História do Brasileirão Série C: criação, maiores campeões e curiosidades

Brasileirão Série C corresponde a terceira divisão do futebol nacional. Foi criada em 1981 como forma de abrigar o excesso de clubes do cenário nacional que não conseguiam se classificar para a Taça de Prata, muito menos para a Taça de Ouro como forma de democratizar o calendário do futebol nacional. Entre os anos de 1982 e 1986 ela não foi realizada, pois a elite do futebol nacional agregou muitos clubes e era muito extenso, o que ocupava boa parte do ano. Sendo assim, com o passar dos anos e as readequações feitas na elite, a terceira divisão do esporte bretão nacional foi estruturada e disputada com frequência a partir da década de 1988.

Durante 21 anos, a Série C foi considerada o último nível do futebol nacional, com a criação da Série D, a partir de 2009, a competição passou a ser mais valorizada e competitiva contando com a participação de 20 clubes, que disputam entre si para conquistar o acesso para a Série B do cenário futebolístico nacional. Ao longo da história, 28 clubes de 12 federações diferentes já conquistaram o título de campeão do Brasileirão Série C, na primeira edição, em 1981, o Olaria do Rio de Janeiro, foi o grande vencedor.

O maior campeão da competição é o Vila Nova de Goiânia, com três títulos. Quatro times sendo o vencedor e mais três sobem da Série C para a Série B do Brasileirão, a competição ainda é disputada em formato de mata-mata após a primeira fase de pontos corridos, diferentemente do que acontece nas primeiras divisões, disputadas no sistema de turno e returno, em 38 jogos.

No Ranking da CBF, a Série C atribui 200 pontos ao campeão. O vice-campeão recebe 160 pontos, o terceiro recebe 150 e o quarto 140. A partir do quinto colocado, cada posição ganha dois pontos a menos em relação ao colocado imediatamente anterior, chegando até os 108 pontos para a equipe que ficar na vigésima e última posição.

A atual edição é disputada por 20 clubes, que se enfrentam em turno único na primeira fase. Ao final, os oito primeiros colocados se classificam para a fase quadrangular, dividida em dois grupos: o primeiro lugar de cada chave vai para a final da competição, enquanto os dois melhores de cada grupo ascendem à Série B. Já os quatro últimos da primeira fase são rebaixados à Série D.

Veja detalhes da história do Brasileirão Série C

Em 1980, na segunda metade do ano de 1980, Giulite Coutinho, então presidente da CBF, recebeu a proposta de criar a Taça de Bronze, o que seria equivalente à terceira divisão nacional, para que as equipes de menor expressão no cenário nacional pudessem manter suas atividades no período pós-estaduais, para os clubes que não conseguiram se classificar para as Taças de Prata e de Ouro por meio dos seus respectivos estaduais. A primeira edição contaria com 24 equipes representando cada um dos estados brasileiros, a exceção de São Paulo e Rio de Janeiro, que teriam duas vagas.

Entretanto, a Federação Paulista não enviou representantes para a disputa da competição, pois o então presidente da entidade, Nabi Abi Chedid, era desafeto de Giulite. Na época o início da fase classificatória do Campeonato Paulista foi antecipada, o que impediu que os times de São Paulo participassem da nova divisão. Outro clube que optou por ficar de fora da competição foi o Atlético Paranaense: fora das Taças de Ouro e de Prata pela classificação no Campeonato Paranaense, o time preferiu fazer uma excursão pela América do Sul ao invés de disputar o torneio recém-criado.

Portanto, a primeira edição do Brasileirão da Série C foi realizada em formato misto, sendo as duas primeiras fases eliminatórias, e as semifinais disputadas em dois triangulares, com o primeiro de cada grupo avançando para as finais da competição. O Olaria foi o vencedor ao derrotar o Santo Amaro na decisão, como campeão da Taça de Bronze, o time carioca teria o direito de jogar a Taça de Prata em 1982, porém acabou rebaixado no estadual e perdeu a vaga.

Apesar do feito histórico, coube ao Olaria um grande prejuízo financeiro após a participação na Taça de Bronze. Também alegando questões financeiras, a CBF anunciou, logo após o encerramento da primeira edição, que o torneio seria descontinuado.

Fórmula de disputa do Brasileirão Série B

Entre indas e vindas o Campeonato Brasileiro da Série C começou a ser disputado de forma ininterrupta a partir de 1994, a única exceção foi em 2000, com a criação da Copa João Havelange, na qual o módulo verde e o módulo branco foram considerados uma espécie de terceira divisão do futebol nacional, porém sem título reconhecido pela CBF. Apesar do momento mais significativo e representativo do torneio, o Brasileirão Série C passou por diversas mudanças de regulamento entre o início de 1990 até os anos 2000.

O número de equipes também mudou muito até chegar no formato atual e variou entre 107 times, na edição de 1995, até 36, em 1999, nesta edição inclusive, a competição sofreu uma redução na quantidade de times participantes por conta do Fluminense, o qual foi o primeiro clube da Série A a disputar o Brasileirão Série C. Entre 1996 e 1998, o Tricolor Carioca sofreu três rebaixamentos consecutivos, um deles foi anulado por conta de uma virada de mesa, porém, no ano supracitado, o time das Laranjeiras teve que disputar a competição, e foi campeão.

Por conta da criação da Copa João Havelange em 2000, o clube carioca pulou diretamente para a primeira divisão no ano seguinte, a convite do Clube dos 14, assim como Bahia e América Mineiro, que não conseguiram o acesso para a Série B de 1999, e Gama e Juventude, que deveriam ser rebaixados da primeira divisão no mesmo ano.

A estabilização e reconhecimento do Brasileirão Série C revelou uma hegemonia do futebol paulista na competição. Nas cinco primeiras edições, pelo menos um time de São Paulo foi promovido à segunda divisão do futebol nacional. Tanto é que o estado é o líder do ranking de títulos do Brasileirão Série C com nove conquistas e 24 acessos.

Em 2009, a CBF determinou que o Campeonato Brasileiro da Série C fosse disputado com grupos de quatro times e um mata-mata a partir da fase final do torneio, tanto para definir o acesso, como para decidir quem seria o campeão da competição. Sendo assim, os últimos colocados de cada chave seriam rebaixados para a recém-criada Série D. Em 2011, de forma exclusiva, a fase final foi disputada em dois quadrangulares que definiram os clubes finalistas e os promovidos.

No ano seguinte, a competição passou a contar com duas chaves de dez times na primeira fase, aumentando assim o número de datas do torneio. Os quatro melhores times de cada grupo se classificaram para as quartas de final, de onde sairiam os times promovidos para a Série B, os dois piores de cada grupo, seriam rebaixados para a quarta divisão do futebol nacional. Esse formato perdurou por oito anos, até que em 2020, o conselho técnico da competição aprovou mais uma mudança na fórmula de disputa do torneio. A partir da segunda fase, mais dois quadrangulares seriam estabelecidos para definir os promovidos e os finalistas.

Para 2022, pela primeira vez desde que o torneio passou a contar com 20 equipes, a CBF anunciou que a primeira fase seria disputada em turno único, aumentando uma data em relação à temporada anterior. Assim, os oito melhores se classificam para a segunda fase, que permanece com o mesmo formato, enquanto os quatro piores colocados são rebaixados

Maiores campeões do Brasileirão Série C

O Vila Nova de Goiás é o maior campeão do Brasileirão da Série C. O Tigre Goiano tem três conquistas da competição. O Alvirrubro faturou o torneio em 1996, 2015, e 2020, em seguida aparecem o Atlético-GO, que venceu em duas oportunidades, uma em 1990, e outra em 2008, e o Ituano, que venceu em 2003, e 2021.

Demais campeões da Série C: America-MG, Avai, Bragantino,Brasiliense, Criciúma, Etti Jundiai, Fluminense, Joinville, Olaria, Remo, Sampaio Corrêa, Santa Cruz,Tuna Luso, União Barbarense, União S.J., XV de Piracicaba, CSA, Boa EC, Operário, Náutico, Mirassol.

Campeão do Brasileirão da Série C a cada ano

  • 2022 Mirassol
  • 2021 – Ituano
  • 2020 – Vila Nova
  • 2019 – Náutico
  • 2018 – Operário
  • 2017 – CSA
  • 2016 – Ipatinga
  • 2015 – Vila Nova
  • 2014 – Macaé
  • 2013 – Santa Cruz
  • 2012 – Oeste-SP
  • 2011 – Joinville
  • 2010 – ABC
  • 2009 – América-MG
  • 2008 – Atlético-GO
  • 2007 – Red Bull Bragantino
  • 2006 – Criciúma
  • 2005 – Clube do Remo
  • 2004 – União Barbarense
  • 2003 – Ituano
  • 2002 – Brasiliense
  • 2001 – Paulista de Jundiaí
  • 2000 – não foi realizado
  • 1999 – Fluminense
  • 1998 – Avaí
  • 1997 – Sampaio Corrêa
  • 1996 – Vila Nova
  • 1995 – XV de Piracicaba
  • 1994 – Grêmio Novorizontino
  • 1993 – não realizado
  • 1992 – Tuna Luso
  • 1991 – não realizado
  • 1990 – Atlético-GO
  • 1988 – União São João
  • 1987 – não realizado
  • 1986 – não realizado
  • 1985 – não realizado
  • 1984 – não realizado
  • 1983 – não realizado
  • 1982 – não realizado
  • 1981 – Olaria

Maiores artilheiros do Brasileirão Série C

  • Marcão– 27 gols
  • Túlio Maravilha e Kléber Pereira– 25 gols
  • Sorato– 16 gols
  • Marcelinho Paraíba– 16 gols
  • Edmilson, Jean Carlos e Rodrygo Ayres– 14 gols

Maiores públicos do Brasileirão Série C

Confira o top 5 maiores públicos

  1. Sampaio Corrêa 3 x 1 Francana: 65.616 pessoas (30/11/1997)
  2. Fortaleza 1 x 1 Juventude: 63.903 pessoas (09/10/2016)
  3. Fortaleza 1 x 1 Macaé: 63.254 pessoas (25/10/2014)
  4. Bahia 2 x 2 Bragantino: 60.860 pessoas (31/10/2007)
  5. Bahia 0 x 0 Vila Nova: 60.007 pessoas (25/11/2007)

 

Lucas de Souza

Lucas de Souza

Repórter na equipe do Futebol na Veia e redator na Trivela, Lucas Souza é narrador do canal Futebol Interior e da Federação Paulista de Futebol.