Rebaixado em 2020, o Botafogo não pretende fazer hora extra na Série B. Inicialmente, o Fogão patinou e teve inúmeras dificuldades até chegar ao G4. Além disso, Enderson Moreira é o terceiro treinador nessa competição. Antes dele vieram Marcelo Chamusca e o interino Ricardo Resende. O primeiro comandou o time em 10 jogos: venceu 3, empatou 4 e perdeu 3. Não resistiu ao histórico 3 x 3 contra o Cruzeiro. Para efeito comparativo, vamos considerar os 10 primeiros jogos. São 8 vitórias, 1 empate e 1 derrota com Enderson. Dos 30 pontos, Chamusca fez 13 e Enderson 25. O aproveitamento marca 40 pontos percentuais de diferença: 43,3% e 83,3%. O que mudou?
Índice
O comandante do Botafogo
A princípio, a diretoria botafoguense acertou quando trouxe um perfil vencedor. Afinal, Enderson já conquistou a Série B em duas oportunidades: primeiro com o Goiás em 2012, depois com o América Mineiro em 2017. De estilo calmo, o técnico é conhecido pela boa gestão de grupo e rapidamente caiu nas graças do elenco do Botafogo. Desde que chegou em General Severiano prega concentração máxima em torno do acesso à Série A. Nesse sentido, sua maior revolução foi transformar um time acanhado e sem confiança em uma equipe majoritariamente agressiva. Em suma, o Botafogo encontrou as condições para crescer dentro de campo e fazer valer sua tradição.
O esquema tático do Botafogo
Embora prefira o 4-2-3-1, o Botafogo de Enderson Moreira também gosta de adaptar seu posicionamento ao adversário que enfrenta. Foi assim contra Vila Nova (3-5-2), Remo (4-4-2) e Náutico (4-3-3). Pode-se afirmar que o Fogão é um time seguro. Propõe o jogo com muita consistência e faz a transição para o campo de ataque em velocidade. A ideia de Enderson é manter a defesa bem alinhada para evitar contra-ataques. Por isso o sistema de marcação precisa estar ajustado. Desse modo, não esperem do Botafogo um futebol morno que cadencia jogo sem chegar a lugar algum. Sobretudo, o Fogão é objetivo e valoriza a efetividade em detrimento da posse de bola.
As peças de Enderson Moreira
Durante as partidas, o 4-2-3-1 se confunde com o 4-4-2. O motivo é a movimentação de Chay, principal jogador do time. Ele é importante quando o Botafogo precisa se impor e dominar a meia-cancha. Atua mais perto dos alas no 4-2-3-1 para construir as jogadas e dar um desafogo lateral ao Fogão. Entretanto, na hora de finalizar, ele costuma se aproximar do centroavante Rafael Navarro (artilheiro da equipe). Um destaque positivo do Botafogo é o fato de ostentar o melhor ataque da Série B, com 40 gols marcados. Desse modo, o desempenho dos seus dois principais atletas é crucial para o futuro do Fogão.
O que esperar do Botafogo?
Lideranças como Gatito Fernández e Joel Carli sofrem com a falta de sequência. A meu ver, o papel de ambos está mais propenso a passar segurança para os jovens. Em síntese, o momento do Botafogo exige muita cautela. É fato que a Série B sempre foi um torneio equilibrado em que tudo pode acontecer. Contudo, se me perguntassem hoje os quatro clubes que provavelmente disputarão a Série A em 2022, o Fogão estaria entre eles. Menos tenso e um pouco mais aliviado da pressão por resultados, o Botafogo constata que a fórmula já deu certo. Agora é só não mudar a fim de poder festejar a subida ao final da temporada.
Foto destaque: Divulgação / Botafogo