Cafu e Leandro são dois jogadores já aposentados há algum tempo, ícones e símbolos de gerações, nas décadas de 80 e 90. Entretanto, nessa discussão, não entrarei no mérito sobre quem foi maior, ou seja, carreira mais vitoriosa. Logo, o debate é acerca de características táticas e técnicas. Portanto, vamos aos fatos.
Pelo fato de ser um jogador recente, Cafu está mais presente na memória afetiva de quem acompanha o futebol de perto. Em 2002, o até então lateral-direito da Seleção Brasileira ficou marcado na história ao levantar o título de campeão da Copa do Mundo. No entanto, a imagem de Leandro é mais relacionada do torcedor flamenguista, que relembra seus grandes momentos na década de 80, no histórico Flamengo de 1981.
CAFU
Cafu começou a sua carreira em 1988, no São Paulo. Anteriormente, passou por times como o Nacional-SP e o Itaquaquecetuba Atlético Clube. Contudo, por mais que tenha sido uma carreira de sucesso, o atleta passou por nove ”peneiras”, sendo reprovado em todas. Entretanto, em 1994 já era eleito o melhor jogador da América, pelo jornal espanhol El País.
Antes de passar para a lateral, ele surgiu no Tricolor como atacante, vestindo a camisa 11, onde foi campeão do Mundial de Clubes. Na ocasião, Vítor era o lateral são paulino.
Em 1995 foi para o Real Zaragoza, passou pelo Juventude e retorna ao Brasil, mais especificamente ao Palmeiras, em junho de 95. Participou do time de 96, campeão do paulista e histórico, ao marcar 102 gols na competição. Porém, transferiu-se para a Roma no ano seguinte.
Há 26 anos, depois de ser reprovado em quase dez peneiras, Cafu estreou pelo Tricolor. E-book http://t.co/1JXVxnmZY7 pic.twitter.com/bWW32Wk4od
— São Paulo FC (@SaoPauloFC) September 24, 2015
No time da capital, conquistou o campeonato italiano, mas, dois anos depois, transferiu-se para o Milan. Desde a sua chegada, Cafu esbanjou grandes temporadas, conquistando mais uma vez o scudetto e, em 2007, a histórica Champions League. O seu arranque e resistência, diferenciavam-o dos demais laterais da época. Além do seu apoio no ataque e a presença na área, com finalizações. Ao todo, na carreira, Cafu fez 881 jogos e marcou 63 gols. Pela Seleção Brasileira, foram 142 jogos e 5 gols marcados, conquistando duas Copas do Mundo.
LEANDRO
Leandro por sua vez, dedicou toda a sua carreira ao Flamengo, desde a época de arquibancada, até fazer o teste nas categorias de base e permanecendo nela, entre 1976 e 1978. Assumidamente Rubro-Negro, Leandro é considerado por muitos o lateral-direito mais técnico que passou pela seleção, apoiava bastante o ataque, mas que marcava com grande eficiência, sendo deslocado como zagueiro em 1985. A sua técnica refinada esbanjava classe e maestria no campo. Cláudio Coutinho, técnico do glorioso Flamengo de 80 e 81, utilizou Leandro de diversas formas, por vezes como lateral esquerdo, volante e, por fim, lateral-direito.
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Diferentemente de Cafu, que conquistou duas Copas do Mundo, não é só levantando títulos que se entra para a história do futebol. A Seleção Brasileira de 1982 encantou o mundo. Entretanto, na época, comandada por Telê Santana, Leandro fazia parte daquele histórico plantel que levava consigo: Júnior, Sócrates, Zico, Falcão, Cerezo e outros grandes craques.
Contudo, quando trazemos em números, foram 415 jogos e 15 gols. O número de jogos e gols em relação a Cafu são muito menores. Leandro nunca foi um artilheiro nato ou que tivesse o instinto finalizador, mas, a sua técnica refinada, fazia dele um grande construtor de jogadas. No time de 1981 do Flamengo, por vezes, Leandro fazia a função de meio de campo, ao passo que Tita era o seu companheiro de lado de campo e se movimentava muito na intermediária. O camisa 2 flutuava, construindo as jogadas e servindo a Zico e ao próprio Tita. Entretanto, na final da Libertadores de 81 ele substitui Lico na ponta e, no famoso FLA x FLU de 85, ele faz um dos gols na final.
EIS A QUESTÃO: LEANDRO OU CAFU?
Em questão de títulos, é inegável que Cafu tenha sido maior, além do fato de ter jogado em times fortes, como o São Paulo de 92, o Palmeiras de 96 e o próprio Milan de 2007. Leandro no entanto, optou pela lealdade e paixão ao Flamengo. É fato que tenha participado de grandes plantéis, como o Flamengo de 80, 81, 82 e 87. Porém, as lesões atrapalharam o que poderia ter sido uma carreira de um sucesso ainda maior.
Dessa forma, apresentado os fatos, entendo que tecnicamente, Leandro foi um jogador superior. Versátil, habilidoso e técnico. Entretanto, não muda a questão de Cafu ter sido um dos maiores na posição.
Foto: Edição – Matheus Aquino


