Problemas com o VAR no futebol brasileiro

A introdução do árbitro de vídeo durante a Copa do Mundo de 2018 abriu uma clivagem na nossa relação com o esporte bretão. No início tido como um avanço no que tange os resultados obtidos em campo, hoje o VAR é pivô de polêmicas. Nesse sentido, queremos propor alternativas para uma melhor utilização dessa tecnologia.

Sport Recife x Palmeiras

No último sábado (9), o Sport Recife recebeu o Palmeiras, na Ilha do Retiro, pela 29ª rodada do Brasileirão 2020. Assim foi derrotado por 1 x 0. Descontada a normalidade do protocolo, a atuação do VAR incomodou muito os pernambucanos. A causa foi a anulação de um possível pênalti a favor do Leão da Ilha. Dessa forma, no contexto de luta contra o rebaixamento, o Sport foi prejudicado por não fazer um ponto em casa. O Palmeiras não tem nada a ver com isso e garantiu sua 13ª vitória no campeonato.

O lance polêmico do VAR

Dada a recorrência das intervenções, não vamos analisar todos os lances reclamados pelas equipes da nossa divisão de elite. Iremos nos ater principalmente ao fato envolvendo o Sport Recife. Após a bola desviar em Rony, o árbitro Dyorgines José Padovani de Andrade consultou o VAR. Contudo, as imagens mostram a intenção de tirar a bola da área. Pela regra, como o chute veio do companheiro de equipe, não configura pênalti. Lance interpretativo.

Histórico do VAR contra o Sport

Sobretudo, a indignação dos pernambucanos não deita raízes nessa partida. No dia 11, o Sport divulgou uma nota solicitando a anulação do resultado adverso – e o fim da cabine do VAR nos seus jogos. Desde já, antes de criticar o pedido é interessante ressaltar as razões que movem o Sport. Por exemplo, contra Atlético-GO (3ª rodada) e Botafogo (15ª rodada), dois pênaltis sonegados lhe prejudicaram. Bem como um pênalti favorável ao Santos (23ª rodada). O técnico Jair Ventura e o meio-campista Thiago Neves puxam a fila dos descontentes.

https://twitter.com/thneves10/status/1348072315540676612

O pedido dos pernambucanos 

Primeiramente, é compreensível que se discuta os erros cometidos pela arbitragem de vídeo. Todavia, um campeão do Brasileirão e da Copa do Brasil não deveria pedir tal coisa. O primeiro ponto é que isso coloca os adversários – e o próprio Sport – em condições de desigualdade nos lances que traem o olho do árbitro.

Já o segundo é que o uso do VAR foi uma decisão chancelada pelos 20 clubes. Portanto, as ilações de que há um esquema de manipulação de resultados são, no mínimo, oportunistas. Embora a prática seja antiga, vejam a fábrica de notícias falsas que virou essa república após 2018…

A questão dos áudios 

Antes de mais nada, o caminho é a perícia externa caso o Sport decida trincar os dentes. Isso levaria a situação às últimas consequências. Para além da esfera jurídica, é preciso fazer a crítica. Certamente, as dificuldades no acesso aos áudios do VAR são um ponto negativo. Publicar esses recursos sonoros talvez reduza as queixas dos clubes. Logo, creio que os árbitros assistentes expliquem as decisões a partir dessa medida.

A demora decisória

A diminuição do tempo entre o lance revisado e a posição final do árbitro de campo é o outro desejo das equipes. Frequentemente, há lances que paralisam a partida em 5 minutos ou mais. Isso tem que acabar o quanto antes. A demora excessiva é um fator de desconfiança que coloca em xeque a transparência do VAR enquanto plataforma de apoio digital para quem apita.

Foto destaque: Divulgaçã/SE Palmeiras

André Filipe

André Filipe

Apaixonado pela dimensão histórica do futebol e pela ciência da bola. Gremista desde a Batalha dos Aflitos para o que der e vier. Sinto na escrita o calor latente das minhas paixões profissionais. Historiador, jornalista esportivo e jogador de pôquer nas horas vagas.