A última cartada do Grêmio

O Grêmio continua atolado na zona de rebaixamento do Brasileirão 2021. A demissão – em comum acordo – do eterno ídolo e então técnico Luiz Felipe Scolari movimentou os bastidores do Imortal recentemente. Além disso, ele não foi o único a perder o seu posto. A vice-presidência de futebol sofreu um choque de gestão. Cargo-chave em qualquer clube, hoje é ocupado por Dênis Abrahão – não mais pelo criticado Marcos Herrmann. O novo vice já disse confiar plenamente no trabalho de Vagner Mancini e renovou o astral do clube. Eis a última cartada.

A saída de Luiz Felipe Scolari

Antes de mais nada, gostaria de pontuar que Felipão é um dos três maiores treinadores da história do Grêmio. Ao seu lado estão Valdir Espinosa e Renato Gaúcho. Porém, a quarta passagem no Tricolor foi deveras turbulenta. O time não conseguiu deixar a zona de rebaixamento e teve inúmeras oportunidades (destacando que em pelo menos quatro delas o Grêmio só dependia de si). O padrão de jogo mais defensivo, outrora enaltecido, passou a sofrer com as críticas do torcedor. As goleadas para Flamengo e Athletico Paranaense também contaminaram o ambiente.

As razões para a troca de técnico

A meu ver, o problema do Grêmio não passa simplesmente pelo aspecto técnico e tático. serviu como uma espécie de escudo no momento de sua contratação e foi feito de bode expiatório no ato de encerramento do trabalho. Uma cortina de fumaça que escondia outros problemas do Grêmio. O discurso passivo de Marcos Herrmann irritava profundamente uma torcida que se sentia desrespeitada com as declarações do então dirigente. Além disso, a falta de compromisso de alguns jogadores com o clube ao longo da temporada também entra nessa conta.

Os problemas do Grêmio e a solução

Me arrisco a dizer que o vestiário gremista ficou mal acostumado. É assustador que o plantel de atletas queira definir um esquema tático e palpitar na contratação de um comandante para o time. Junte-se a isso um azar de proporções quase sobrenaturais. Por outro lado, tudo isso parece ter ficado no passado. O perfil enérgico de Dênis Abrahão motivou a equipe e deixou o torcedor mais próximo do clube. Nesse sentido, o novo vice de futebol bancou a chegada de Mancini e aposta em uma remontada na reta final do Brasileirão. Enfim, a última cartada pela permanência.

Doravante o que muda no Grêmio?

A princípio, Vagner Mancini tem a missão de replicar no Grêmio o que fez no América Mineiro. Penso que o estilo propositivo tem muito a agregar. É verdade que a equipe evoluiu na vitória sobre o Juventude (3 x 2), mas a caminhada está longe de acabar. Inicialmente, o desafio do técnico é equilibrar os setores e preservar a segurança defensiva que o clube teve na maioria dos jogos sob o comando de Felipão. Por fim, acredito que o Grêmio precisa ser mais objetivo nas conclusões a gol. A efetividade no ataque pode garantir a sonhada sequência de vitórias.

Foto destaque: Divulgação / Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense

André Filipe

André Filipe

Apaixonado pela dimensão histórica do futebol e pela ciência da bola. Gremista desde a Batalha dos Aflitos para o que der e vier. Sinto na escrita o calor latente das minhas paixões profissionais. Historiador, jornalista esportivo e jogador de pôquer nas horas vagas.