Na manhã desta quarta-feira (23), o Ceará foi julgado pela 3ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por conta dos cânticos homofóbicos entoados na partida contra o Vila Nova, no dia 19 de julho, pela Série B do Campeonato Brasileiro. Com isso, o clube terá de arcar com uma multa no valor de R$ 40 mil
Denunciado pela Procuradoria, o Alvinegro corria o risco de perder mandos de campo em virtude do arremesso de objeto no gramado durante o jogo. No entanto, acabou absolvido e seguirá podendo atuar na Arena Castelão com a presença de sua torcida.
NOTA OFICIAL
Sobre julgamento realizado pela 3ª Comissão Disciplinar do STJD.
Leia a nota completa: https://t.co/Orda2h2egt
— Ceará Sporting Club (@CearaSC) August 23, 2023
Índice
Relembre o caso
No jogo entre Ceará x Vila Nova, realizado na Arena Castelão, parte da torcida alvinegra vaiou um aviso do telão que repudiava os cânticos homofóbicos que vinham das arquibancadas. O estádio tomou tal atitude após torcedores do Vovô ecoarem gritos de cunho ofensivo e preconceituoso.
No dia 27 de julho, uma semana depois do ocorrido, o Ceará reuniu líderes de torcidas organizadas do clube com o objetivo de conscientiza-los sobre homofobia e racismo. O encontro aconteceu no CT de Porangabuçu e contou com a presença de representantes do Ministério Público do Estado do Ceará (MP-CE) e membros da diretoria alvinegra.
Quatro dias depois da reunião, o Ceará foi notificado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em decorrência dos cânticos. A denúncia foi protocolada pelo Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ, que enviou vídeos e notícias divulgadas nos veículos de imprensa à entidade. Vale destacar que o árbitro não comentou nada sobre o episódio na súmula da partida.
A importância do Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ
A reportagem do Futebol na Veia entrou em contato com o Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ para abordar sobre a punição ao Ceará e a importância do órgão no combate contra homofobia. Fundador do órgão, Onã Rudá pontuou que a decisão da corte foi coerente e que a CBF também pode designar penalidades nestes tipos de caso.
“A decisão do STJD é uma decisão coerente com o histórico do que a corte tem aplicado. Ela (corte) tem aplicado multas para os clubes que tem torcidas envolvidas em episódios deste tipo. E quando há uma reincidência, que foi o caso do Corinthians por exemplo, aí tivemos uma perda de mando de campo. Lembrando que a punição do STJD não isenta uma possibilidade de punição da própria CBF, que está acompanhando esse conjunto de casos. Eu acredito que ela (decisão do STJD) deve ser expandida a outras penalidades mais duras. E a depender do grau de reincidência de determinado clube e da dimensão do episódio que esteja em julgamento, eu acho que podemos pensar em punições mais severas, que mexa inclusive com a perda de pontos”.
Questionado sobre o papel e a função social do Coletivo, Onã ressaltou a importância da existência e do trabalho do órgão. Ele citou as conquistas já obtidas e as metas futuras da organização.
“A decisão do STJD é uma decisão coerente com o histórico do que a corte tem aplicado. Ela (corte) tem aplicado multas para os clubes que tem torcidas envolvidas em episódios deste tipo. E quando há uma reincidência, que foi o caso do Corinthians por exemplo, aí tivemos uma perda de mando de campo. Lembrando que a punição do STJD não isenta uma possibilidade de punição da própria CBF, que está acompanhando esse conjunto de casos. Eu acredito que ela (decisão do STJD) deve ser expandida a outras penalidades mais duras. E a depender do grau de reincidência de determinado clube e da dimensão do episódio que esteja em julgamento, eu acho que podemos pensar em punições mais severas, que mexa inclusive com a perda de pontos”, disse Onã, antes de completar:
“Eu entendo que o combate à LBTfobia no futebol tem dois vieses muito importantes. O primeiro, a gente abre o esporte para uma parcela da sociedade, que é a comunidade LGBT, que está excluída desse âmbito. A gente garante que essas pessoas, que querem e que tem o direito, possam vivenciar o ambiente do futebol. E o segundo vetor que eu acho que é importante é que o futebol ele tem um impacto social muito grande. Então a gente acaba, a partir do futebol, ajudando a combater também essa violência no conjunto da sociedade. Isso vai fazer com que lá na frente tenhamos a redução muito grande e importante no número de casos de injúrias, LGBTfobia”.
Próximos jogos do Ceará
- Tombense x Ceará – Série B – Estádio Soares Azevedo – sábado (26/8), às 17h (horário de Brasília);
- Ceará x Criciúma – Série B – Arena Castelão – sábado (2/9), às 17h (horário de Brasília);
- Ceará x Londrina – Série B – Arena Castelão – quarta-feira (6/9), às 21h30 (horário de Brasília)