Pode soltar o grito. A menina dos olhos de ouro voltou para os braços da nação palestrina. O Palmeiras atinge seu principal objetivo na temporada e fatura o troféu mais importante da América. Agora tentará ser o segundo time brasileiro a derrotar os alemães no Mundial de Clubes. Façanha até hoje conseguida apenas pelo Grêmio de 1983. O Cruzeiro perdeu para Bayern (1976) e Borussia Dortmund (1997). Já o Atlético-MG sequer chegou à final contra o mesmo Bayern em 2013.
Antes de mais nada, o clube da Bavária está no radar novamente. Desde já façam suas apostas. Coloco duas fichas no Porco. Dessa forma, cabe ao Palmeiras o resgate da honra do futebol sul-americano. Ou seja, fazer melhor que o Flamengo de Jesus no Mundial. Em suma, o Verdão vai em busca de outro bicampeonato. Segue a saga palmeirense. Enfim, alea jacta est.
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Índice
O objetivo palmeirense
Parecia um roteiro anunciado. O tapete verde-esmeralda estava impecável. Surgiu o Alviverde mais imponente do que nunca no gramado em que a luta o aguardava. O Palmeiras trazia consigo um peso. Não o peso de uma decisão de Libertadores. O peso de quem merece mais de uma taça dessa natureza na sua galeria. Desde 2018, faz a melhor campanha na fase inicial do torneio. Porém, apenas esta temporada conseguiu o título.
Por muito pouco não ocorreu de forma invicta. A cardíaca derrota para o River Plate de Marcelo Gallardo brecou as chances. O Porco tinha uma missão. Calar os rivais que diziam ser um mar de rosas a trajetória palmeirense. Ainda mais depois do tropeço na semifinal. É verdade que Tigre, Bolívar e Delfín não possuem elencos de ponta. Entretanto, o êxito é muito mais mérito do eficaz Palmeiras do que demérito dos adversários.
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Defesa que ninguém passa
Abel Ferreira trouxe uma proposta clara. Tirou 10 minutos para estudar o Santos e em seguida partiu para cima. No 1º tempo praticamente não teve jogo. Só o Palmeiras existiu em campo. O Peixe, abatido, não conseguiu contar com a genialidade de Marinho e Soteldo. A marcação adiantada atrapalhava a saída de bola do time de Cuca. Foi um jogo de gato e rato. A defesa que ninguém passa – destaque para o xerife Gustavo Gómez que jogou de terno – contra um time perdido na cancha.
Afinal, o Palmeiras soube se trancar, enquanto o Santos deixou a porteira escancarada. A ausência de Pituca foi decisiva para o mau desempenho santista na grande final. Porém, quem esperava uma partida técnica se decepcionou. Poucos chutes e muitas faltas. Sobretudo um excesso de cartões amarelos (quatro para cada lado) justificado pela importância do jogo.
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O duelo tático
A princípio, os times vieram espelhados no 4-1-4-1. Entretanto, a qualidade sobressaiu, e o Porco fez valer o seu favoritismo. Com um futebol consistente, o Palmeiras aproveitou os buracos deixados pelo Santos. O jogo palmeirense depende essencialmente do equilíbrio entre as linhas. O excelente Matías Viña segurava Marinho pela direita. Marcos Rocha marcava Soteldo pelo lado esquerdo. Ambos os laterais foram muito bem no apoio às descidas de Rony e Gabriel Menino.
A circulação de bola no corredor central ficava a cargo de Danilo, Raphael Veiga e Zé Rafael. Todavia, a partida truncada forçou o Porco a sair pelas beiradas. Além da bola longa em velocidade, outra arma importante de Abel Ferreira. Então, o Santos ficou encurralado. Em outras palavras, não oferecia soluções ofensivas. Nesse sentido, o Peixe foi presa fácil durante boa parte do jogo.
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O toque de Midas
As substituições feitas pelo comandante palmeirense surtiram efeito. Evidentemente, um elenco recheado de peças com potencial absurdo – os rivais que se mordam de ódio ao patrocínio da tia Leila – fornece mais alternativas no ardor da partida. Em um 2º tempo mais pegado, o herói improvável saiu do banco. Veja como o futebol é dinâmico. Breno Lopes estava jogando a Série B pelo Juventude há três meses. Em contrapartida, agora marca um gol que jamais será esquecido pela gigante torcida palmeirense.
Quando Abel sacou Gabriel Menino, falei para o meu amigo Xande que não dava para o Palmeiras jogar uma prorrogação sem ele. Ele foi pontual: “Vai que faz o gol”. Eu paguei pela língua, e o tempo extra foi desnecessário. Às vezes basta uma mudança cirúrgica. Enfim, a justiça prevaleceu, e a taça segue para o Allianz Parque. Conforme o ritual dos campeões.
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A zica santista
Todavia, não posso terminar essa crônica sem trazer dois fatos. Primeiro, o momento em que Marinho colocou a mão no troféu. Certamente, não será esquecido tão cedo pela torcida do atual vice-campeão da América. Segundo, o destaque negativo para a postura do treinador Cuca. Enquanto gremista, sou grato a ele. Fez dois golaços na vitória por 6 x 1 diante do Flamengo em uma semifinal de Copa do Brasil. Contudo, a atitude de segurar a bola para atrasar o jogo no final é deplorável.
Em síntese, isso faz parte de uma cultura futebolística pequena. Após ser merecidamente expulso, foi para a galera. Ainda assim viu das arquibancadas o Santos sucumbir aos 53 minutos do 2º tempo. Já o Palmeiras não tem nada a ver com isso. Afinal sabe sempre levar de vencida e mostrar que de fato é campeão. Desse modo, passa a representar o Brasil no Mundial de Clubes.
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Foto destaque: Divulgação/UOL