Cucabol: é o melhor técnico no Brasil?

Alexi Stival, ou melhor dizendo, Santos, em agosto de 2020. O Peixe está na final da Copa Libertadores da América, que será disputada contra o Palmeiras, no dia 30 de janeiro, no Maracanã. A pergunta que não quer calar é: Cucabol é o melhor em atividade no Brasil? Entre o “sim” e o “não”, o melhor é avaliar os porquês de tal firmação.

Sim, ele é o melhor técnico em atividade no Brasil

Primeiramente, a situação do time é boa, apesar de não receber salário e não poder contratar jogadores. É um ponto muito positivo, pois, principalmente na pandemia, alguns clubes se enrolaram somente com esses dois motivos, como o Cruzeiro.

Na quarta-feira (13), fez 3 x 0 no Boca Juniors, na Vila Belmiro, e se classificou para a final. Um ótimo resultado após cinco meses de trabalho, sem esquecer todas essas pedras no caminho. Em entrevista ao Globo Esporte, após o jogo, o técnico declarou:

“As dificuldades são muito grandes. A gente não pode contratar, tem dificuldade no pagamento, na premiação. E sempre jogamos abertos, eles não ficam de picuinha e cara virada. Por isso chegamos, eles fazem por amor. Em qualquer outra situação, se rebelam. Aqui é diferente. A gente vai para uma final e canta o hino.

Certamente, Cuca é um técnico que é criativo nas soluções para a equipe. Tem um perfil de investir em movimentações e variações táticas no mesmo jogo para surpreender o adversário. Além disso, gosta de bolas longas e cruzamentos laterais bem marcados. Enfim, Cuca pode ganhar, perder, ou empatar, mas nunca abre mão do futebol ofensivo.

Em 2016, o jornalista Mauro Cezar Pereira, da ESPN, usou o termo Cucabol para se referir ao estilo de jogo do treinador quando está sob pressão. Na ocasião, ele argumentou que “o Cucabol usa e abusa de cruzamentos na área adversária, inclusive com as mãos, em cobrança de lateral.”

Ademais, o treinador vem sendo muito elogiado por reconhecer o trabalho de outros técnicos que passaram pelo comando do Peixe antes de sua chegada no ano passado ou que se destacam pelo comando de times, como o Flamengo na Libertadores. Sempre que tem oportunidade, faz jus ao trabalho de Jorge Jesus, Sampaoli e o ex-técnico do Santos Jesualdo Ferreira.

Mas, nem tudo são flores…

Não, ele não é o melhor técnico em atividade no Brasil

Sob esta análise, “ser” e “estar” têm grandes diferenças. Há quem diga que Cuca monta grandes times, mas ergue poucos títulos. Decerto é verdade, pois o técnico possui apenas quatro títulos relevantes. Dentre eles: uma Copa Libertadores da América, um Campeonato Brasileiro, com o Palmeiras, e dois títulos na China. Além desses, tem campeonatos estaduais no Brasil.

Ademais, Cuca é treinador há muito tempo. Passou por bons times, como São Paulo, Grêmio e Flamengo. Porém, também pegou equipes menos expressivas, como o Coritiba e Botafogo. Chegou ao Cruzeiro em uma fase ruim, e depois para o Atlético-MG, em que venceu a Copa Libertadores em 2013. Mas, após a eliminação no Mundial de Clubes, foi vendido para a China. Logo após, ele veio para o Palmeiras e foi campeão do Brasileirão, permanecendo lá até 2017.

Até chegar ao Santos, Cuca chegou a ficar 11 meses desempregado e recusou proposta no Galo.

Para alguns, para se colocar um treinador como melhor em atividade ele precisa ter pelo menos um ano no auge. Algo que Cuca ainda não tem (pelo menos não no Santos). Outros justificam que ele não é o melhor do Brasil, pois vive um bom momento. De fato, recebeu um time estruturado e manteve a organização, conseguindo aumentar essa fase boa até uma final de Libertadores.

Ainda, há quem argumente que ele não é o melhor técnico em atividade no Brasil porque o time dele [Santos] não joga o melhor futebol do país. Isso se deve a uma comparação feita ao seu rival direto, o Palmeiras. O time, além de estar na final da Libertadores, vai disputar a final da Copa do Brasil. Além disso, ainda tem chances diretas de levar o título do Campeonato Brasileiro.

Portanto, talvez dê para concluir que Cuca é o melhor técnico em atividade no Brasil. Mas, até quando?

Foto destaque: Reprodução/Marcello Zambrana/AGIF

Cler Santos

Cler Santos

Eu escolhi jornalismo pois além de muito faladeira, semrpe fui uma leitora voraz. Um belo dia vendo Globo Repórter, eu disse a minha mãe que queria viajar muito como a Glória Maria, e ela me disse " então tem que ser jornalista ". É meu objetivo desde então.
Já tive experiência de escrever no jornal da escola, estive sempre entre os primeiros lugares nos campeonatos de texto.
Em jornalismo mesmo, participei como redatora voluntária para o site " dicas de jornalismo " por cerca de 1 mês na editoria de cultura, em que escrevi sobre mulheres negras, público LGBTQIA+ e veganismo negro.
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Produzi 2 podcasts em grupo, um sobre um time de rugby paraolímpico, e outro sobre semiótica, jornalismo e o caso de Mariana Ferrer.
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