explicando nomes de estádios ⬇️
Maracanã – Estádio Jornalista Mário Filho
O nome de origem é uma homenagem ao grande jornalista Mário Filho (irmão de Nelson Rodrigues), que comandava o "Jornal dos Esportes" e publicava diversas matérias em apoio a construção. pic.twitter.com/gJmCWTSpv6
— Camisa 8 (@camisa_oito) March 6, 2020
Nelson Rodrigues x Mário Filho
Autor de seis livros sobre futebol, sua obra se tornou referência nacional. Seu irmão, Nelson Rodrigues, o definiu como o “criador de multidões”. Isso por sua relevância para o futebol no Rio de Janeiro e no Brasil. Mário anteviu a importância que o futebol teria nas décadas seguintes para a cultura de massa.
Assim, quem não se preocupava com futebol descobriu, do nada, uma vocação irresistível de torcedor. Pioneiro, inovou a abordagem do futebol. Portanto, se Nelson Rodrigues contribuiu para a paixão do torcedor, Mário Filho era a paixão. Enquanto Nelson buscava o épico, Mário cultivou o humano.
Mário Filho fala do capitão de time que não tem dinheiro para pegar o trem. Do 2 para fazer falta em um colega de trabalho. Do perneta que jogava futebol. Tipos próximos do torcedor. Assim, dando a sensação que os protagonistas de suas crônicas poderiam ser seus vizinhos, amigos ou até eles mesmos. Mas seu senso de humanidade, de entender as dores do torcedor, é o maior legado deixado no jornalismo esportivo.
Foto destaque: Reprodução/Nexo Jornal