Todas as conquistas de um clube de futebol são importantes. No entanto, há aquelas que ficam para a história não por si sós, mas por toda uma trama de jogos que a viabilizou e sua representatividade para toda uma região. Dessa forma, nesta quinta-feira (11), a conquista da Copa do Brasil pelo Sport Club do Recife completa 12 anos e o Futebol na Veia relembra a trajetória do Leão da Ilha. Desde o primeiro passo em Imperatriz, no Maranhão, à glória na Ilha do Retiro contra o Corinthians. Um título que recolocou o nordeste no mapa das grandes finais.
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Antes de mais nada, relembremos como chegou o Sport para a disputa daquela . Assim, em 2008, o Leão vinha de uma permanência na Série A após a volta à elite em 2006 com o vice da Série B. À nível estadual, já havia conquistado o Bi-campeonato Pernambucano e era o favorito natural para o Tri. Enquanto que no banco tinha contratado o experiente técnico Nelsinho Baptista, recém-rebaixado com o Corinthians. Já no campo, nomes já se sobressaiam como Magrão, Durval, Igor, Dutra e Carlinhos Bala.
Assim, na montagem do elenco para 2008, chegaram jogadores que ficariam imortalizados pela conquista como os volantes Sandro Goiano e Daniel Paulista, atual técnico do Sport. Além dos atacantes Enílton e Leandro Machado. Logo, um jogador criticado em 2007, e quase devolvido ao Goiás, também seria parte importante na trajetória: o meia-atacante Romerito. No entanto, o Leão entrou na competição como azarão, o objetivo era chegar o mais longe possível. Mas, a proporção que foi avançando de fase, o sonho do título ficava concreto.
SPORT, 2008: TUDO COMEÇOU EM IMPERATRIZ
Dessa forma, em um Frei Epifãnio D'Abadia lotado, o Sport começou a campanha empatando em 2 x 2 com o Imperatriz, do Maranhão, em um jogo de altos e baixos. Já na Ilha do Retiro, os erros em solo maranhense não aconteceram e o Leão goleou por 4 x 1 com direito aos primeiros gols do artilheiro Romerito. Sem conseguir jogar, o Cavalo de Aço foi presa fácil para Luisinho Netto, Igor e Reginaldo que asseguraram a classificação Rubro-negra. Era uma época que não era difícil passar da primeira fase.
Já pela segunda fase, o adversário foi o Brasiliense. Assim, na Boca do Jacaré, o Sport encontrou dificuldades para vencer o Esquadrão Amarelo por 2 x 1. Logo, saiu atrás, mas, apesar de ter tido Durval expulso, ainda virou o placar com Dutra e Romerito. Enquanto que na volta, voltou a golear por 4 x 1 sem maiores complicações através dos gols de Carlinhos Bala, Igor e Roger, só no primeiro tempo. Na etapa final, Enilton fechou a conta e colocou o Leão nas oitavas de final.
NAS OITAVAS, O PALMEIRAS DE VALDÍVIA
A partir de então, o Sport iniciaria uma sequência de eliminações históricas, um a um foram caindo. Assim, o primeiro da vez foi o Palmeiras de Valdívia. Logo, no jogo de ida, no antigo Palestra Itália, os goleiros foram os destaques, São Marcos e São Magrão definiram o empate em 0 x 0. Melhor para o Leão que precisava de uma vitória simples e fez muito mais.
Isso porque, na volta, a Ilha do Retiro fez valer a sua força diante das insinuações do atacante Kleber Gladiador que o Rubro-Negro não jogaria no ataque. Pois, o clube pernambucano se agigantou e goleou por 4 x 1, novamente, em grande noite de Romerito, com o camisa 10 anotando um hat-trick memorável em uma das maiores atuações individuais de um jogador do Sport Club do Recife na história.
NAS QUARTAS, O INTERNACIONAL, RECÉM CAMPEÃO MUNDIAL
Após eliminar o Palmeiras, um dos favoritos ao título, o Sport deixava de ser tido como mero azarão e começava a ser respeitado na Copa do Brasil. Tanto que na ida em Porto Alegre, o jogo contra o Internacional de Fernandão começou no hotel com os fogos da torcida colorada para perturbar o sono rubro-negro. No campo, uma atuação não tão vistosa e a primeira derrota por 1 x 0 com gol do meia Alex. No entanto, a confiança era grande para a volta na Ilha do Retiro que já ganhava o apelido de La Bombonilha do Nordeste por reverter resultados na competição.
Logo, em Recife, talvez, a partida mais dramática daquela competição, que superou até a futura decisão por pênaltis contra o Vasco. Assim, precisando de uma vitória por dois gols ou mais, o Sport se lançou ao ataque e abriu o placar com Leandro Machado. No entanto, o Internacional empatou com Sidnei. Já no segundo tempo, Roger virou o jogo e a necessidade caiu para um gol. Dessa forma, em falta cobrada da intermediária, Durval fez o gol mais memorável de sua carreira ao classificar o Leão e despachar outro favorito ao título, dessa vez, por 3 x 1.
A SEMIFINAL DECIDIDA FORA DE CASA
Agora, pela semifinal, o desejo do título era real, a busca era concreta. No entanto, pela única vez na Copa do Brasil, o Sport iniciaria em casa a luta pela classificação. Se a disputa já era diferente por si só, a noite não foi de quem estava acostumado a fazer gols, pois quem decretou a vitória por 2 x 0 foi o zagueiro Durval e o volante Daniel Paulista. Ao Vasco, faltou inspiração, restou, portanto, apenas o ímpeto de devolver o placar no Rio de Janeiro.
No entanto, em São Januário, o Sport teve que superar fogos de artifício, pedras jogadas na direção do ônibus e limitações no aquecimento e de local para torcer. No campo, o Leão até tentou, mas o jogo era tenso. Na etapa final, Leandro Amaral abriu o placar e, nos acréscimos, Edmundo forçou as penalidades. Apesar disso, o Animal de herói virou vilão ao perder a primeira cobrança. No fim, coube a Carlinhos Bala converter o pênalti que recolocou o Rubro-Negro em uma final de Copa do Brasil depois de 19 anos.
A FINAL: SPORT 2 X 0 CORINTHIANS
Antes da final, veio a saída de Romerito, um dos grandes responsáveis pela campanha do Sport, que por força contratual teve que voltar ao Goiás. Assim, no Morumbi, o adversário da final não foi, novamente, apenas o gigante Corinthians. Na entrada do estádio, a torcida corintiana arremessou objetos contra o ônibus. No jogo de ida, uma atuação bem abaixo da média para aquela temporada e o Timão abriu vantagem de 3 x 1. Apesar da derrota, o gol no apagar das luzes deu a esperança para a volta na Ilha do Retiro. Até porque, “bastava” um 2 x 0.
Esperança que se traduziu em mais de 34 mil torcedores na La Bombonilha. Assim, pressionando desde o princípio, o Sport aproveitou um apagão de cinco minutos na defesa do Corinthians. Logo, Carlinhos Bala e Luciano Henrique tiraram a desvantagem ainda no primeiro tempo. Na etapa final, bastava segurar o ímpeto paulista para acabar com a festa pronta dos corintianos em São Paulo. No fim, coube a Durval imortalizar o gesto de glória ao levantar a taça da Copa do Brasil.
SPORT CAMPEÃO: “O GOL DO TÍTULO”
Por fim, diante de tantas imagens históricas, a que entrou nos anais do futebol talvez seja a das palavras de Carlinhos Bala após o gol de honra no Morumbi. Assim, naquele dia, Deus falou com o autor da mão que aplaude é a mesma que vaia. No entanto, o choro de Romerito, a alegria efusiva de Daniel Paulista e a explosão de Nelsinho Baptista, após instantes de comedimento, são retratos que ajudam a entender o sentimento que essa conquista representa para todos os Rubro-Negros. Todos peças fundamentais para que Durval subisse ao pódio e não devolvesse mais a taça da Copa do Brasil.
Uma conquista que transcende o clube, foi um título de Pernambuco, um grito de sobrevivência para uma das regiões que mais se alimenta de futebol. Pois, naquele dia, o Sport foi mais uma vez um desbravador de um Brasil desigual que clama por mais oportunidades e respeito. Foi um verdadeiro leão que não teve medo de rugir frente aos grandes de seu tempo.
Foto destaque: Reprodução /Ari Ferreira / Lancepress