Tite, eu te entendo, mas não concordo com você

Nesta segunda-feira (16), mais uma vez, a falará sobre Seleção Brasileira. Tite tem um aproveitamento de 79% com a Amarelinha, mas não agrada grande parte da população brasileira. O rendimento, em números da equipe, é excelente, no entanto por que o comandante é tão criticado?

Bem, a verdade é que nós não temos adversário na América. Assim, dominar o continente é obrigação. Todavia, na Europa tem muitos. Além disso, alguns melhores que a gente. Entretanto, o Brasil poderia render muito mais que esses míseros 79%. Uma coisa que precisamos aprender com o futebol: os números podem não significar nada.

Aos saudosistas, que ficam dizendo que é um absurdo o Brasil não vencer uma Copa desde 2002 e que nossa equipe não é mais digna: na sua “época de ouro”, a Seleção ficou 24 anos sem vencer um Mundial. Muitos grandes times, como o de 82, ficaram pelo caminho e um dos mais limitados, o de 1994, encerrou o jejum.

GRANDES NÚMEROS, UM FUTEBOL BOM E BONS RESULTADOS. POR QUE TANTA CRÍTICA?

O futebol é o esporte mais injusto do mundo. Isso é culpa nossa. A nossa cultura impõe que apenas o vencedor será lembrado. “Campeão é apenas um, o restante são perdedores”. Todavia, isso não é certo. Por trás de números, existe um grande planejamento. Assim, o clube, que é semifinalista ou finalista, brigou muito para chegar lá. Um exemplo simples e recente, o PSG das duas últimas temporadas. Os franceses chegaram em uma final e uma semifinal e não conquistaram a sonhada Champions League. Com isso, nenhum jogador do clube presta.

Esse exemplo cabe perfeitamente à Seleção. A equipe colecionou jogos brilhantes de setembro de 2016 até outubro de 2017. O plantel, que é liderado por Adenor Leonardo Bachi, o Tite, jogava bonito, encantava. Entretanto, ser soberano na América é comum para nós. Todos exaltavam a Seleção, elogiavam jogadores comuns, como Paulinho, comparando-os com atletas de alto nível europeu.

A nação estava totalmente iludida, que não percebia certos problemas que o plantel demonstrava. Os problemas eram evidentes. Entretanto, ninguém ligava, porque o Brasil estava invicto. Desde a sua estreia até a Copa, foram apenas quatro gols sofridos e 47 marcados. Quem se atentou a isso foram os adversários.

Copa do Mundo nunca foi fácil. As pessoas querem que a equipe vença uma competição desse nível apenas com goleadas e exibição de gala. Aos hipócritas de plantão, em 2002, a Seleção do Penta teve dificuldade em seis dos sete duelos. Ou seja, conquistar o mundo nunca foi fácil e jamais vai ser. Tite retomou, por um tempo, a confiança da torcida, no entanto a sua teimosia acabou com tudo isso. O treinador costuma levar muito em conta a meritocracia, mas o futebol é momento e isso provocou as críticas.

TITE, VOCÊ NÃO SE AJUDA

Eu entendo o Tite em seguir a sua filosofia e sua forma de pensar. Quem escala o time é ele, não nós. Se ele for seguir a cabeça de cada brasileiro, não vai convocar nenhum atleta. No Brasil, não temos um treinador, mas sim 211 milhões. Todo mundo pensa que entende de futebol, no entanto só ele está no dia a dia com os jogadores. Nós temos um hábito ruim de só enxergamos as coisas por nossas óticas. Adenor mostra personalidade ao manter sua forma de jogar, mas apresenta ignorância por não mudar algumas peças e por persistir no erro.

O comandante da Seleção Canarinho demora muito para dar chance para novos jogadores em ascensão. Além disso, quando convoca novidades, não as utiliza. Para saber se determinado atleta é útil ou não para o plantel é preciso testá-lo em uma partida valendo. Os treinos não dizem muito. Muitas vezes, acredito que o problema é o planejamento.

O futebol é muito dinâmico e muda do dia para a noite. Assim, mudanças são necessárias. Nenhum time joga com as mesmas peças e da mesma forma por dois ou mais anos. A tecnologia e os estudos esportivos obrigam que as inovações sejam frequentes. Se uma equipe joga da mesma maneira por um ano, no próximo se torna presa fácil.

Fabinho, do Liverpool, vem jogando bem há muito tempo como volante. Ademais, o meia é muito versátil, atua como lateral e zagueiro também. O jogador pedia passagem na Seleção desde meses antes da Copa. Ele era elogiado frequentemente por Jürgen Klopp, um dos grandes treinadores dos últimos anos. Na época da Copa do Mundo, Arthur vinha em ascensão após grande passagem pelo Grêmio, sendo fundamental na conquista da América. Lucas voltava a jogar bem no Tottenham, mas o técnico da Amarelinha ignorou todos.

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MÉRITO NÃO GANHA JOGO

Se o futebol fosse decidido por mérito, não teríamos vencedores. Todos os times que fazem um bom trabalho seguem sua filosofia, que propõe um jogo bonito ou não merecem vencer. Entretanto, vencedor é só um – aquele que executou melhor a sua ideia de jogo. Assim, manter um jogador no time titular ou na convocação por mérito não faz sentido algum. A equipe tem que ter um esquema tática e até mesmo um time base. Todavia, ninguém tem cadeira cativa.

A última convocação foi muito criticada. Primeiramente, o fato dele deixar claro que os jogadores tem que provar o seu potencial na Europa. Lucas Veríssimo jogou bem no Santos por muitos anos, mas só recebeu uma oportunidade na Seleção Brasileira quando se transferiu para o Benfica. O zagueiro está em Portugal há três meses, joga no mesmo nível lá, apresentando as mesmas qualidades, por que não recebeu uma chance antes? Para o treinador, atuar no Brasil já não é tanto parâmetro.

Muitos criticaram as convocações de Thiago Silva e Daniel Alves, justificando que eles estão velhos. Todavia, segue atuando em alto nível. O zagueiro do Chelsea faz mais uma grande temporada e chegou na segunda final de Champions League seguida. Por outro lado, o maior vencedor da história do futebol reencontrou o bom futebol na ala-direita e apresenta uma qualidade absurda. Poucos laterais no mundo apresentam o talento do jogador do São Paulo.

O nome de Lucas Paquetá também foi muito criticado. No entanto, quem acompanha Campeonato Francês sabe da grande temporada que o meia vem fazendo. Aliás, vem tendo um ano melhor que Bruno Guimarães, que é pedido por toda nação.

ABRE O OLHO, TITE!

Douglas Luiz, Fred e Everton Ribeiro não vivem fase para serem convocados. Gerson e Bruno Guimarães jogam mais que os dois volantes citados, no entanto vão representar a Seleção Olímpica. Aliás, ambos deveriam ser figura certa na convocação principal, mas o volante do Flamengo nunca recebeu uma oportunidade. O Coringa é mais completo que qualquer segundo volante brasileiro da atualidade. Por outro lado, o meia do Lyon já foi chamado por Tite, entretanto não atuou nem 15 minutos.

Raphael Veiga vem jogando muito bem há muitos meses, sendo um dos principais jogadores do vencedor do Palmeiras em 2020. O meia segue brilhando, mas o comandante persiste em um nome que não vive a sua melhor fase.

A Seleção Olímpica convocou diversos nomes que precisam ser chamados para a principal após a Olimpíadas. Guilherme Arana, Gabriel Menino, os volantes citados acima e Pedro precisam ser chamados. Rodrygo também merece chance, porém a posição dele é a mais concorrida do plantel. Assim, o Brasil pode reder muito mais e tem condições de vencer a Copa do Mundo de 2022. Todavia, isso vai exigir superação, comprometimento e garra.

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Foto Destaque: Divulgação/ CBF

Leonardo Pinheiro

Leonardo Pinheiro

Escolhi jornalismo porque para mim é prazeroso informar as pessoas, e além disso, a paixão pelo futebol me encorajou a seguir essa carreira. Meu principalmente objetivo na profissão é trabalhar com esportes, principalmente o futebol.