A melhor versão de Forlán apresentou um atacante completo. Por mais criativo e bom finalizador que fosse, tinha como verdadeiro destaque a grande capacidade na hora de auxiliar os companheiros. Inclusive, essa característica o fez atuar em diferentes posições na linha de frente. Principalmente, como armador na fase final da carreira. Assim, é sobre o grande craque que a coluna fala nesta semana.
Não à toa, seja na hora de oferecer velocidade, seja pelo grande senso de posicionamento para transitar além da área, apresentou uma dinâmica de jogo poucas vezes observada em jogadores da linha ofensiva. Inegavelmente, sua influência no futebol uruguaio é imensa.
FÓRLAN
Nascido no dia 19 de maio de 1979, em Montevidéu, Diego Forlán Cardozo é filho e neto de ex-jogadores. Hoje, com 41 anos e aposentado, é possível atestar que seu melhor momento na carreira foi no início da sua terceira década de vida. Mais especificamente em 2010. Embora “melhor jogador da copa”, Forlán foi muito mais naquela temporada.
De antemão, é preciso pontuar que a temporada 09-10 não é a melhor em termos de números para o jogador. Com o início da trajetória em solo europeu no Manchester United, em 2001, Forlán foi encontrar sucesso a partir de 2004, na Espanha. Apesar disso, o uruguaio guarda no currículo 98 partidas e 17 gols nas três épocas de Red Devils.
NOVOS CAMINHOS
Após ser escanteado por Alex Ferguson, preterido por Ruud Van Nistelrooy e pelo jovem e recém-chegado Wayne Rooney, Dieguito foi parar no Villarreal. Por sua vez, aquela foi uma das melhores decisões de sua carreira. E falo isso não apenas pelos 132 jogos e 59 gols em quatro anos, mas também por conduzir o submarino amarelo a maior glória de sua história.
Se por um lado, na 1ª temporada o atacante empilhou gols, inclusive sendo o artilheiro da Uefa Champions League 05-06.
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ERA NO ATLÉTICO
Contudo, o melhor de Forlán ainda estava por vir. E o torcedor, sobretudo, colchonero pode agradecer. Surpreendentemente, os números não apontam a temporada 09-10 como a melhor do uruguaio no clube. Após chegar no verão europeu de 2007, com a missão de substituir Fernando Torres, La Bruja anotou espantosos 61 gols em 103 partidas, nas duas primeiras temporadas.
Destaca-se, principalmente, os 32 gols em 43 jogos pela La Liga, em 08-09. Por consequência, novamente Chuteira de Ouro, deixando para trás nomes de peso do próprio Campeonato Espanhol como, por exemplo, os destaques do .
Após iniciar a década na segunda divisão, o Atleti tinha em Forlán a esperança do salto rumo novamente à grandeza. Treinado pelo mexicano Javier Aguirre, o time de Madri alcançou a 4ª colocação em 2007/2008. Dessa forma, alcançou uma vaga na pela primeira vez em 11 anos.
No ano seguinte, o clube reafirmou sua força. Ainda sob o comando de Javier Aguirre, os colchoneros não apenas alcançaram as oitavas de final da Champions – eliminado pelo Porto em virtude de dois empates – como também repetiram o 4º lugar na La Liga. No entanto, algo ainda faltava para coroar o bom desempenho.
COMEÇO RUIM
Ao contrário do que se imaginava, o início da temporada 2009/2010 foi um desastre. A equipe só venceu um jogo durante as 11 primeiras rodadas do Campeonato Espanhol e frequentou a zona de rebaixamento. Do mesmo modo, a coisa não ia bem na Champions.
Após superar o Panathinaikos nas preliminares, o Atlético não foi capaz de vencer uma partida. No entanto, os colchoneros arrancaram a 3ª posição e, graças ao saldo de gols, superaram o Apoel e foram repescados à Liga Europa. Chelsea e Porto lideraram o grupo.
Além disso, o técnico Javier Aguirre foi demitido após uma derrota para o Málaga, em fevereiro. À época, a decisão da diretoria gerou certa controvérsia e discussão sobre o papel dos jogadores na crise, sobretudo de Forlán. O desempenho do uruguaio até aquele momento era muito abaixo da média: oito gols durante o 1º turno da La Liga, além de passar em branco na fase de grupos da Champions. Ou seja, a Liga Europa era a última chance de se redimir naquela temporada.
LA REMONTADA
Logo após a chegada do técnico Quique Sánchez Flores, o ambiente mudou. E não só isso, Forlán cresceu de produção. Após entrar no mata-mata da Liga Europa, o Atlético enfrentou, na sequência, Galatasaray, Sporting, Valencia, Liverpool e Fulham. Com exceção ao time português, Diego Forlán marcou gols em todos os adversários. Em outras palavras, foi fator preponderante para os colchoneros na competição.
Fase 16-avos
Ida: Atlético de Madrid 1 x 1 Galatasaray
Volta: Galatasaray 1 x 2 Atlético de Madrid – 2º gol do Atlético foi marcado por Forlán aos 44 minutos da 2ª etapa.
Oitavas de Final
Ida: Atlético de Madrid 0 x 0 Sporting
Volta: Sporting 2 x 2 Atlético de Madrid
Quartas de Final
Ida: Valencia 2 x 2 Atlético de Madrid – Diego Forlán abriu o placar da partida.
Volta: Atlético de Madrid 0 x 0 Valencia
Semifinal
Ida: Atlético de Madrid 1 x 0 Liverpool – Gol de Forlán.
Volta: Liverpool 2 x 1 Atlético de Madrid – Gol de Forlán. Na prorrogação após os Reds abrir dois gols de diferença no tempo extra.
Final
Jogo único: Atlético de Madrid 2 x 1 Fulham (dois gols do uruguaio, sendo o 2º na prorrogação)
A CONSAGRAÇÃO DO CRAQUE
Antes de tudo, Diego Forlán é de fato um dos jogadores mais importantes a vestir a camisa celeste. E isso não apenas por ser o jogador com mais partidas na história do , mas também por ter recuperado o prestígio da seleção em cenário internacional.
Assim como a Liga Europa, o Mundial de 2010 foi um espetáculo protagonizado pelo jogador. Se no Atlético existia o jovem Aguero para dividir as responsabilidades, na celeste olímpica Luis Suárez e Cavani eram encarregados dessa tarefa. Desta maneira, Dieguito podia flutuar por trás dos dois, com o propósito de potencializar seu jogo.
Na fase defensiva, Suárez ou Cavani, sobretudo o segundo, fechavam uma segunda linha de quatro homens no meio campo, a fim de liberar Forlán da árdua tarefa. Outro ponto de destaque também é o fato de que, inegavelmente, o camisa 10 foi um dos jogadores que mais bem se adaptou à polêmica bola Jabulani. Como resultado, dos cinco gols marcados na Copa, quatro foram de chutes à longa distância.
Por fim, o prêmio de Melhor Jogador e a artilharia do Mundial, em conjunto com Muller, Villa e Sneijder, coroaram um excelente e surpreendente primeiro semestre de Forlán. Naquele instante, o país de três milhões de habitantes acreditou no tricampeonato. E muito por conta do seu camisa 10.
Definitivamente, o 4º lugar na competição fez jus à capacidade do time e foi importante para restabelecer a celeste como potência no futebol. Tanto é que, no ano seguinte, os uruguaios quebraram um jejum de 16 anos sem títulos ao vencer a Copa América, na Argentina. À época, com dois gols na final, Forlán se tornou o maior artilheiro da história do país com 31 gols. Ao final da carreira, terminou com a marca de 36 tentos pela seleção nacional.
Foto Destaque: Reprodução/Getty Images





