25 anos sem Adolfo Pedernera, ídolo do River Plate

“O melhor jogador que vi foi Pedernera”, declaração de ninguém menos que Alfredo Di Stéfano, que quando defendia o , era reserva de Adolfo Pedernera. Dessa forma, com esses dois craques e outros jogadores no time, o clube argentino nos anos 40 tinha uma máquina. Não é à toa que na época era conhecido como ‘La Máquina‘, cujo o apontado de ser o criador desse elenco era o técnico Carlos Peucelle.

ADOLFO PEDERNERA

Nascido em Avellaneda, província de Buenos Aires, Adolfo era torcedor declarado do Racing, onde seu irmão jogava. Mas, no clube de coração, Pedernera só foi gandula. Na adolescência, sua família se mudou para o bairro de Barracas. Lá, tentou ser jogador de futebol, mas não passou nos testes. Por isso, estava decidido que iria desistir desse sonho. Tempo depois, foi convencido a fazer um teste no River Plate. Assim, a ‘peneira' foi feita no campo do Sportivo Palermo.

“Me levaram a uma confeitaria, me convidaram com um sanduíche de salame e queijo, e Félix Roldán me comunicou que na quarta fosse à AFA para me inscrever. Eu nem sequer sabia onde ficava a AFA…”.

De acordo com Pedernera, o Los Millonarios significou muito para ele. Era como ‘tocar no céu com as mãos‘. Sua estreia no profissional foi com 16 anos, contra o , na 17ª rodada do Campeonato Argentino de 1935, dando de cara três chapéus seguidos no marcador José Della Torre, que tinha ido a última Copa do Mundo na época.

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Mesmo tão novo, conseguiu a titularidade na equipe do River em 1936, e já levantou seu primeiro título. Foi logo no ano que a . Quem vencesse, jogaria contra o campeão uruguaio. Adolfo Pedernera jogou muito aquela final. Ele marcou na vitória e ajudou a equipe se tornar campeã moral daquele ano.

Assim, no ano seguinte, a AFA voltou atrás e colocou apenas um campeonato. Com isso, o River Plate conseguiu seu primeiro bi seguido da história. Depois de fazer uma campanha com 85% de aproveitamento, com 106 gols, teve um segundo turno impecável, com 31 pontos ganhos em 34. Em conclusão, esse é o segundo melhor aproveitamento da história do Campeonato Argentino, perdendo apenas para o Independiente de 1967, treinado pelo brasileiro Osvaldo Brandão, que conseguiu 87%.

COMPANHEIRO DE EQUIPE

Pedernera tinha como campainheiro de equipe Moreno. Os dois ditavam o ritmo do jogo, sendo que Adolfo era o estrategista do time. Por conta das mudanças táticas no meio da partida e da ajuda do seu treinador, o River na época não escolhia adversário. Quem viesse, sabia que encontraria uma equipe organizada, com jogadores talentosos e bem treinada. Por isso, o maestro do time tem uma média de menos de meio gol por jogo vestido a camisa do Los Millonarios, com 153 gols em 278 jogos.

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Em 1941, foi um dos principais atletas em campo naquele super clássico contra o Boca. Na ocasião, o River venceu o rival pelo placar de 5 x 1, e Pedernera anotou um gol. Assim, a equipe da capital foi novamente bicampeão em 1941 e 1942.

APLAUDIDO PELA TORCIDA RIVAL

Naquele campeonato de 1942, mesmo ter vencido o rival com uma goleada, a torcida do Boca se rendeu a Adolfo Pedernera. Contudo, o River perdia por 2 x 0, mas o maestro da equipe marcou dois gols, na etapa final, aos 36 minutos. Vale lembrar que, naquele momento, os Millonarios estavam com dez jogadores em campo.

Jogando na Bombonera, com torcida jogando contra e com menos um no gramado, Adolfo decidiu a partida. E, pela primeira vez, deu a volta olímpica no campo do rival. Mas a mesma plateia, que antes estava gritando contra os jogadores do River Plate, jogando objetos em campos na hora do jogo, se rendeu, e ao fim, aplaudiu Adolfo. Naquela época, a geração dos ‘hermanos‘ era de ouro.

SELEÇÃO ARGENTINA

Sua estreia pela seleção foi em 1940, diante o Uruguai, marcando um gol na vitória por 3 x 1 no rival. A Copa América de 1941 foi o pontapé com a camisa da Argentina. E logo levantou o caneco na primeira oportunidade. Em 1942, também venceu o torneio, mas naquela ocasião, foi meia-direito, pois o atacante da seleção era Herminio Masantonio. Por fim, seu último torneio com a seleção foi em 1946, novamente a Copa América, que na época era conhecida como Campeonato Sul-Americano.

Em conclusão, por conta da Segunda Guerra Mundial, Adolfo Pedernera nunca disputou uma Copa do mundo. Infelizmente muitos não tiveram a oportunidade de conhecer o talento deste maestro. Não foi Adolfo que perdeu a Copa do Mundo, mas sim o torneio que decaiu com a chance de brilhar com a estrela jogando.

Foto: El Gráfico
Foto: El Gráfico

TREINADOR PEDERNERA

Dessa forma, o maestro se aposentou em 1954 e acabou virando treinador. Na beira do campo, também fez história e ficou marcado na Argentina e na Colômbia. Pela Seleção da Argentina, o ex-jogador nunca teve vontade de comandar. Recusou uma proposta feita pela AFA (Associação de Futebol da Argentina) em 1966. Mas alguns anos antes fez história na Colômbia, em 1962.

Naquela ocasião, Pedernera colocou a seleção colombiana pela primeira vez numa Copa do Mundo, depois de empatar em 4 x 4 contra União Soviética do jogador Lev Yashin. Neste mesmo ano, voltou para seu país de origem e comandou Gimnasia La Plata, que, na época, disputou o título nacional até as últimas rodadas. Como resultado positivo a beira do campo, também treinou o Boca, e foi bicampeão em 1964 e 1965, sobre do River.

Dessa forma, depois da Copa do Mundo de 1970, acabou indo para o clube em que fez história e foi treinar a base do River Plate. Lá, seguiu até o último dia de sua vivência. Um ataque cardíaco o tirou a vida no dia 12 de maio de 1995. Por fim, Adolfo Pedernera deixou um legado no futebol argentino. O maestro, que nunca jogou a Copa do Mundo, é lembrado até hoje pelos seus lances dentro de campo. Ou seja, quem perdeu foi o torneio em não poder sentir a sensação de ver Adolfo Pedernera em campo.

Foto destaque: Reprodução/El Gráfico

Gabriel Gonçalves

Gabriel Gonçalves

Formado em jornalismo, escolhi esse caminho pois gosto de contar histórias para as pessoas. Apaixonado por esportes, agradeço ao meu avô por ter colocado o futebol na minha vida.