Marcos ou Rogério: quem foi melhor?

Marcos e Rogério Ceni são dois jogadores em extinção, ícones, símbolos de seus clubes e de uma extrema fidelidade aos seus torcedores. Entretanto, a discussão sobre quem foi melhor sempre vai existir, embora o são-paulino tenha uma carreira MAIOR e mais vitoriosa. Vale ressaltar que escolher qualquer um desses dois grandes nomes para o gol de seu time é super válido, como Felipão fez em 2002. Contudo, vamos ao debate.

QUEM FOI MELHOR: MARCOS OU ROGÉRIO CENI?

Tem jogos que são marcantes na história dos goleiros. A primeira imagem que temos ao falar de Rogério Ceni como jogador, além de seus mais de 131 gols, é a incrível defesa na falta cobrada por Gerrard. Talvez ali tenha feito sua maior atuação na carreira ou a de mais destaque no futebol mundial. Por outro lado, a primeira lembrança que temos de Marcos são as partidas contra o maior rival Corinthians, em 1999 e 2000, com defesas espetaculares, defendendo também o pênalti de Marcelinho Carioca.

Talvez as falhas mais emblemáticas na carreira de Ceni tenham sido com a camisa da seleção em 1999, contra o Barcelona. Após a partida o são-paulino não admitiu as duas falhas que eram claras. Outra marcante foi na derrota na final da Libertadores de 2006 contra o Internacional. Porém, as de Marcos são mais memoráveis, como aquela famosa furada contra o Vitória, onde o Palmeiras foi goleado no antigo Palestra Itália. E claro, na final do Mundial contra o Manchester United, onde interferiu diretamente no resultado. Desde então, o sonho da conquista palmeirense até hoje não chegou nem tão perto.

O auge de Marcos foi entre 1999 e 2002, onde conquistou a Libertadores e Copa do Mundo como titular, em ambas com Felipão. Até por isso, pela preferência de Scolari tenha ultrapassado os concorrentes, inclusive Rogério Ceni. Na campanha do penta, fez bons jogos e na final foi muito importante segurando lá atrás dando confiança para o time. Como resultado, meses após a Copa do Mundo, recebeu uma proposta para jogar no milionário Arsenal, mas optou por permanecer no Palmeiras que jogaria, no ano seguinte, a 2ª divisão do Campeonato Brasileiro.

QUEM FOI MELHOR NOS PÊNALTIS?

Hoje, Rogério é reconhecido pela capacidade de marcar gols, liderar e por ter sido tecnicamente um dos melhores da posição. Entretanto, raramente é lembrado como um dos grandes defensores de pênalti do país, ao contrário de Marcos. Os números, no entanto, argumentam a favor de Rogério. Em mais de 20 anos de carreira, o são-paulino soma 19 defesas em decisões por pênaltis, marca que o coloca a frente, pelo menos em números absolutos de Marcos com 14.

Rogério, portanto, tem, ao contrário do que muitos pensam, um currículo respeitável em decisões por penalidades máximas. Com 19 defesas em 90 cobranças, o ‘M1t0′ tem 21% de aproveitamento, seguido bem de perto por Marcos, com 20,8% (14 em 67). Na Libertadores, em números absolutos, ninguém foi melhor que Marcos. O ídolo palmeirense defendeu 10 cobranças em decisões. Na comparação, os números indicam um empate técnico, com ligeira vantagem para o são-paulino. Por outro lado, Marcos foi o protagonista da defesa mais lembrada: o pênalti de Marcelinho, na semifinal da Libertadores do ano 2000, contra o Corinthians. Confira os números:

Defesas de Rogério: Libertadores 7 de 21. Rio-São Paulo 6 de 19. Paulista mata-mata 1 em 10. Paulista fase de classificação – em 2001, havia decisão por pênaltis em cada partida terminada em empate – 1 em 9. Copa Conmebol 3 em 13. Sul-Americana 1 em 13. Torneio Santiago de Compostela 1 em 5.

Defesas de Marcos: Libertadores 10 em 42. Copa do Brasil 3 de 5. Paulista mata-mata 1 em 6. Paulista fase de classificação 0 em 14.

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A IMAGEM DE MARCOS E CENI

Rogério tinha/tem um estilo mais fechado, cobrando muito de todos os jogadores, o que por vezes parecia ser chato, mas era apenas um excesso de profissionalismo. Marcos fazia o mesmo em relação às cobranças. Muitas delas em entrevistas falando sobre os jogadores de sua equipe, mas de uma forma tranquila e até engraçada após inúmeras derrotas.

‘São Marcos’ passou por muitas lesões e isso atrapalhou sua carreira, com isso obteve apenas quatro anos em ótima fase (entre 98 e 2002), depois disso nunca mais repetiu uma temporada em alto nível. Em contrapartida, Rogério seguiu uma trajetória mais consolidada. Afinal, não é nenhum absurdo afirmar que manteve a regularidade por pouco mais de uma década, sendo até eleito o melhor jogador de dois Campeonatos Brasileiros (2006 e 07).

EIS A QUESTÃO: O SANTO OU O M1T0?

O camisa 01 tinha o fator de jogar com os pés, que é muito importante nas saídas de bola. Principalmente no futebol de hoje, seria determinante numa possível carreira pela Europa. No São Paulo, por exemplo, se encaixaria perfeitamente no etilo de Fernando Diniz. Sem contar os 131 gols oficiais na carreira, o maior goleiro artilheiro da história, que dificilmente alguém irá ultrapassa-lo. E, por mais que a função primordial do goleiro seja defender, se há um jogador como esse, capaz de fazer tudo isso, é um ganho enorme.

Marcos e Rogério são para Palmeiras e São Paulo, respectivamente, não apenas as referências maiores como goleiros, são ídolos máximos desses clubes na história recente. E, certamente, ou para a grande maioria, ídolos máximos em todos os tempos da história. Ceni fez 1.255 jogos, mais que o dobro de Marcos, que disputou 561 partidas, e tem uma média menor de gols sofridos do que o palmeirense (1.11 x 1.28), além de ter mais títulos e prêmios individuais.

Porém, tecnicamente falando, Rogério perde para Marcos, que realizou defesas mais difíceis, de bolas impossíveis, de grandes reflexos, com inúmeros ‘milagres’. Até por isso a alcunha de Santo. Sendo assim, afirmo: Ceni foi mais regular em alto nível na carreira, e Marcos foi melhor no auge.

Foto em destaque: Divulgação

Thiago Lopes

Thiago Lopes

Thiago Lopes, 20 anos. Estudante de jornalismo - 6º semestre.