O Atlético Mineiro é realmente o “PSG sul-americano”?

Antes de mais nada, gostaria de mencionar que este texto não é uma crítica – mas sim um alerta. Hoje o Atlético Mineiro é visto como uma referência no futebol sul-americano. Seja pelo seu projeto ousado, pela estrutura ou até mesmo pelos resultados obtidos em campo. O Galo briga em três frentes, armado até os dentes.

No entanto, salta aos olhos o requinte do plantel atleticano. Desse modo, há a possibilidade – ainda que remota – do ser contaminado por uma crise de estrelismo? A linha é tênue entre a bem-sucedida sintonia coletiva e a letalidade das disputas de ego que corroem as bases de um time. O Galo é realmente o “PSG sul-americano”?

A parceria entre os jogadores

Atualmente, o clima no vestiário do Atlético Mineiro é excelente. Afinal, o momento do Galo no ano é excepcional. O grande desafio atleticano é jogar com a corda esticada até o fim dessa cansativa temporada. A recompensa vale o esforço da equipe. Considerando o bom relacionamento entre referências como Hulk e Nacho, pode-se dizer que o time está blindado pelas suas lideranças.

Além disso, o rendimento dos atletas está correspondendo às expectativas da torcida atleticana. Certamente, o time deseja evitar frustrações como a do Brasileirão 2020. Faltou uma vitória para o título e o Atlético Mineiro liderou boa parte do torneio. Enfim, por isso a dedicação máxima.

O rodízio do técnico Cuca

Com o plantel reforçado, fica muito mais fácil rodar o time. Por outro lado, isso até poderia ocasionar um problema de entrosamento. Contudo, a essa altura da temporada é um pouco difícil que aconteça. Cuca tem o Galo na mão e o fato de dar chance a todos pesa a seu favor. Dessa forma, ninguém enferruja e facilita a compreensão da totalidade do padrão de jogo atleticano. A ideia e o conceito permanecem, independente das peças a ser utilizadas.

Em síntese, o Atlético Mineiro preza pelo excedente no seu volume de jogo. Sobrar em campo não é nem uma consequência. Se tornou o modo de alimentar o orgulho do torcedor e dar uma demonstração de força para os adversários.

Os destaques do time atleticano

Inicialmente, é importante destacar a evolução física e técnica de dois jogadores. Isso sem contar a disciplina tática quase assustadora de Savarino e Vargas. Eles cresceram nas últimas partidas do Galo e estão na crista da onda. Nesse sentido, ambos pedem passagem para seguir no time titular. A velocidade de Vargas e a inteligência de jogo do Savarino mobilizam os ânimos dentro das quatro linhas.

O Atlético Mineiro saiu vivo da Argentina após uma exibição impecável do coletivo, no 2º tempo contra o River Plate. Savarino ficou no banco, porém a contribuição de Vargas foi relevante. Ajudou o Galo a fazer o resultado fora no processo de armação das jogadas pelos flancos.

Galo: um “PSG sul-americano”?

A princípio, a comparação é válida se considerarmos que Atlético Mineiro e o Paris Saint-Germain montaram elencos de luxo pensando na corrida continental. Por outro lado, ambos ainda não conquistaram nada na temporada e temem que a sala de troféus permaneça como está. Afinal, o investimento é alto. O dever de superar os tabus e a desconfiança é um ponto em comum nas duas equipes.

Há dez anos, Diego Aguirre – na condição de técnico do Peñarol – falava que o Cruzeiro era o “Barcelona das Américas”. A zicada foi tão forte que a Raposa caiu em casa, logo nas oitavas de final. Só o tempo dirá se o Galo de hoje vai virar uma piada ou entrará para a história. A ver.

Foto destaque: Divulgação / Pedro Souza – Atlético Mineiro

André Filipe

André Filipe

Apaixonado pela dimensão histórica do futebol e pela ciência da bola. Gremista desde a Batalha dos Aflitos para o que der e vier. Sinto na escrita o calor latente das minhas paixões profissionais. Historiador, jornalista esportivo e jogador de pôquer nas horas vagas.