O Atlético-MG estreou oficialmente a Arena MRV, sua nova casa, no último domingo (27), vencendo o Santos por 2 a 0. A vitória, no entanto, não escondeu as diversas falhas do estádio, já previstas pelo CEO do clube, Bruno Muzzi, que comentou sobre essas situações no FDP98, programa da 98 Live.
Bruno Muzzi sempre fez questão de deixar claro que o Atlético ainda vai errar muito até conseguir operar a Arena MRV de forma perfeita. No jogo da estreia, o CEO atleticano celebrou que houve uma evolução com relação ao último evento, apesar das falhas.
– Na minha concepção, o evento teve um salto muito grande na qualidade do Jogo das Lendas para esse evento. Saímos de 20 para 30 mil pessoas. Tiveram vários aspectos positivos, então eu fiquei satisfeito com o salto de qualidade. Mas, do mesmo jeito que a gente teve muitas qualidades, nós tivemos também muitos novos defeitos.
A primeira entrada em campo para um jogo oficial na Arena MRV!@trivela pic.twitter.com/4zu4zu50rZ
— Alecsander Heinrick (@alecshms) August 27, 2023
Índice
O problema do wi-fi na Arena MRV
Autointitulada como “arena mais tecnológica da América Latina”, a Arena MRV sempre prometeu ter uma das melhores internets já vista em estádios, com uma cobertura para todos presentes. No entanto, no jogo da estreia, houve um erro que causou a queda do wi-fi para todo mundo. Erro esse que só foi possível descobrir na hora do evento, como explicou Bruno Muzzi.
– Uma controladora, que é aquilo que faz a conexão de todos os access points (são quase 600 instalados), tem 16 vias, e na hora que os access points vão se conectando, eles vão enchendo aquelas vias. Uma só encheu, e ela não estava configurada para fazer um balanceamento automático. Aí ela travou e jogou o wi-fi inteiro no chão. E a gente não conseguia descobrir o que que era. A Cisco, que é uma empresa fornecedora americana, entrou no circuito e conseguiu descobrir o erro.
Muzzi explicou que não houve queda de internet, já que as cabines de transmissão, que tem ela através de cabos, estavam funcionando. A queda foi do wi-fi. Essa situação foi resolvida pouco antes da bola rolar, e teve uma melhora definitiva a partir das 16h30, como citou o CEO.
Depois de muito custo e quase 2h fora do ar, a internet da imprensa voltou a funcionar na Arena MRV.
Para "o estádio mais tecnológico da América Latina", como a Arena MRV se intitula, isso não pode acontecer. Bares também tiveram problemas pela vida de ficha.
— Alecsander Heinrick (@alecshms) August 27, 2023
Problema repetido no estádio
O principal problema que o Atlético enfrentou no seu último evento-teste na Arena MRV, o “Lendas do Galo”, foi a falta de comida. Em certo ponto do evento, as comidas e bebidas acabaram nos bares do estádio, deixando torcedores na mão. Para a estreia oficial, a operação do estádio se mexeu para evitar isso, mas o problema voltou a acontecer.
Bruno Muzzi assumiu os problemas, mas entende que houve uma evolução: “Acho que a gente atendeu melhor, mas tivemos muitos problemas”. Esses problemas, segundo o CEO, foram:
- Totem fora do ar e maquininhas de compra sem conseguir vender pela falta de internet: “O totem de compra, na hora que caiu a internet, parou. Nós já estamos resolvendo o problema da internet, mas vamos deixar um backup também para (o totem) funcionar. É possível também você trazer uma antena de 4G momentânea para poder funcionar nas maquininhas. Então nós vamos pensar nessa solução para se faltar wi-fi, a gente consegue controlar”
- Desbalanceamento de setores: “Nós tivemos um problema que a gente imaginava que pudesse ter, mas não imaginávamos que pudesse ter já nesse jogo, porque, no cruzamento das rampas, nós tivemos gente passando de um setor para o outro. Houve um desbalanceamento forte no abastecimento dos bares. Aquele bar que havia previsto conforme a carga nossa de público, ele teve mais gente do que esperava”.
- Falta de cerveja: “Teve falta de cerveja, mas super pontuais. Do outro evento (Lendas do Galo) para esse (estreia oficial), a gente tinha mais de 40 caixas térmicas que a gente não tinha no outro. A cerveja estava gelada”.
Muzzi cita erro “gravíssimo” na estreia oficial
Por ser muito tecnológica, a Arena MRV incentiva o torcedor a usar muito o celular. Por isso, o Atlético criou o chamado “Super App do Galo”, que pretende ter nele tudo que o torcedor precisa quando for para o estádio. Mas Muzzi explicou que houveram problemas graves, que serão resolvidos:
– Um ponto que eu achei que foi gravíssimo: a questão da compra de ingressos e do SuperApp. A gente tem um Super App, que a estratégia nossa é que cada vez mais as pessoas acessem o estádio utilizando o Super App. A gente tem o Galo na Veia, que é onde você compra o ingresso e, por sinal, a compra em si foi muito fluida, vendemos em 40 minutos. Então a compra do ingresso foi fácil. A gente tem a NewC, a ‘etiqueteira’, que você tem que fazer o cadastro, que é uma empresa dinamarquesa que a gente trouxe nova agora. E a gente tem também a Futebol Card, que é quem comprou cadeira e camarotes. Quando você vai comprar, tudo tem que conversar. Aí nós tivemos muitos problemas dessas bases conversarem, muitos problemas, porque são quatro aplicativos diferentes. Temos que unificar isso.
🎟️ Tudo no Super App do Galo!
Se liga no tutorial e saiba como comprar ingresso para o jogo contra o Santos. O Super App também permite acessar o estádio e comprar nos bares: https://t.co/ljH7FcJy1A
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— Atlético (@Atletico) August 24, 2023
Mesmo com os problemas, Muzzi explicou que o app trouxe pontos positivos. Já são mais de 53 mil dowloads do aplicativo. Na estreia da Arena MRV, 21 mil pessoas acessaram o estádio utilizando o app, número bem acima, por exemplo, do jogo de maior público do Galo no Mineirão, contra o Palmeiras, que teve três mil pessoas entrando no estádio utilizando o celular.
– Foi dolorido, foi muito ruim, foi um sofrimento. A gente tinha outras opções. Mas a gente “deixou arder” um pouco. Por quê? Porque a gente quer que isso aconteça (uso da tecnologia pela torcida). Agora, estamos com 20 dias para poder fazer o Galo ID, que na hora que você baixa o app, você unifica tudo. Não sei se vai dar já para o Botafogo, mas esse é o próximo passo.
Outros pontos negativos na estreia da Arena MRV
- Gramado: como já havia citado antes, Muzzi voltou a falar da mudança para grama sintética, já que a grama natural sofre com a falta de luz, principalmente agora no inverno. Atualmente, metade do campo está em perfeito estado e a outra metade começa a ficar ruim, justamente pela falta de sol;
- Ponto cego: admitiu que a visão do gramado pode ficar comprometida em algumas áreas, principalmente com pessoas em pé em certos pontos, mas elogiou a arquitetura e disse estar “tranquilo” com essa questão;
- Som do estádio estava bom com música, mas a locução estava baixa
- Houveram furtos na Arena antes da estreia, como sifões dos banheiros e cabos
Pontos positivos na alimentação da Arena MRV
Apesar de alguns erros, como Muzzi citou, houve evoluções. Ele explicou que não houve problemas, por exemplo, no abastecimento dos camarotes, que tem “uma das operações mais complexas”, já que cada um tem um tipo de buffet. Mas ele destaca: “Nós não tivemos esses problemas, mas acho que falta um pouco mais de capricho, no geral”.
Para conseguir atender melhor o torcedor, Muzzi citou que foram reduzidas as opções de alimentos. O CEO citou que não houve, por exemplo, problema comas pizzas vendidas, mas assumiu que o tropeiro, principal prato do estádio, faltou no final.
O ponto mais positivo na alimentação foi que a Arena MRV mais que dobrou a expectativa de venda que tinha. Segundo Muzzi, o planejamento previa R$ 600 mil reais em vendas e, mesmo com os problemas, conseguiram R$ 1,3 milhão nesse quesito.
Outros pontos positivos
Bruno Muzzi falou ainda dos principais acertos que a Arena MRV teve na sua estreia oficial: “Se eu tivesse que falar dos pontos positivos, destacaria dois: entrada/saída e acesso ao estádio. Alimentação teve uma evolução muito boa, mas com diversos problemas ainda. Acessibilidade foi super elogiada. Os banheiros foram muito positivos também”.
Quando a Arena MRV vai operar com excelência?
Sobre conseguir operar a Arena MRV de forma praticamente perfeita, Bruno Muzzi colocou um prazo: “Eu sempre enfatizo que a gente demorou três anos para construir, e a gente está começando a operar o estádio agora. Não acho que a Arena MRV estará pronta, do ponto de vista da excelência da operação, em menos de um ano”.
Muzzi explicou que não adianta trazer uma empresa de fora, que já opere outros estádios, pois “ninguém conhece mais a estrutura da Arena” do que eles mesmos. Além disso, destacou que a Arena MRV é diferente do Mineirão, que passou por uma reforma, ou seja, era um estádio que já tinha sua operação e não algo totalmente novo, que é preciso sair do zero no quesito operação.