Tudo ou Nada: Seleção Brasileira – Do ultimato à Tite ao corte de Neymar

Você gosta de relembrar conquistas marcantes? Nesta terça-feira (9), a coluna Futflix inicia uma sequência de três edições sobre a mais nova série documental da Amazon Prime Vídeo. Assim, lançada em 31 de janeiro, Tudo ou Nada: Seleção Brasileira apresenta os bastidores da conquista da Copa América, em 2019. Dessa forma, em cinco episódios de uma hora, em média, você tem acesso a um conteúdo inédito do dia-a-dia de preparação, as superações a cada jogo, o peso do superclássico das Américas na semifinal e, enfim, a glória contra o Peru.

Logo, com comentários do técnico Tite, imagens de treinos, depoimentos de jogadores e membros da comissão técnica, a série traz um novo olhar sobre a Canarinha. Assim, Tudo ou Nada: Seleção Brasileira é um prato cheio para o torcedor saudoso e que vivenciou o Enea da América. No entanto, para aquele mais alheio ao mundo do futebol, a carga de emoção e de informação tem seu grau reduzido. Nesta primeira edição, traremos os principais temas abordados no primeiro episódio.

ATENÇÃO: O TEXTO A SEGUIR POSSUI SPOILER. CASO NÃO QUEIRA PERDER SUA EXPERIÊNCIA, ASSISTA A SÉRIE E VOLTE DEPOIS PARA LER.

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DESCONFIANÇA DA TORCIDA E A OBRIGAÇÃO DE VENCER EM CASA

Assim, a década não vinha sendo positiva para a Seleção Brasileira e nem para a , como entidade máxima do futebol nacional. Isso porque, desde a conquista da Copa das Confederações, em 2013, contra a Espanha, em um Maracanã simbionte, que o Brasil passou a colecionar vexames. Foi assim contra a Alemanha no fatídico 7 x 1 de 2014 e nas eliminações mais do que precoces nas Copas Américas de 2015 e 2016, esta ainda na primeira fase. Além disso, a década ficou marcada pelos inúmeros escândalos de corrupção na organização com presidentes presos e banidos do futebol.

Dessa forma, a Era Tite começou promissora com a arrancada nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, quando o risco de não classificação era real. Assim, o técnico pôs ordem na casa e qualificou para o Mundial com uma liderança confortável. Logo, jogávamos o melhor futebol da América e éramos um dos favoritos para o título na Rússia. No entanto, a Seleção Brasileira foi eliminada pela Bélgica nas quartas de final. Após um fraco desempenho nos amistosos seguintes, apesar dos resultados, Adenor passou a carregar a desconfiança da torcida e o peso de 12 anos sem títulos relevantes. Era chegada a hora de dar mais do que vitórias e Tite sabia disso.

PREPARAÇÃO PARA OS AMISTOSOS

A partir de então, Tudo ou Nada: Seleção Brasileira começa a narrar os fatos que permearam a primeira semana de preparação visando os dois amistosos contra Catar e Honduras. Assim, com alguns convocados ainda atuando na Europa, pelo Liverpool, em meio a final da Liga dos Campeões, 19 jogadores se apresentaram na Granja Comary. No entanto, uma ausência foi sentida, a do craque Neymar. O menino Ney que seria personagem de destaque, não pelo que fez em campo, mas sim pelo que aconteceu fora dele, nem chegou a se apresentar ao PSG. Logo, o fato foi agravado pelo histórico recente de indisciplina e as duas temporadas de lesões no clube francês.

Diante disso, o técnico Tite decidiu trocar a braçadeira de capitão e deu-a ao lateral direito Daniel Alves, amigo e então companheiro de Neymar no PSG. Apesar desse primeiro incidente, o clima na concentração e nos treinamentos era de descontração e união. Assim, o atacante Richarlison, ex-Fluminense e, atualmente, no Everton, era o mais piadista do elenco e isso quebrava o gelo entre os mais iniciantes. Enquanto que na parte técnica, na ausência de Alisson, ainda com o Liverpool, o goleiro Ederson, do Manchester City, teria sua grande oportunidade nos amistosos.

REUNIÕES TÉCNICAS

Talvez, a grande contribuição de Tudo ou Nada: Seleção Brasileira esteja em nos colocar dentro das reuniões da comissão técnica de Tite. Assim, acompanhamos os dilemas e as tomadas de decisão compartilhadas entre os membros, do médico Rodrigo Lasmar, passando pelo então coordenador Edu Gaspar e definida por Adenor. Nelas, é confessado que o treinador convocou de oito a nove jogadores que estavam lesionados ou ainda se recuperando de lesões.

Além disso, que o volante Arthur, do Barcelona, chegou a concentração com níveis musculares muito abaixo da expectativa e que um treinamento especifico foi realizado. Logo, dada a proximidade do local do primeiro amistoso, em Brasília, com sua terra natal, Goiânia, o ex-gremista foi pego como personagem para apresentar sua história. Assim, é contada as dificuldades e títulos no início pelo Goiás, a ida ao Grêmio e o sonho de atuar pelo Barcelona que ele acompanhava pelo vídeo-game. Além disso, a família pode assistir de camarote a partida contra o Catar no Estádio Mané Garrincha.

NEYMAR: LESÃO E ESCÂNDALO

Todavia, o episódio que marcou e definiu os rumos da Seleção Brasileira naquela Copa América não aconteceu dentro do campo. Como dito acima, Neymar teria destaque pelo que fez, ou não fez, fora dos gramados. Assim, quando o Brasil estava às vésperas de atuar contra o Catar, sobreveio uma entorse no tornozelo do craque durante um dos treinamentos finais. Além disso, uma “bomba” caiu na concentração: viaturas da Polícia Civil chegavam na Granja Comary, uma mulher havia acusado o principal jogador da Seleção de estupro.

Logo, o clima tenso ficou indisfarçável quando o técnico Tite teve que se manifestar em entrevista coletiva. Assim, houve um bombardeio de perguntas, quase todas sobre o incidente, e o treinador se manteve sereno. Tinha que passar por esse ritual. Já se discutia sobre um corte de Neymar diante de estar com a “cabeça fora da Copa América“. No entanto, ainda entrou em campo no primeiro amistoso. Mas, para o insucesso de todos, o menino Ney rompeu o ligamento do tornozelo direito após sofrer uma entrada faltosa. Dessa forma, o corte era inevitável.

Quando veio o pedido de substituição, eu pensei que fosse por um zelo, em função de ser um jogo amistoso e eu já fiquei focado na substituição. Eu digo: ‘não é possível!'. Eu não imaginava, não foi essa dimensão, não teve esse grau. Ele disse: ‘não, ele rompeu, ele tá fora!'. P… que pariu!” – confessou Tite.

Apesar disso, a Seleção Brasileira ganhou a partida com gols do pombo Richarlison e de Gabriel Jesus, ex-Palmeiras e, atualmente, no Manchester City. Tempos depois, o processo contra Neymar foi arquivado por falta de provas. Todavia, ficava a pergunta: como o Brasil reagiria e jogaria uma Copa América, em casa e sob pressão, sem seu principal jogador?

Assunto para outra edição da Futflix.

Foto destaque: Divulgação / Amazon Prime Vídeo 

Ricardo do Amaral

Ricardo do Amaral

"Alvíssaras! Sou Ricardo Accioly Filho, pernambucano de 29 anos, advogado e estudante de jornalismo pela Uninassau. Tenho como mote que “no futebol, nunca serão apenas 11 contra 11”; é arte, é espetáculo, humanismo, tem poder de mover multidões e permitir ascensões sociais. Como paixão nacional do brasileiro, o futebol me acompanha desde cedo, entretanto como nunca tive habilidade para praticá-lo, busquei associar duas vertentes de minha vida: o prazer pela leitura e o esporte bretão. Foi nesse diapasão que encontrei no jornalismo esportivo o elo de ligação que me leva a difundir e informar o que, nas palavras de Steven Spielberg, é o “mais belo espetáculo de imagens que já vi”."