Dando continuidade na overdose de entrevistas com jogadores que atuam fora do Brasil, contamos mais uma exclusiva de Felipe Klein. No início de janeiro o brasileiro de 33 anos renovou seu contrato por mais um ano com o Club Atlético Cerro, do Uruguai. E hoje, como a grande maioria das competições pelo mundo, o Apertura Uruguaio também está paralisado. Dessa forma, o camisa 8 albiceleste retornou ao Brasil, e neste momento está passando os dias, durante a quarentena, com sua família. E neste bate-pato Klein falou
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A TRAJETÓRIA DE FELIPE KLEIN ATÉ O CERRO
Nascido em 9 de abril de 1987 em Porto Alegre – no Rio Grande do Sul -, antes de se tornar profissional Felipe Ely Klein atuou por sete anos na base do Internacional. Por lá se desenvolveu como jogador e leva consigo boas experiências, inclusive, até hoje mantém contato com Muriel, irmão de Alisson, atualmente goleiro do Fluminense. Naquela época, chegaram a morar juntos enquanto treinavam no Colorado, mas o destino decidiu separa-los.
Depois de algumas passagens por outros clubes do Rio Grande do Sul, Klein se destacou em 2010 atuando pelo Ferroviário do Ceará. Sendo titular no Tubarão da Barra foi um dos destaques da equipe no Campeonato Cearense daquele mesmo ano, marcando oito gols. Em seguida, teve uma passagem breve no Ahli Sidab, de Omã, e no Fortaleza, dessa forma, assinou com o Cerro Largo, do Uruguai, em julho de 2011. Ali começava uma bela passagem do meia no futebol uruguaio. Isso porque, depois de outras temporadas no Brasil, Felipe acertou sua ida para o Cerro, de Montevidéu, em agosto de 2015, ou seja, há quase cinco anos.
“São quatro anos e meio no clube, onde disputamos três competições internacionais, uma Libertadores e duas Sul-Americanas… É gratificante também o carinho que eu sei da torcida e o do clube por mim, são coisas que deixam qualquer jogador feliz. É um dos melhores momentos da minha carreira, onde conquistei coisas importantes no clube, já são mais de 100 jogos (115 oficiais até aqui). Me sinto muito bem confortável no Cerro, me sinto em casa”, revelou o brasileiro.
A SITUAÇÃO NO URUGUAI
A notícia de momento, é que o Uruguai irá aumentar o controle da saúde nas fronteiras. Isso principalmente é devido a preocupação com a quantidade de casos confirmados no Brasil, no qual há várias cidades fronteiriças, afirmou Álvaro Delgado, secretário da presidência. Até então, são 673 casos confirmados, onde 17 uruguaios vieram a falecer. Com toda essa situação, apenas três clubes no país estão arcando com 100% dos salários, o Cerro não está entre eles.
“Desde que surgiu todas essas notícias (do coronavírus) lá no Uruguai, paralisou total os treinos e jogos. Estamos em casa há mais de um mês já. A comissão técnica está passando trabalhos conforme cada um pode em suas casas. Trabalhos de força, aeróbico, para quem consegue fazer alguma coisa, e muitos trabalhos cognitivos, que são para interagir o grupo mesmo. Quanto aos salários, a AUF, junto aos clubes, mandaram nós para um ‘seguro de paro', como eles chamam lá, o seguro-desemprego aqui (no Brasil), onde o governo se responsabilizou e estão tendo que nos pagar”.
#DesdeCasa 🏠 en el día de su cumpleaños hoy saludamos a Felipe Klein.
Parabéns 🇧🇷🎂 pic.twitter.com/jzgY09plOB— Club Atlético Cerro (@CACerro_oficial) April 9, 2020
A PARALISAÇÃO
O técnico Nathaniel Revetria, que assumiu o Cerro no início deste ano, chegou a comandar a equipe nas três primeiras rodadas do Apertura Uruguaio. Entretanto, os Villeros não chegaram a vencer nenhum das partidas, sendo derrotados para o Peñarol por 2 x 1 – fora de casa, e dois empates nas partidas seguintes, contra River e Torque. Felipe Klein esteve presente em dois dos três jogos.
Dessa forma, neste momento o Cerro está mal colocado no promédio (tabela que soma os últimos dois anos dos clubes na 1ª divisão para decretar os rebaixados a cada ano), na 15ª colocação, somando uma média de 0,875 pontos nas últimas 40 partidas. Até por isso, o camisa 8 da equipe reforçou que o objetivo do clube é se recuperar na tabela e voltar a competir um torneio internacional.
“Os objetivos para o ano com certeza é salvar a equipe do rebaixamento devido a média dos últimos anos da tabela do rebaixamento. A temporada passada foi bastante complicada, então temos que recuperar o que a gente perdeu. Almejo sempre conseguir coisas boas e quero permanecer com a equipe na 1ª divisão e classificar para uma competição internacional. É sempre um jogo diferente, que mexe mais com o jogador. A concentração, adrenalina e a vontade sobe ao 100%, ao máximo. Não que nos outros jogos a gente não seja assim, mas as copas internacionais são diferentes”.
¡Olé, olé, olé
Olé, olé, olé, olá!¡Olé, olé, olé
Cada día te extraño más!#DesdeCasa🏠#SomosElBarrio pic.twitter.com/JT5exQ6Iia— Club Atlético Cerro (@CACerro_oficial) May 5, 2020
APENAS SEIS BRASILEIROS ATUAM NO URUGUAI
Neste momento, há apenas seis jogadores brasileiros registrados entre as 16 equipes da 1ª divisão. Obviamente, Felipe Klein está nesse grupo seleto dos ‘brazucas' que fizeram a tal ”trajetória inversa”. No ano passado haviam apenas cinco nomes, entre idas e vindas, Weverton (Boston River), Leonai e Diogo (ambos do Plaza) desembarcaram no Uruguai em janeiro.
Assim, com Ronaldo Conceição e Léo Coelho, ambos do Fénix, remanescentes de 2019, formam os seis nomes brasileiros com Felipe, que já está em Montevidéu desde 2015. Embora, o camisa 8 tenha contato até o final do ano com o Cerro, ele não esconde seu desejo de voltar ao Brasil e poder desempenhar o seu bom futebol.
“Realmente é um grupo pequeno de brasileiros que tem no Uruguai, além da gente fazer o nosso trabalho, sem dúvida é uma responsabilidade a mais. Talvez por estarmos em poucos brasileiros por lá, somos mais visados e por isso queremos deixar uma boa impressão. E claro, tenho vontade de voltar a jogar no Brasil, ‘bem dizer em casa', e aí sim terminar minha carreira. Mas tenho contrato com o Cerro e vou aguardar se será num futuro próximo ou se ainda vou ter de ficar mais alguns anos lá. Mas sem dúvida, desejo voltar para o Brasil”.
Foto destaque: Edição/Eric Filardi – Felipe Klein