Nessa semana na coluna Tática dos Campeões, vamos relembrar um pouco da história desse São Paulo que marcou época no começo dos anos 1990. Embora a equipe paulista não tenha conseguido ser campeã, pois acabou perdendo em duas finais de Brasileiro. Desse modo, o tricolor paulista acabou sendo derrotado em 89 pelo Vasco e no ano seguinte pelo Corinthians, ambos dentro de casa. Porém, em 1991, um excelente trabalho se iniciou e logo já rendeu frutos, o mestre Telê Santana consegui organizar o time e buscar os títulos. Tanto que nesse mesmo ano, o São Paulo conseguiu o título Paulista e Brasileiro.
No entanto, os anos seguintes mostrariam desafios mais difíceis, como a Copa Libertadores e também uma possível disputa do Mundial. Todavia, em 1992 e 1993, foram anos muito vitoriosos para o São Paulo. Já que em 92 conseguiu vencer a Libertadores, o Paulista e o Mundial, fazendo frente a um grande esquadrão do Barcelona, comandado por Johan Cruijff. Então, em 93, o tricolor paulista conquistou novamente tanto a Libertadores, quanto o Mundial. Dessa vez, o adversário foi o Milan que não conseguiu conter o gol de Müller faltando quatro minutos para o fim do jogo. Ou seja, São Paulo bicampeão da Libertadores e Mundial em anos seguidos, de fato, um grande feito.
Time-base: Zetti; Cafu (Vítor), Adílson (Válber), Ronaldão, Ronaldo Luís (André Luiz); Pintado (Doriva), Dinho, Cerezo e Raí (Leonardo); Müller e Palhinha (Juninho). Técnico: Telê Santana.
DEFESA CONSISTENTE E GOLEIRO BRILHANTE
Primeiramente, um bom time se inicia com um bom goleiro, aquele que passa segurança ao sistema defensivo e é eficiente quando exigido. Assim, o São Paulo contava com o grande goleiro Zetti, um nome que brilhou com a camisa tricolor. A saber, Zetti foi peça importante no primeiro título da Libertadores, em especial, na disputa de pênaltis na final contra o Newell's Old Boys, em que defendeu a última cobrança do time argentino e garantiu o título continental. Além disso, estava no elenco da seleção brasileira campeã do mundo em 1994.
Apesar de Telê observar sempre a magia e o encantamento em termos ofensivos, o sistema defensivo do tricolor contava com boas peças e boa organização tática. Em geral, se estruturava em um linha com quatro defensores, que contava com Cafu que desempenhava muitas funções inclusive a de lateral-direito, mas também poderia contar com Vítor fazendo esse papel, além de Ronaldo Luís ou André Luiz revezarem pelo outro lado. Ao mesmo tempo que, Adílson e Ronaldão mantinham a postura e eram potencializados pelo forma de trabalhar de Telê Santana, que ensinava técnicas e maneiras corretas de se posicionar dentro do campo.
UM ATAQUE BRILHANTE E EFICIENTE
A princípio, Telê era um técnico tido pela fama de um futebol bonito, contudo que não ganhava. No entanto, no São Paulo ele quebrou toda essa escrita e montou um time muito qualificado e o seu ponto forte, sem dúvida, era o meio-campo e o ataque. A organização dos movimentos de ataque associada a apurada técnica dos jogadores, que se desenvolvia cada vez mais nas sessões de treino era o sucesso do time. Ao passo que esse desenvolvimento foi acontecendo, a qualidade técnica de vários atletas foi ficando cada vez mais relevante.
Em outras palavras, o jogo coletivo potencializou o individual. Dessa maneira, por exemplo figuras como Raí e Müller fizeram grandes partidas. Tanto que Raí, uma peça importante na criação do time no meio-campo foi vendido em 1993, além de Cafu que teve grande carreira na Europa e que desempenhava uma função mais ofensiva, um pouco diferente do que conhecemos mais ao fim de sua carreira, já como lateral pelo lado direito. Em suma, um ataque com muita velocidade, inteligência e que tinha capacidade de marcar muitos gols.
Portanto, Telê Santana foi peça fundamental na implementação de um trabalho a longo prazo e que rendeu muitos frutos. De tal forma que, todos os que trabalharam junto com Telê valorizam sempre a questão dos treinamentos e das ideias que ele foi capaz de consolidar não só no São Paulo, mas em outras equipes que trabalhou. Em conclusão, podemos perceber o papel do treinador na formação e consolidação de um atleta de futebol e a maneira como o técnico pode extrair o máximo de seus comandados com dedicação, trabalho e ideias bem consolidadas.
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