Quero começar o texto parabenizando o América Mineiro pela memorável classificação para a fase de grupos da Libertadores. Clube emergente no cenário sul-americano, o Coelho é uma das surpresas agradáveis desta edição do torneio continental. A princípio, iremos tecer algumas considerações sobre o modelo de jogo implementado por Marquinhos Santos. No entanto, também é do nosso interesse fornecer explicações plausíveis sobre como o time de Belo Horizonte chegou até aqui. Afinal, o sucesso é consequência de um trabalho bem feito. Nesse sentido, o tipo de gestão que o clube opta incide diretamente sobre os resultados em campo.
Índice
O América Mineiro é copeiro
A tradição do América Mineiro em mata-mata vem sendo construída pelo menos desde 2020. Naquele ano, era o técnico Lisca quem comandava o Coelho. O América só parou na semifinal, diante do futuro campeão Palmeiras. Na Série B, foi vice-campeão e só não levantou o caneco por causa de um gol de saldo. Portanto, subiu de divisão e em 2021 conquistou o direito de jogar a Libertadores. Uma ascensão meteórica com alguns testes para cardíaco. A estreia teve o gol da derrota aos 45 do 2º tempo. Na volta, o América virou um jogo que parecia perdido e avançou nos pênaltis. Por fim, dois empates sem gols contra o Barcelona de Guayaquil. Passou nas penalidades de novo.
O esquema tático do América
Antes de mais nada, é importante relembrar que a variação tática exerce uma função crucial no América. O Coelho geralmente se porta no 4-3-3 (com dois volantes e um armador mais centralizado). Marquinhos Santos preza pelo controle das ações ofensivas e gosta de marcar a saída de bola dos adversários. Em linhas gerais, o América busca o protagonismo nas partidas. Desse modo, quando atua no 4-4-2, utiliza o recurso da amplitude. Nesse caso, os meias podem avançar um pouco mais para formar uma linha de quatro com os atacantes. É uma maneira de ir empurrando os rivais para o campo de defesa. Assim, o Coelho os sufoca e garante a manutenção da posse de bola.
Os destaques individuais do Coelho
O herói da classificação contra o Guaraní do Paraguai foi o atacante Wellington Paulista. Ele marcou em duas oportunidades e deu o balão de oxigênio que o América precisava. Outro que se consagrou foi o goleiro Jailson. É o pegador de pênaltis que se tornou o talismã do Coelho. Operou um verdadeiro milagre em Assunção. Além disso, o lateral Patric e o zagueiro Maidana representam um porto seguro no setor de proteção do América Mineiro. No tocante aos atletas da meia cancha, me agrada a presença de Lucas Kal e Índio Ramírez. Enfim, também percebo que Everaldo e Pedrinho sabem apoiar bem lá na frente. A saída de Ademir não deixou tantas lacunas.
O projeto e a gestão do América
Antes de mais nada, a mentalidade mudou. Lembro que uma vez o finado Vadão, então técnico do Criciúma, disse que é preciso mirar as primeiras posições. Quem se limita a brigar para não cair geralmente termina rebaixado. Bem, é o que o América fazia. Subia para a elite, mas era incapaz de se manter. Marcos Salum modificou isso em 2021. No comando da pasta de futebol do Coelho, o dirigente proibiu que se falasse em Sul-Americana dentro do clube. Afinal, a meta ousada da equipe americana era atingir as fases iniciais da Libertadores. Deu certo. A organização fiscal e a cultura de valorização das pratas da casa são os maiores trunfos do América nesse ciclo de fortalecimento.
Foto destaque: Divulgação – Acervo do Coelho